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Entrevista com Aaron Edwards - Consultor de Mercado da Roach Ag Marketing sobre o Fechamento de Mercado da Soja
Safra de soja do Brasil deve crescer quase 6% diante de rentabilidade jamais vista
SÃO PAULO (Reuters) - A safra de soja do Brasil 2020/21 foi estimada nesta sexta-feira em recorde de 131,7 milhões de toneladas, o que seria um crescimento de quase 6% ante o número da temporada anterior revisado para cima pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no mês passado, de acordo com pesquisa da Reuters.
A sondagem, realizada com 12 analistas e instituições, apontou ainda aumento de 1 milhão de toneladas na projeção média quando comparada ao levantamento anterior da Reuters, divulgado em 30 de julho.
A projeção média de área plantada, de 38,11 milhões de hectares, teve pouca alteração. Na pesquisa anterior, contudo, o número de participantes era menor, uma vez que o momento de plantio estava mais distante.
A área plantada histórica e o otimismo com a safra acontecem em uma temporada em que o setor registra recordes antes do plantio, como no caso do ritmo de vendas antecipadas e rentabilidade esperada.
"Isso se explica pelo forte volume de vendas antecipadas, o maior da história, e pela alta rentabilidade, a maior da história", disse o analista da IHS Markit Aedson Pereira, que tem as maiores projeções entre as consultorias pesquisadas.
Ele afirmou que a soja está com maior rentabilidade, considerando concorrentes como milho e algodão, além de estar entrando em áreas de cana, com a rotação de cultura, especialmente em São Paulo, Goiás e Minas Gerais.
"Além da rentabilidade em cima do arrendamento. Hoje, soja e milho pagam qualquer arrendamento... Juros baixos, maior oferta de crédito, entre outros fatores... Baita momento para soja no Brasil", afirmou ele.
Pereira citou que em Sorriso, grande produtor de soja de Mato Grosso, com um custo de 54 sacas por hectare, produtividade de 61 sacas por hectares e um preço futuro a 100 reais por saca, a margem obtida é de 46,7%. "Tudo vai depender do clima, pois pelo preço as coisas estão ótimas."
Na véspera, a consultoria Céleres afirmou à Reuters que aumentou a previsão de safra, para 131,4 milhões de toneladas, citando que "a elevada competitividade da soja limitará a expansão de área com milho no verão".
VENDAS ANTECIPADAS
A soja é o principal produto de exportação do Brasil, líder global no mercado da oleaginosa.
Sobre o recorde de vendas antecipadas, a consultoria Safras & Mercado divulgou nesta sexta-feira uma atualização que coloca a produção vendida em 65 milhões de toneladas, ou quase 50% do total estimado.
O volume comercializado antecipadamente é superior à safra do terceiro maior produtor global, a Argentina, que deve colher 53,5 milhões de toneladas, segundo avaliação do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).[WASDE22]
"Vemos um movimento de vendas aceleradas desde março, quando começou a subida do dólar mais forte, atrelada à pandemia", disse o analista da Safras Luiz Fernando Roque em transmissão ao vivo realizada pela consultoria.
A partir de agora, com quase metade da safra 2020/21 comprometida e 98% da produção colhida em 2019/20 também já comercializada, a tendência é que as cotações da oleaginosa se mantenham sustentadas até a colheita, devido à restrição na oferta, disse Roque.
"Acho difícil o preço vir abaixo de 100 reais por saca, mesmo com o câmbio caminhando para um ajuste ao redor de 5 reais. Teremos uma remuneração menor no ano que vem, mas ainda muito interessante", afirmou o analista.
Com isso, produtores do Rio Grande do Sul, por exemplo, que sofreram com estiagem na temporada passada e venderam cerca de 35% da safra 2020/21 com antecedência, são alguns dos únicos que devem continuar com o movimento de vendas mais ativo, uma vez que os demais Estados podem desacelerar a comercialização, enquanto plantam e acompanham o desempenho das lavouras.
