Apesar de safra recorde nos EUA, incertezas na safra da América do Sul e demanda forte ajudam sustentar soja em Chicago
Nesta terça-feira (11), a Bolsa de Chicago tem um dia de estabilidade, com pouca oscilação nos principais vencimentos, a medida em que o mercado está em ritmo de espera pelo relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que será divulgado amanhã e deve confirmar a perspectiva de safra recorde para os americanos.
Embora esteja em compasso de espera pelo relatório, o mercado já precifica esses números de até 116 milhões de toneladas de produção. As oscilações de preços em Chicago foram pequenas nos últimos dias e também são reflexos de uma colheita bem ajustada, de acordo com Camilo Motter, analista da Granoeste Corretora de Cereais. Estão previstas chuvas começando pelo norte e a chegada de uma frente fria intensa em alguns estados como Minnessota, Wisconsin e as Dakotas, mas estas condições não devem trazer dano expressivo para as lavouras mais atrasadas.
A projeção do mercado, que estima um número médio de 116.4 milhões de toneladas para a soja americana nessa safra, também encontra uma demanda muito consistente, uma vez que as exportações americanas foram expressivas para a safra anterior, em razão da queda de 13 milhões de toneladas nas produções do Brasil e da Argentina.
Logo, a demanda é o principai ponto de atenção agora, juntamente com o clima no Brasil, que "a cada semana vai ganhando importância", como destaca o analista. O plantio de soja deslancha em algumas áreas, como o Paraná, que já está com mais de 30% de área semeada, mas ainda há algumas irregularidades nas principais regiões produtoras de soja e milho.
Embora os dados da safra americana estejam, assim, perdendo certa importância no mercado, pelo menos 60 milhões de toneladas ainda está no campo. "O relatório do USDA deve falar menos de projeções e mais de realidade, nessa altura, teremos dados mais completos do que efetivamente os Estados Unidos vão colher. Só mesmo problemas extremamente adversos podem tirar o foco de uma safra numerosa", explica.
Neste ano, o governo americano previa uma safra menor no começo, então os números estão tendo um incremento que devem refletir diretamente nos estoques.
No Brasil, houve uma expectativa de escassez no mercado interno, mas isso não se realizou. "O que se vê hoje é uma boa oferta interna e, assim, os preços internos estão apenas ligeiramente acima do preço de paridade de exportação", diz o analista. A indústria, com as baixas margens de esmagamento e menor demanda pelo farelo devido à queda no consumo de carne, é pouco competitiva no momento, logo, os negócios tiveram pouca evolução de julho para cá.
Neste momento, o analista aconselha o produtor para que observe o mercado e não perca oportunidade de venda. "Para quem gosta de especular com clima, é um ano de mudanças climáticas que podem trazer um sobressalto nos preços", aconselha.