Apesar da queda em Chicago, preços da soja no mercado interno ganham novos patamares com dólar em alta e estimulam vendas

Publicado em 14/11/2016 17:01
Soja tenta se segurar em Chicago apesar de fatores baixistas que poderiam derrubar cotações
Confira a entrevista de Flávio França Jr. - Consultor de Agronegócios

Nesta segunda-feira (14), a Bolsa de Chicago (CBOT) tem mais um dia de leves quedas, a medida em que o mercado tenta se segurar nos mesmos patamares da última sexta (11).

De acordo com o consultor de agronegócio Flávio França Jr, a palavra chave do momento é "imprevisibilidade". Ele lembra que os fatores incorporados no mercado - o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) que trouxe novos números recordes para a safra norteamericana e a eleição de Donald Trump à presidência do país - estão mexendo de maneira acentuada com os preços e devem continuar influenciando nas próxima semanas.

No Brasil, também há uma onda especulativa em relação à política, no que diz respeito à possibilidade da cassação da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Criou-se todo um ambiente de nervosismo", diz o consultor.

O impacto no mercado americano, consequentemente, traz alterações para a CBOT, que enfrenta quedas, além das taxas de câmbio. Em relação ao real, o dólar se encontra acima dos R$3,40.

"Se não fossem essas variáveis, a tendência do mercado era para cima", diz. A situação, segundo ele, não deve ser totalmente definida a curto prazo. Há uma insegurança sobre o governo Trump, logo, "não dá para pontuar que é um problema de curto a longo prazo'.

O consultor, porém, acredita que as coisas irão se acomodar, uma vez que o presidente eleito tende a ser um "republicano tradicional" - com isso, o mercado financeiro se acomoda na sequência.

Há insegurança ainda por parte da demanda, pois se as barreiras tarifárias e fiscais prometidas por Donald Trump forem postas contra a China, pode haver uma reação que irá atingir o complexo soja e repercutir em mais uma queda de preços na CBOT.

América do Sul

Os olhos do mercado agora voltam-se para a América do Sul. Em dezembro, o USDA não divulga o seu relatório - que sai apenas em janeiro, com o fechamento da safra.

No Brasil, o quadro é predominantemente favorável, com 65% das áreas plantadas no Brasil, enquanto a Argentina ainda encontra dificuldades com o plantio por conta de excesso de umidade. Esta semana, no entanto, deve trazer um quadro melhor para a safra do país vizinho.

Em termos de comercialização, a mudança do patamar do câmbio estimulou as vendas tanto da safra velha quanto da safra nova. O consultor diz ter ouvido alguns comentários de que de 2 a 5 milhões de toneladas haviam sido comercializadas na última semana, uma comercialização que estava "represada".

Por: Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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