PR e MS já têm fungos resistentes às carboxamidas. Produtores devem intensificar novas práticas de manejo

Publicado em 10/03/2017 16:07
Pesquisadores ainda desconhecem o poder de propagação dos fungos resistentes às carboxamidas
Confira a entrevista de Rafael Moreira Soares - Pesquisador da Embrapa

Nesta quarta-feira (8), o FRAC Brasil divulgou que as carboxamidas, utilizadas no controle da ferrugem asiática da soja, já estavam se mostrando pouco eficientes e que os fungos já haviam apresentado resistência em algumas áreas analisadas.

Rafael Moreira, pesquisador da Embrapa, aponta que a notícia "de fato, é bastante preocupante para toda a cadeia produtiva da soja". A constatação demonstra que está havendo problemas com os produtos mais novos que estão no mercado. As amostras coletadas ainda na safra passada já mostravam mutação em um ponto que leva à resistência frente a esses produtos químicos.

Moreira destaca que, nesta safra, foi verificada menor eficiência e até mesmo uma perda da eficiência das carboxamidas. O problema se deu, principalmente, em algumas regiões do Paraná e em áreas comerciais do Mato Grosso do Sul. O pesquisador diz que não dá para identificar o que ocasionou este problema especificamente nessas regiões e que esta safra não foi severa em relação à ferrugem, o que ajudaria a esconder o problema.

Um dos fatores que pode levar a este problema é o excesso de aplicações do produto na área, que acaba matando os fungos sensíveis e faz com que a população dos resistentes predomine no local. "Temos que monitorar para ver o que vai acontecer", avalia Moreira, lembrando ainda que, mesmo que uma das capacidades de mutação tenha resistido, é possível que os fungos tenham perdido agressividade e capacidade de sobrevivência. Com a safra em andamento, os resultados finais ainda não apareceram, mas "isso ressalta a importância das boas práticas e da utilização de todas as estratégias disponíveis para o controle da doença".

Recomendações

O pesquisador aponta algumas medidas que podem ser tomadas no campo para evitar que o problema se espalhe. "A situação ainda não é desesperadora, mas precisamos pensar no futuro e ser mais precavidos", constata. No momento, nenhuma nova molécula deverá ser lançada no mercado nos próximos cinco a seis anos, o que faz com que o controle no manejo e na tomada de decisão seja mais necessário.

- Vazio sanitário: a realização do vazio sanitário (que no estado do Paraná vai de 15 de junho a 15 de setembro) é fundamental para diminuir a população do fungo no ambiente, atrasando o aparecimento da doença.

- Evitar o plantio de soja safrinha: o plantio deste cultivo constitui um ambiente favorável para o aparecimento da resistência, sobretudo pela necessidade de mais aplicações de fungicidas.

- Restrição da janela de cultivo: é necessário que não haja cultivo após o dia 31 de dezembro - de certa forma, para evitar também a safrinha de soja e de suas aplicações adicionais de fungicidas.

- Uso de variedades precoces e resistentes: uma planta emergindo mais cedo, vinda de um período de vazio sanitário, ficará pronta para ser colhida antes do período favorável para o aparecimento do fungo. As variedades resistentes, por sua vez, seriam uma "maior esperança" para auxiliar o controle químico.

- Combinação de produtos: as moléculas disponíveis aplicadas juntamente com fungicidas com ação multisítio, que são produtos de contato, também ajudariam a aumentar a resistência da planta.

Por: Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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