Soja em Chicago sobe de olho na volta da demanda chinesa para os EUA e na oferta menor que a projetada no Brasil
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Fechamento de Mercado da Soja - Entrevista com Vlamir Brandalizze - Analista de Mercado da Brandalizze Consulting
Os preços da soja subiram mais uma vez de forma consistente no mercado internacional e encerrou os negócios no pregão desta sexta-feira (20) com altas de quase 20 pontos nos principais contratos, levando o maio a US$ 8,62, o julho a US$ 8,64 e o agosto a US$ 8,65 por bushel. "E o mercado vai buscar retomar os US$ 9,00", diz o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. E mais uma vez nesta semana, a demanda esteve no foco dos negócios e no comportamento das cotações.
Como explica Brandalizze, a China segue muito agressiva nas compras e começa a voltar-se agora também para o mercado norte-americano. Nesta sexta, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) relatou vendas de 110 mil toneladas de soja vendidas para destinos não revelados e ontem, a Reuters afirmou que a nação asiática comprou ainda outros dois cargos de soja norte-americana.
"É uma nova fase da demanda, e a população vai consumir mais produtos processados e seguros. E assim como na China, isso vai acontecer em toda a China. O mundo está mudando e isso é muito bom para o Brasil, que é produtor de alimentos", diz o consultor.
O especialista cita ainda os estoques chineses, que marcam seus menores números desde 2013 - volume que já é considerado de risco - como outro fator de que a demanda do país deverá seguir muito aquecida, com a necessidade de compra nos próximos meses, de forma a garantir seu abastecimento, inclusive neste período pós crise onde o consumo deverá aumentar em todos os setores além soja, como o de produção de carnes, ovos, leite e derivados. "Eles vão comprar tudo o que conseguirem", diz.
Na oferta, Brandalizze explica que o mercado começa a dar mais atenção as perdas registradas no Sul do Brasil, que deverão levar a oferta a algo na casa das 120 milhões de toneladas ou algo ligeiramente abaixo disso, bem como nas perdas de produtividade que são observadas também na Argentina, onde a oferta também fica mais limitada pelas retenciones mais altas, de 33%.
"O mercado está olhando para tudo isso e está se ajustando", afirma o consultor da Brandalizze Consulting. E diante do atual cenário, o executivo acredita que em algumas semanas já será possível ver a China comprar mais soja nos EUA, com embarques programados para meio do ano em diante.
Ainda assim, reforça que o Brasil permanece na liderança das exportações diante de uma melhor qualidade da soja nacional, com maior teor de proteína. E assim, além de um apoio determinante que vem do câmbio, as cotações alcançaram recordes durante essa semana nos portos do Brasil marcando os R$ 102,00 por saca.
O país conta ainda com suporte para as cotações vinda ainda de um consumo interno muito aquecido, além de ter cerca de 70% de sua safra já comprometida com a comercialização.
Brandalizze diz ainda que o espaço para que os preços subam em reais fica mais limitado a partir deste momento, de modo que o dólar já alcançou, nos últimos dias, valores na casa dos R$ 5,20 e agora pode passar por um ajuste. Por outro lado, o consultor afirma que, em dólares, há potencial a partir de agora para que os preços subam de forma um pouco mais consistente.