China compra quase 500 mil/t de soja dos EUA em dois dias e reacende esperança de volta da demanda
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Entrevista com Camilo Motter - Granoeste Corretora de Cereais sobre o Fechamento de Mercado da Soja
A demanda melhor pela soja dos EUA por parte da China deu novo dia de suporte aos preços da soja na Bolsa de Chicago nesta quinta-feira (22). Os futuros da oleaginosa, que chegaram a subir até mais de 11 pontos ao longo do dia, encerraram o pregão com pequenas altas de pouco mais de 4 pontos nos principais vencimentos, com o maio valendo US$ 8,39, o julho US$ 8,46 e o agosto, US$ 8,47 por bushel.
Como explicou o analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais, os ganhos foram motivados não só pela demanda melhor da China nos EUA, mas também pela atuação dos fundos especuladores de volta à ponta compradora do mercado, depois de baixas consecutivas, o mercado testando mínimas e atraindo os compradores.
"Esses dois fatores deram consistência às altas da soja na Bolsa de Chicago", explicou Motter. O analista explica ainda que enquanto o Brasil continuar competitivo, haverá ainda uma busca da China pela soja nacional.
"A tendência é de que os estoques brasileiros fiquem minguadas e podemos até mesmo ter algum problema de abastecimento na entressafra. E essa preocupação com uma possível falta de soja na América do Sul e mais a soja barata em dólares chamou a atenção da China", complementa o analista da Granoeste.
As compras chinesas de soja também passam pelo momento de recomposição dos planteis de suínos da China, que sofreram muito severamente com os efeitos da Peste Suína Africana.
Por outro lado, Motter lembra ainda que o setor de biocombustíveis demandando menos da soja podem reduzir ligeiramente o consumo interno, mas ainda assim sendo compensada pela intensidade da China. "São dúvidas que temos pela frente e que serão respondidas no decorrer", diz.
Nesta quinta-feira, com as altas na Bolsa de Chicago sendo aliadas ao forte avanço do dólar frente ao real - que fechou com R$ 5,52 e ganho de 2,19% - levou as cotações no porto de Paranaguá a testarem preços na casa dos R$ 104,00 por saca nas posições mais curtas até R$ 110,00 ao observar as referências de R$ 110,00.
"Alguns negócios rodaram, mas a oferta já é menor no geral. Alguns que ainda detém produto aguardam mais para frente", explica o analista da Granoeste.