Usinas podem antecipar colheita de cana-de-açúcar da safra 2021/22 para aproveitarem alta do etanol
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Entrevista com Guilherme Bellotti - Gerente de consultoria Agro do Itaú BBA sobre o Mercado do Açúcar e Etanol
A valorização do etanol no Brasil pode fazer com que algumas usinas antecipem a colheita da safra 2021/22 de cana-de-açúcar, que começa no mês de abril, para aproveitarem o cenário positivo do biocombustível no país. Além disso, no açúcar, o mercado segue acompanhando as preocupações com um déficit global ante a retomada da demanda.
"Esperávamos um início de colheita até atrasado para compensar a seca durante o ano de 2020 e começo de 2021 no Centro-Sul, mas com os preços elevados do etanol não podemos descartar a hipótese de que teremos algumas usinas iniciando os trabalhos um pouco mais cedo", afirma Guilherme Bellotti, gerente Agro do Itaú BBA.
Os preços do etanol avançaram forte nas últimas semanas, inclusive ficando menos competitivo que a gasolina nas bombas em diversos estados do Brasil, com a demanda aquecida, já que a gasolina também tem registrado altos valores seguindo as oscilações do petróleo no mercado internacional nos últimos tempos e o câmbio.
No mercado do açúcar, máximas de quase quatro anos tem sido renovadas em Nova York. "Estamos atravessando mais um ano de déficit global. Apesar da expectativa de melhora na Índia, tivemos problemas com a safra da Tailândia, União Europeia e Rússia. E isso se soma a uma expectativa de recuperação do consumo", afirma Bellotti.
Além disso, o mercado ainda acompanha nos últimos dias os impactos na logística de exportação da Índia, importante player mundial neste momento, já que ainda levará alguns dias para a safra brasileira começar a ser colhida.
"O mundo precisa do estoque de açúcar que está alocado na Índia, portanto os preços internacionais têm que justificar as exportações indianas... Essas últimas semanas com a dificuldade logística acabam trazendo preocupação com a velocidade do fluxo", diz Bellotti.
O Itaú BBA vê a safra 2021/22 de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil com moagem estimada em 585 milhões de toneladas, cerca de 2 milhões a menos sobre a temporada 2020/21, com mix de 46% para a produção de açúcar.