Relatório da Embrapa conclui que o clima foi o principal responsável por baixa produtividade da soja em Mato Grosso
Um relatório desenvolvido pela Embrapa apontou as condições climáticas como o principal fator que influenciou o baixo rendimento das lavouras de soja na safra 2015/16 no Mato Grosso.
De acordo com a pesquisadora da Embrapa Agrosssilvipastoril, Dulândula Wruck, as plantas, principalmente na fase de desenvolvimento vegetativo, floração e enchimento de grãos, foram expostas ao veranico intenso e temperaturas médias elevadas.
"Nós não tivemos um abortamento de flor ou de vagem, elas foram formadas, porém não havia grão", explica Wruck afirmando que muitos produtores procuraram a entidade relatando vagens vazias e grãos chochos encontrados nas lavouras.
Como conseqüência algumas plantas apresentavam sintomas de doenças como a mela seca e principalmente a macrophomina (ou podridão negra das raízes). O fungo da macrophomina alimenta-se de materiais mortos, o que demonstra que diversas raízes estavam apodrecendo por conta da deficiência hídrica.
Em condições climáticas normais, este fungo atua como decompositor de tecidos mortos. Devido à falta de chuva, eles passaram a invadir as raízes das plantas de soja. O cenário foi ainda mais grave onde o manejo do solo vinha sendo realizado de forma incorreta, já que a compactação impediu que as raízes descer no perfil do solo.
De acordo com o relatório as temperaturas máximas médias em Sinop (MT) ficaram em 2,5 ºC, 3,6ºC e 2,9 ºC acima dos valores médios do ano de 2013 nos meses de outubro, novembro e dezembro, respectivamente. Além disso, a precipitação registrada nesses meses foram 32% menor do que o registrado em 2013.
"Não podemos saber como serão estas condições nos próximos anos, se ficar um constante então o produtor precisará melhorar seu manejo de solo, porque não podemos controlar o clima, mas talvez seja possível conviver melhor com essas mudanças", ressalta Wruck.
Uma das alternativas de menor custo é a utilização de braquiária consorciada com milho para impedir a compactação e adensamento do solo. Outra operação que exigiria maior viabilidade financeira, mas que pode ser feito escalonado na propriedade, é a escarificação e a utilização de gesso e calagem como forma de reduzir a acidez em camadas mais profundas do solo.