Melhores oportunidades para a soja brasileira no início de 2017 com potencial de chegar aos US$ 12,00/bushel
Nesta terça-feira (25), a Bolsa de Chicago (CBOT) trouxe mais uma vez preços firmes para a soja. O primeiro vencimento voltou a ficar próximo dos US$10 por bushel e o vencimento maio/2017, referência para a safra brasileira neste momento, acima dos US$10. O mercado, portanto, mostra um cenário consistente, mesmo diante de uma colheita recorde nos Estados Unidos.
Para Liones Severo, consultor de mercado do SIMConsult, a CBOT "já gastou toda a sua munição" sobre a safra recorde americana, que já se encontra precificada. O consultor, aliás, aponta que a safra recorde é uma "redundância" - uma vez que a demanda é elástica, a oferta nunca é única e obedece uma relação com a demanda, que passa a ser o fator mais importante no mercado.
Desde a virada do milênio, há uma demanda instalada e perene por parte das dietas asiáticas, como explica Severo. A conversão na alimentação desses países para a proteína animal é recente, mas avançou sobre as populações asiáticas adultas, fazendo assim com que o farelo de soja seja cada vez mais demandado para atender a estes mercados.
A oferta, por sua vez, é uma "hipótese", pois 2/3 da produção mundial, que estão presentes na América do Sul, ainda precisam ser plantados e colhidos.
Mercado físico x Bolsa de Chicago
O consultor aponta que até 2014 havia um vínculo forte entre a CBOT e o mercado físico, mas que essa situação vem mudando. "Daqui a um tempo, o mercado vai ter que voltar a estabelecer essa relação", identifica, explicando que a mudança na forma de pregão fez com que os números se descolassem da realidade.
Para os brasileiros, embora a mídia agrícola seja baseada nas informações dos operadores de Chicago, a situação não deve trazer grandes prejuízos. Na última safra, já foram realizadas vendas na moeda local e os produtores, com auxílio dos prêmios praticados, conseguem remunerações por volta de US$11,50 até US$13 com base nas cotações na CBOT.
O mercado, por sua vez, "já caiu o que tinha que cair", aponta o consultor. Uma vez que a demanda é instalada, e não ocasional, "agora ela se sobrepõe aos preços de Chicago".
Com as exportações diminuídas por parte de Brasil e Argentina, que tiveram perdas na última safra, os Estados Unidos tomam para si essa demanda e na entrada da nova safra dos países sul-americanos, os estoques americanos já devem estar menores, oferecendo um outro cenário para os preços. Das mais de 55 milhões de toneladas de exportações projetadas, 60% já foi vendido, com apenas 1 mês e 2 semanas de mercado.
"Até este momento, os americanos terão que preencher o mercado que, por maior que seja a safra, não houve aumento como em 2014/15. O aumento foi de apenas 20 milhões de toneladas [em relação ao ano anterior]", explica.
Ele lembra ainda que a demanda "nada tem a ver com preço". "Independentemente do preço, estaria vendendo normalmente", diz.
Perspectivas para a safra sul-americana
Tendo em vista estes fatores, os produtores brasileiros devem ficar tranquilos. A demanda será firme e os preços têm fôlego para subir, segundo o consultor.
O mês de outubro é tradicionalmente um período de baixa por conta da entrada da safra americana. Os meses de novembro e dezembro serão mais favoráveis, mas a partir de fevereiro, quando os Estados Unidos devem esgotar a sua capacidade de exportação, os preços poderão ter níveis mais atrativos.
O consultor estabelece um alvo de US$12 dólares por bushel, que poderá ser composto por prêmios se Chicago não alcançar os preços. "O produtor tem que prestar atenção no prêmio para ver por quanto realmente está vendendo e não tomar Chicago como base", destaca.
Eleições americanas
O consultor ainda destaca um outro cenário para a demanda do mercado caso o candidato republicano Donald Trump vença as eleições à presidência dos Estados Unidos. "Os republicanos são mais nacionalistas, então a comunicação com o mundo por parte do país pode se diminuir, principalmente nas relações com a China".