USDA: soja exagera nas altas ao olhar apenas para produção, mas devolve ganhos ao reconhecer que relatório fez ajustes mas não mexeu no estoque final dos EUA

Publicado em 12/08/2021 17:24 e atualizado em 12/08/2021 18:57
Analista alerta para "cavalinho encilhado" (oportunidade de venda) nas próximas semanas, com soja em Chicago reagindo ao clima nos EUA
Vlamir Brandalizze - Analista de Mercado da Brandalizze Consulting

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Entrevista com Vlamir Brandalizze - Analista de Mercado da Brandalizze Consulting sobre o Fechamento de Mercado da Soja

O mercado da soja, depois da euforia pós relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), fechou o pregão desta quinta-feira (12) com estabilidade na Bolsa de Chicago. Os futuros da oleaginosa chegaram a subir mais de 1% ao longo do dia, refletindo a correção nos números de produção e produtividade da safra 2021/22 dos EUA, mas devolveu parte das altas no final da sessão e terminou o dia apenas com tímidas variações, que levaram o contrato novembro/21, referência para a safra americana, a US$ 13,41, com alta de um ponto. 

Como explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o mercado fez uma leitura mais detalhada dos novos números do USDA e acabou neutralizando a pressão positiva da redução da produção e produtividade para a safra americana diante de uma correção que foi vista também nos itens de demanda. 

Afinal, o boletim mensal de oferta e demanda trouxe uma baixa também nos números de exportação e esmagamento de soja, além de um pequeno corte de um milhão toneladas nas importações chinesas da nova temporada. "O ano comercial está apenas começando e não tinha porque o USDA já cortar suas estimativas de demanda, talvez porque as cotações médias estejam maiores do que as do ano passado", afirma o consultor. 

Agora, os traders acompanham o que vem a frente, principalmente nas próximas duas semanas, em que a safra de soja dos EUA deverá ser efetivamente definida. "Os campos americanos quem irão ditar as regras daqui pra frente", diz Brandalizze. A tendência, segundo ele, é de os preços se equilibrarem entre US$ 13,50 e US$ 13,70 com um quadro ainda positivo de fundamentos. 

Na sequência da definição da safra americana, o mercado começa a dar atenção ao início da nova safra brasileira, estimada pelo departamento americano em 144 milhões de toneladas, com potencial, caso o clima colabore, ao chegar aos 150 milhões de toneladas. E essa informação vai cada vez mais ganhando espaço entre os participantes do mercado, o que poderia, inclusive, exercer alguma pressão sobre as cotações nos próximos meses. 

Nesta quinta-feira, no mercado nacional, as cotações ainda encontraram suporte para patamares elevados, dando boas oportunidades aos produtores, tanto no interior, quanto nos portos. O dólar fechou, nesta quinta, com R$ 5,26 e permitiu ganhos entre os indicativos no mercado físico que passaram de 1%.

No entanto, Brandalizze ressalta a importância do momento para o sojicultor que mais um momento se depara com oportunidades para, ao menos, fazer alguns volumes de vendas, com boas médias, e aproveitar o mercado até que ele possa vir a ceder diante das notícias sobre a nova safra brasileira ganharem mais espaço no radar. 

"Nos encaminhando para uma safra recorde brasileira, os preços podem ter mais pressão pela frente, para os embarques de março a diante, então, esse é o ponto. O balizador vai ser o dólar", acredita. "Temos vivido bons momentos, safra nova hoje deu chance de R$ 163,00 a R$ 165,00 nos portos, contra R$ 80,00 do ano passado", explica Brandalizze. 

Para a soja disponível, as realidades são distintas e o preços vão respondendo aos cenários locais também de oferta e demanda, e nos portos há ainda referências altas também, entre R$ 173,00 e R$ 175,00 por saca. 

"Para quem não precisa de caixa e tem mercado regional, talvez entre outubro e novembro, consiga e R$ 1,00 a até R$ 5,00 a mais do que temos hoje. Mas, em princípio, a tendência é que com a safra americana ganhando fôlego a pressão sobre os portos brasileiros, de demanda, é menor", completa. 

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Por: Aleksander Horta e Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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