Fungo da ferrugem na soja de fevereiro pode ser mutante, ter grau de resistência elevado e inviabilizar controle
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Entrevista com Maurício Meyer e Claudine Seixas - Pesquisadores da Embrapa Soja sobre o Ferrugem Asiática
Frente às declarações da Aprosoja Mato Grosso, que propõe a calendarização do plantio da soja, três pesquisadores da Embrapa Soja, Rafael Soares, Maurício Meyer e Claudine Seixas, conversaram com o Notícias Agrícolas nesta terça-feira (18) para ajudar a entender o porquê de essa atitude ser prejudicial.
A Aprosoja do estado propõe que haja um plantio entre 1 a 15 de fevereiro para a produção de sementes. Contudo, Seixas ressalta que essa medida vai de encontro ao principal objetivo da calendarização, que é reduzir o uso de fungicidas.
Essa soja, como destaca Meyer, também seria plantada em um momento no qual ainda existe soja no campo, o que poderia dar continuidade à ponte verde. Desta forma, a população de ferrugem poderia ir se modificando nessas lavouras, levando a uma seleção cada vez maior do grupo de fungicidas.
A soja de fevereiro, ainda por cima. também estaria sujeita ao ataque de fungos que já ganharam resistência anteriormente.
A entidade que sugere a flexibilização da calendarização alega que os institutos de pesquisa não realizaram testes a respeito do prolongamento do plantio. Entretanto, os pesquisadores da Embrapa lembram que esse calendário foi definido com base nos resultados de uma rede de pesquisadores em 10 estados produtores. "Não é preciso uma pesquisa específica para destacar algo que já é de conhecimento", aponta Seixas.
A normativa vigente também diz que não é possível realizar o trabalho em fevereiro, de forma que o instituto de pesquisa não pode trabalhar em cima disso.
Países como o Paraguai e a Bolívia, que fazem fronteira com o Brasil, utilizam o calendário diferenciado proposto pela Aprosoja Mato Grosso. Contudo, reuniões vêm sendo feitas para que essa situação seja modificada e que haja um acordo diplomático.
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