Produtores mundiais de soja estão na China para aumentar demanda e diminuir a crise

Publicado em 27/03/2017 11:15
Aliança Internacional dos Produtores de Soja (ISGA) - representando 90% da produção global - está na China tratando da liberação de novas variedades transgênicas, demanda e o caminho para a soja convencional importada. Em 2020, chineses podem importar até 100 milhões de toneladas. Na sequência, comitiva segue para a Índia, outro mercado com elevado potencial comprador.
Endrigo Dalcin - Presidente Aprosoja/MT
O presidente da Aprosoja-MT, Endrigo Dalcin, está junto a outros produtores mundiais de soja participando de reuniões e encontros na China, como forma de estreitar relações e buscar uma ampliação do mercado com o país asiático. A missão também envolve representantes dos Estados Unidos, Canadá, Argentina, Paraguai e Uruguai, que se reúnem duas vezes por ano para discutir demanda, tecnologia e outros assuntos pertinenses à qualidade e ao comércio internacional.
 

De acordo com Dalcin, as reuniões vêm sendo bastante proveitosas. A delegação teve a oportunidade de participar de uma aula de mestrado em Comércio Exterior na Universidade de Agricultura da China para mostrar dados da produção brasileira e matogrossense de soja, além de reuniões para pedir serenidade em aprovações no que diz respeito às novas biotecnologias, as quais o país ainda demonstra certa resistência em aprovar rapidamente. Na terça-feira (28), haverá ainda uma reunião com o Ministro da Agricultura da China sobre este assunto, que é freado por discussões internas do país sobre o consumo direto de transgênicos.

Com isso, os representantes brasileiros fazem um trabalho no sentido de mostrar que essa produção é segura e que seu consumo, consequentemente, também. No momento, o Brasil não pode misturar em seus embarques um tipo de soja que não esteja liberada na China, pois pode haver o argumento de os importadores devolverem a carga.

Nas três reuniões realizadas em compradores como a Sinograin, a Cofco e no Grupo de Política Agrícola da China, todos foram unânimes em dizer que a demanda é crescente e que, até 2020, a China deve comprar até 100 milhões de toneladas anuais de soja. No ano passado, foram 83 milhões de toneladas compradas e, neste ano, o número deve passar para 88 milhões de toneladas.

A situação em relação à carne brasileira não esteve presente nas reuniões. Mas a qualidade ainda é uma grande dúvida dos chineses, que têm notado que o teor de proteína tem caído nos principais países - sobretudo, Estados Unidos e Canadá. Para o Brasil, a reclamação se deu quanto ao teor de umidade presente na soja, que é permitido pela legislação brasileira.

O presidente também aproveita para lembrar do programa Soja Livre, da Aprosoja-MT, que visa fomentar, divulgar e incentivar produtores a continuarem no cultivo da soja convencional, focado em manter 15% de soja convencional no estado do Mato Grosso. Toda a produção interna chinesa é de soja convencional, mas a média de produtividade é de apenas 30 sacas por hectare. Logo, se a China não conseguir atender sua demanda, poderá vir a buscar essa soja de outros produtores.

Em seguida, a missão irá partir para a Índia. Com uma grande população, o país está em constante crescimento e, consequentemente, sua demanda por alimentos também.

Mercado

Em questão de preços, Dalcin diz que a demanda está aquecida, logo, os produtores devem torcer por uma questão climática para tirar a pressão. Os Estados Unidos entrarão com o forte do plantio em maio e isso deve ser acompanhado, já que as oscilações serão importantes para criar momentos de venda. Ainda falta 39% da soja a ser vendida no estado.

O melhor momento para a comercialização, segundo o presidente, já passou. Os preços líquidos estão em torno de R$53,50, o que gera uma receita menor do que no ano passado. Assim, uma boa safra é ofuscada pela queda brusca dos preços.

Por: Carla Mendes e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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