Roque ainda disse que, inicialmente, a perspectiva climática é positiva para o início dos trabalhos de semeadura no Brasil, com atenção aos sinais de La Niña que podem se consolidar.
Safras eleva previsão de colheita de soja 2020/21; aponta vendas em quase 50%
SÃO PAULO (Reuters) - A produção de soja 2020/2021 do Brasil deve alcançar 132,17 milhões de toneladas, apontou nesta sexta-feira a consultoria Safras & Mercado, que elevou ligeiramente sua projeção ante o número divulgado em julho, de 131,7 milhões de toneladas.
Caso a projeção para a safra que será plantada a partir deste mês se confirme, o país colherá 5,5% a mais ante o recorde da temporada anterior.
A estimativa de uma nova safra histórica se baseia em um crescimento no plantio de 1,8%, para 37,94 milhões de hectares (ante 37,8 milhões na projeção anterior) e em vendas antecipadas que já atingem quase 50% na média Brasil, maior produtor e exportador da oleaginosa.
"Para 2020/21, a estimativa subiu um pouco por um ajuste fino na expectativa de área nos Estados do Mato Grosso e de Roraima", disse o analista Luiz Fernando Roque, em nota.
Os negócios antecipados para 2020/21 avançaram de 43,3% no início de agosto para 49,3%, disse a consultoria em nota.
Com a próxima safra projetada em 132,17 milhões de toneladas, o total já comprometido por parte dos produtores chega a cerca de 65 milhões de toneladas, antes mesmo do início do plantio.
O volume vendido antecipadamente, a título de comparação, é superior à safra da Argentina (terceiro produtor global) na última temporada, com agricultores aproveitando o dólar forte frente ao real, que ajuda na remuneração e deixa o produto nacional mais barato para importadores.
"Os produtores ainda estão aproveitando os bons preços para a safra nova. Apesar disso, devido ao grande volume já comprometido, daqui para frente o ritmo tende a diminuir nos Estados com mais de 50% de vendas, com os produtores focando no plantio e de olho no clima", destacou Roque.
OFERTA E DEMANDA
Com a maior parte dos embarques de soja já realizados nos últimos meses, Roque acrescentou, em transmissão ao vivo promovida pela consultoria nesta sexta-feira, que o Brasil poderá exportar mais 3 milhões de toneladas da oleaginosa até o fim do ano.
"A gente não tem mais soja para vender pra China...não tem mais do que isso. E daqui pra frente o que vai impedir que o preço caia até a entrada da colheita é a falta de oferta", afirmou.
Ele antecipou que a consultoria fará um reajuste em sua projeção para as exportações do grão em 2020, dos atuais 81 milhões de toneladas para um número pouco superior a 82 milhões.
Quanto à demanda interna, segue a perspectiva de importação de 1 milhão de toneladas neste ano para atender o consumo da indústria processadora.
"Devemos importar 1 milhão de toneladas e também tem a questão do 'wash out' (recompra de contratos por tradings) para complementar a oferta da indústria, que são negócios pontuais, mas ainda podem aumentar", ressaltou Roque.
Em meados de julho, quando grande parte da safra nacional de soja já havia sido embarcada, o analista sinalizou a ascensão deste movimento de wash out entre as tradings, visto que a demanda interna por farelo e óleo de soja está aquecida.
Há também uma proposta do Ministério da Agricultura de isentar temporariamente de tarifas as importações de soja, milho e arroz-- a oleaginosa e tem taxa de 8% para países de fora do Mercosul-- incluindo-as na chamada Lista de Exceção à Tarifa Externa Comum (Letec).
"Se sair a (isenção da) TEC para a soja de fora do Mercosul, pode fechar a conta trazer dos EUA ou (caso contrário), dependendo do volume de negócios, podem trazer da Argentina, mas realmente o quadro é bem complicado para a indústria", avaliou Roque.