Movimento de alta para soja em Chicago dá sinais de desgaste e precisa de novidades para buscar os US$10 por bushel
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Entrevista com Vlamir Brandalizze - Analista de Mercado da Brandalizze Consulting sobre o Fechamento de Mercado da Soja
Depois de testarem os dois lados da tabela, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago terminaram o pregão desta quinta-feira (3) em alta mais uma vez, acumulando a nona alta seguida. Os futuros da oleaginosa encerraram a sessão subindo entre 2,75 e 4 pontos nos contratos mais negociados, levando o novembro a US$ 9,66 e o março/21 a US$ 9,72 por bushel.
As cotações continuam bastante motivadas pelas notícias de demanda, porém, já não exibem tanta força para continuar com o mesmo vigor e, como explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, precisa de novidades para levar as cotações a retomarem o patamar dos US$ 10,00 por bushel.
Nesta quinta, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou uma nova venda de 450 mil toneladas de soja para a China e destinos não revelados e, em seu reporte semanal de vendas para exportação, novos números da safra nova que vieram fortes, mas dentro das expectativas do mercado.
As vendas semanais americanas totalizaram 1,762,800 milhão de toneladas, sendo mais de 1 milhão de toneladas com destino China. As projeções do mercado variavam entre 1 e 1,8 milhão de toneladas. Os Estados Unidos venderam ainda 88,1 mil toneladas de soja da safra 2019/20, enquanto o mercado esperava algo entre 0 e 100 mil toneladas. E neste caso a China também foi a maior compradora do produto norte-americano.
Além disso, o mercado também continua monitorando o clima e o tamanho das perdas reais que a nova safra americana pode vir a registrar, o que aumenta as especulações e ansiedade à espera do novo boletim mensal de oferta e demanda que o USDA traz no dia 11. No entanto, ainda como explica Brandalizze, o mercado já vem precificando essas perdas.
"Para trazer fôlego ao mercado a safra americana tem que vir abaixo dos 117 milhões de toneladas, o que deixaria o mercado ajustado e ajustar as importações chinesas para algo entre 100 e 101 milhões de toneladas", diz o consultor.
MERCADO BRASILEIRO
No Brasil, os produtores estão mais focados no início do plantio do que na comercialização, uma vez que as vendas antecipadas já estão bastante evoluídas. "É preciso muita atenção para o produtor que ainda tem algo pra comercializar da safra velha ou que queira fechar alguma posição da safra nova antes do plantio", diz Brandalizze.
E é importante que o produtor esteja atento ao momento, uma vez que caso caminhem bem o plantio no Brasil e a colheita nos EUA, juntos os dois fatores podem pressionar as cotações. E caso isso ainda coincida com o dólar em queda, os preços podem passar por mais ajustes.
"Aqui, por enquanto, o dólar perdeu um pouco de força e se o governo conseguir emplacar as reformas e medidas que estão indo para o Congresso, o mercado pode ficar mais otimista e podemos ter mais uma pressão de baixa", acredita o consultor.