Soja: Brasil e EUA disputam mercado e atenções se voltam aos prêmios; exporta quem é mais barato
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Nesta quarta-feira (22), o mercado da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) teve mais um dia de estabilidade, com movimentações tímidas e pequenas baixas de um pouco mais de um ponto.
De acordo com o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest, Chicago está travado diante de uma situação que ainda se define. As estimativas dão conta de que haverá um excedente de soja na América do Sul, cuja safra deverá ser de 177 até 180 milhões de toneladas, de 12 a 15 milhões de toneladas a mais do que no ano passado. Por outro lado, a soja americana também entra para exportação com prêmios competitivos.
A previsão de exportações americanas feita pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) está perto de bater sua meta de 55,1 milhões de toneladas. Daqui para a frente, há ainda uma expectativa de os Estados Unidos "roubarem" um mês ou meio mês de exportação da América do Sul, com 3 a 4 milhões de toneladas a mais do que o previsto.
A demanda chinesa, que vinha forte até o mês de janeiro, sofreu uma queda em decorrência aos casos de gripe aviária, que diminuiram em 15% a demanda nacional por rações. No entanto, Vanin acredita que, como a China não irá contar com outros substitutos, como o DDG de milho dos americanos, a demanda pela soja deverá voltar ao mercado em breve.
Se o Brasil for mais competitivo do que os Estados Unidos daqui para a frente, o patamar de US$10/bushel pode não se sustentar. Se os produtores venderem pouco, haverá um encarecimento da soja brasileira e a soja americana poderá ganhar terreno, mantendo Chicago fortalecido.
Neste momento, o produtor brasileiro se retrai e mantém suas compras travadas. Para Vanin, os momentos de pequenas oportunidades, principalmente as geradas por rally de câmbio, devem ser aproveitados. Uma gestão financeira "mais eficiente possível" também será necessária caso o produtor queira apostar em um risco climático nos Estados Unidos influenciando a CBOT.