"Mercado de commodities agrícolas tende a ficar em patamares historicamente altos pelos próximos 6, 12 meses", diz Cachia

Publicado em 25/06/2021 10:00 e atualizado em 26/06/2021 18:34
Entrevista com Steve Cachia - Consultor da Cerealpar e TradeHelp sobre o Mercado da Soja
Steve Cachia - Consultor da Cerealpar e TradeHelp

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Entrevista com Steve Cachia - Consultor da Cerealpar e TradeHelp sobre o Mercado da Soja

 

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Embora a presença e a influência dos fundos especuladores seja agora bastante forte entre as commodities agrícolas, o mercado passa por um momento crítico também pela intensa atuação dos fundamentos, especialmente entre os grãos. 

"Por mais que os fundos atuem de forma mais técnica, hoje em dia também levam em conta fatores fundamentais. Recentemente tivemos uma alta volatilidade nas agrícolas, com direção pra cima, lucros expressivos, e obviamente chegou um momento em que eles colocaram uns 'stops' para garantir lucros e não ter perdas maiores, como aconteceu na semana passada. E foi isso que fez o mercado cair mais do que deveria", explicou o consultor de mercado Steve Cachia, da Cerealpar e da TradeHelp, direto de Malta ao Notícias Agrícolas. 

A tendência é de que essa movimentação continue, com os fundos inclusive podendo voltar novamente aos grãos em busca de boas oportunidades. Afinal, apesar de algumas chuvas benéficas, "ainda há muitas áreas nos EUA correndo o risco de não ter uma produtividade cheia como se espera", ao lado de expectativas grandes em torno do que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) vai divulgar sobre a área efetivamente plantada no país nesta safra 2021/22. 

Estes são números que podem mudar todo o papel norte-americano no contexto global de oferta e demanda e ainda não há um consenso sobre eles. Os dados chegam no dia 30 de junho. "E quando não há um consenso a primeira postura dos fundos é se defender e, na sequêncua, conhecend os números, voltar ao mercado", afirma Cachia. 

Concluída a safra americana - que o consultor lembra que, mesmo cheia e se desenvolvendo sobre boas condições de clima ainda mantém os estoques de soja e milho apertados nos EUA - o mercado começa a redesenhar o quadro global de oferta e demanda e a precificar novas realidades. 

Por enquanto, algumas definições são esperadas. "Parece um jogo de xadrez entre compradores e vendedores o mercado, onde primeiro teremos que ter essa definição sobre a área americana. Existe um certo consenso de que a área será maior, mas a situação climática não está definida", diz. E diante da novidades que forem - ou não - se confirmando, o mercado vai redefinindo suas posições. 

Ao lado das questões fundamentais, os fundos investidores e especuladores também seguem monitorando a recuperação econômica global e como essa retomada irá influenciar no consumo. 

"Tudo isso vai criar uma nova demanda, já está criando com hoteis abertos, restaurantes abertos (onde ja é possível acontecer), isso sem mencionar a China. Então, estão olhando que a demanda realmente vai continuar forte e justifica preços historicamente altos em comparação com o que vimos na última década e também volatilidade (...) A tendência para os próximos seis, 12 meses é de que o mercado de commodities agrícolas vai continuar em patamares altos e essa volatilidade dá oportunidade aos fundos especuladores de ganhar lucro, sem contar o risco climático", afirma Cachia.

O executivo lembra ainda que é comum no comportamento dos fundos se manterem mais afastados e "tendem a voltar" no início do mês. 

"Quando falamos de produto para alimentação, o fator demanda é mais importante e o mercado acaba se sobressaindo de qualquer problema ou incerteza econômica que haja no mundo. A pandemia foi um exemplo disso, a crise de 2008, a Primavera Árabe. Com tudo que possa acontecer no mundo de ruim, a população precisa se alimentar (...) Então, nesse aspecto, em que o mercado mundial está passando de alguns anos de super oferta e, indiretamente de alimentos, para  a possibilidade de (anos de) ajuste, menos abundância, a preocupação de muito países, principalmente aqueles em desenvolvimento, é de garantir o produto para alimentação animal e humana, independente do que acontece na esfera macroeconômica. O mercado agro, às vezes, difere de outras indústrias que temos no mercado internacional", conclui. 

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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