Soja encerra com queda de 3% nas cotações da semana em Chicago. Relatório do USDA e oferta na América do Sul justificam recuo

Publicado em 10/03/2017 17:03
Atuais patamares de preços em reais já não remuneram sojicultor em algumas regiões do Centro-Oeste
Confira a entrevista de Marcos Araújo - Analista da Lansing Trade Group

Nesta sexta-feira (10), o mercado da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) teve mais um dia negativo, no entanto, com quedas menos intensas, de 3 a 4 pontos nos principais vencimentos. O vencimento mais importante para o mercado no momento, maio/17, atua próximo dos US$10/bushel.

O analista de mercado Marcos Araújo, da Lansing Trade Group, lembra que ontem foi dia de "agenda cheia" para o mercado agrícola, com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimando a produção de soja brasileira em 107 milhões de toneladas e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) também aumentando a sua estimativa, agora em 108 milhões de toneladas.

Também havia uma expectativa no mercado de que o USDA iria trazer uma redução dos estoques finais - porém, ocorreu o contrário. Os estoques finais aumentaram 400 mil toneladas, para 11,8 milhões de toneladas. A safra norte-americana já está 93% vendida, o que motivava a expectativa por parte do mercado. Também foi baixista a queda do dólar norte-americano, que voltou ao movimento de baixa após a divulgação de dados positivos de emprego no país.

Araújo acredita que o patamar de US$10/bushel é um "importante ponto de suporte no mercado". A entrada da safra da América do Sul deixa um momento de pressão, mas com os produtores honrando compromissos já firmados, ele aposta que a CBOT já está próxima de um "fundo do poço".

Mais à frente, o mercado deverá estar voltado para o plantio nos Estados Unidos. As expectativas são de um aumento significativo de área, que deve ser de 35,5 milhões de hectares, mas uma média de produtividade conservadora, de 53 sacas por hectare. O analista acredita que o potencial para a safra é de, entretanto, 125 milhões de toneladas, mas que "muitas coisas ainda irão acontecer" até esse número se concretizar.

Antes do resultado final da safra norte-americana, o mercado deverá apresentar uma volatilidade referente aos prêmios climáticos. Até o momento, há uma possibilidade de desenvolvimento do El Niño, mas o fenômeno deve ocorrer no outono do Hemisfério Norte, o que não seria tão prejudicial para a safra.

No Brasil, a soja enfrenta problemas de competitividade frente ao mercado externo. Com prêmios acima de US$1,25 em exportações para a China, os preços FOB na Argentina se tornam mais competitivos do que no Brasil. Logo, se a Argentina confirmar sua produção prevista em torno das 55 milhões de toneladas, a soja brasileira pode perder espaço. Em contrapartida, o analista considera que o momento atual não é favorável para as vendas, com os preços em Chicago em baixa e o dólar a R$3,14.

Por: Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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