Cotações da soja em Chicago podem romper os US$ 10,00 /bushel com oferta do Brasil. No entanto, preços baixos atraem compradores
O momento é de pressão para os preços do mercado da soja na Bolsa de Chicago (CBOT). Com a entrada da safra brasileira no mercado, essa pressão pode durar até abril. Hoje, o vencimento maio/17, referência para o mercado, chega próximo ao fechamento a US$10,37/bushel.
De acordo com Ênio Fernandes, consultor em agronegócio, o peso da safra é "um processo natural e histórico". Ele acredita que o mercado já está próximo das mínimas, já que, caso os preços cedam mais um pouco, as origens do Brasil podem sair da ponta vendedora. Como os Estados Unidos já vendeu a maior parte do seu volume estimado para exportação e a Argentina negocia de forma cadenciada e lenta, o país fica em foco neste momento.
A situação pode mudar caso o câmbio vire para o outro lado. Para Fernandes, "sem ajuda do câmbio, é difícil Chicago perder um pouco mais". O mercado poderia chegar a US$10/bushel, mas não duraria por se tornar oportunidade de compra.
Ele lembra que enquanto alguns produtores que já fizeram hedge estão mais tranquilos, outros que possuem apenas 20% a 30% da sua soja comercializada no momento aguardam por melhores preços. No entanto, apenas um fato novo no mercado daria sustentação aos preços neste momento.
O prêmio também tende a estar fragilizado durante os meses de março e abril. A oportunidade, portanto, poderá vir apenas após esse período, quando os preços do frete começam a cair e os prêmios começam a subir.
Milho safrinha
O milho safrinha, por sua vez, vive uma "dicotomia de informações". Alguns meteorologistas apostam em boas chuvas para os meses de março, abril e alguns episódios em maio. Neste cenário, o país teria capacidade de colher perto de 60 milhões de toneladas. Por outro lado, outros destacam que o El Niño pode voltar daqui a alguns dias, o que fará o volume no mercado ser menor, sustentando as cotações.
Para isso, Fernandes aconselha os produtores a se protegerem deste momento para que consigam operar com margem. O comportamento do dólar também é um ponto de atenção, já que o Brasil deve exportar até 30 milhões de toneladas para manter um mercado saudável. "Precisamos ter um dólar mais competitivo, senão o mundo compra em outro lugar esse milho", diz.