Soja: Excesso de chuvas no Oeste da Bahia paralisa plantio, mas expectativa é encerrar a semeadura dentro da janela ideal
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Entrevista com Armando Ayres de Araujo - Engenheiro Agrônomo sobre o Acompanhamento de Safra da Soja
As recentes chuvas observadas no Oeste da Bahia paralisaram a semeadura da soja, da safra 2018/19. Nos primeiros dias de novembro, o volume acumulado chegou a 250 mm na localidade. Aos poucos os trabalhos nos campos estão sendo retomados e, apesar do problema pontual, o cenário é bem diferente do registrado no ano anterior, quando as precipitações atrasaram.
"Desde a última sexta-feira (9), o tempo melhorou e os plantios começaram a deslanchar. Pela época em que estamos, essa situação causa tensão no produtor, mas ainda estamos dentro de uma ótima janela de plantio", afirma o engenheiro agrônomo que atua na região, Armando Ayres de Araújo.
Os produtores da região têm até o dia 25 de novembro para finalizarem o cultivo da oleaginosa. Até o momento, 80% do cultivo já está finalizado no extremo norte do Oeste da Bahia. No centro-oeste, a semeadura chega a 60% e no sudoeste, em torno de 35% a 40% da área esperada para essa temporada.
E, por enquanto, as previsões climáticas ainda indicam chuvas para a região ao longo do mês, mas em menor volume. Quadro que se confirmado não deverá afetar a finalização do plantio, ainda na visão do especialista. "Mas a semeadura com excesso de umidade pode apresentar risco de compactação na superfície, o que prejudica a emergência de plantas e pode resultar em estande abaixo do desejado", completa o engenheiro agrônomo.
Comercialização
Assim como no restante do Brasil, as negociações antecipadas com a soja permanecem lentas na região. Atualmente, os contratos futuros giram em torno de R$ 65,00 a R$ 67,00 a saca da soja, porém, os produtores buscam valores acima de R$ 70,00 a saca para cobrirem os custos de produção, que estão mais altos nesta safra devido à recente valorização cambial.
"Especialmente com os fertilizantes, adquiridos com o dólar mais alto. Temos uma elevação entre 5% a 10% nos custos. Já a comercialização futura está próxima de 15% na soja. A grande preocupação é que esse cenário incerto afete o planejamento da próxima safra de soja na nossa região", pondera Araújo.
Milho
No caso do cereal, os trabalhos nos campos já se aproximam da reta final, com mais de 90% da área cultivada. Nesta temporada, houve uma retração na área semeada, de 140 mil para 130 mil hectares e as chuvas não têm comprometido o desenvolvimento inicial da cultura até esse momento.
Em relação à comercialização, os preços de referência estão próximos de R$ 35,00 a saca, acima do pedido pelos compradores entre R$ 33,00 a R$ 33,50 a saca. "Os vendedores esperavam uma valorização maior nos preços em função da quebra observada nas safras de Sergipe, Alagoas e no leste da Bahia, mas isso ainda não aconteceu", pondera o engenheiro agrônomo.