Fundos tradicionais devem realizar lucros e pressionar soja em Chicago,mas queda pode ser estancada com dinheiro novo no mercado
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Entrevista com Aaron Edwards - Consultor de Mercado da Roach Ag Marketing sobre o Fechamento de Mercado da Soja
Os números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) vieram mornos para a soja nesta quinta-feira (10) e os futuros da commodity negociados na Bolsa de Chicago fecharam com leves baixas entre as posições mais negociadas. Assim, as perdas foram de 4 a 5,75 pontos, levando o janeiro a US$ 11,52 e o março a US$ 11,58 por bushel.
"O nível de preços que estamos negociando, do ponto de vista fundamentalista, não mudou e tem espaço para ganhos maiores", explica Aaron Edwards, consultor de mercado da Roach Ag Marketing. Todavia, ele explica ainda que a possibilidade de liquidação dos fundos - que estão com uma posição comprada enorme na soja - poderia vir a pressionar o mercado. "Eu diria que esse hoje é o fator baixista de mais peso", completa.
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou seu novo boletim mensal de oferta e demanda e confirmou as expectativas do mercado ao reduzir os estoques finais norte-americanos de soja. O número veio em 4,76 milhões de toneladas, frente aos 5,2 milhões de novembro. As expectativas variavam entre 3,08 e 5,17 milhões de toneladas, com média de 4,49 milhões.
A produção mundial de soja também foi revisada para baixo e passou de 362,64 para 362,05 milhões de toneladas, com os estoques finais caindo de 86,52 para 85,64 milhões de toneladas.
No quadro da América do Sul, a safra do Brasil foi mantida em 133 milhões de toneladas, enquanto a da Argentina foi estimada em 50 milhões, contra as 51 milhões do boletim de novembro.
As importações de soja da China ainda são esperadas em 100 milhões de toneladas.
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Assim, passada a divulgação do novo boletim - que é o último do ano - o mercado vai seguir monitorando os fundamentos e, principalmente, a movimentação dos fundos de investimento, que contabilizam, inclusive, a presença de um "dinheiro novo", que vem de frentes que não são tradicionais compradores do grão. E por isso precisam ser acompanhados de perto.
"A entrada, até agora, tem sido um pouco tímida, mas se esse quadro de inflação se consolidar aqui nos EUA e essa incerteza econômica que vem junto com isso, commodities e commodities agrícolas são um bem que são bom investimento neste cenário", explica Edwards.
No paralelo, o mercado também está focado no comportamento de venda tanto dos produtores norte-americanos, quanto brasileiros, bem como dos prêmios para a soja do Brasil com a safra se aproximando do mercado, e no dólar frente ao real, que pode continuar se desvalorizando e pesando em uma das pontas formadoras do valor da oleaginosa nacional.