Fundos voltam às compras em dia de menor influência do financeiro em Chicago. Alta para safra nova é limitada por clima favorável nos EUA
Publicado em 29/07/2015 16:54
Fundos voltam às compras em dia de menor influência do mercado financeiro em Chicago. Altas para os contratos da safra nova foram limitadas pelo clima favorável às lavouras nos EUA
Com o cenário da China nos últimos quatro pregões de ações, a bolsa de Xangai mostrou que os fundos começaram a comprar dólares e vender commodities agrícolas - como uma ação do governo chinês para recuperar parcialmente a economia. Contrariamente do que se esperava o mercado de ações no Brasil, teve alta de 3,5% na bolsa de valores, portanto os fundos também voltaram a comprar commodities agrícolas e vender dólares.
Da mesma forma, houve uma melhora na safra americana que não se registrava há cerca de vinte dias. Depois das chuvas nas lavouras no período final do plantio, justificou o novembro negativo do dia de hoje (29). Para Mário Mariano, analista da Novo Rumo Corretora, existe um divisor de expectativa de demanda e, com a dificuldade de entender a economia chinesa no médio e longo prazo e como a demanda pelos EUA nessas últimas quatro semanas foi reduzida, coloca em cheque a expectativa também das compras por parte da China, que por sua vez, passou a ter uma redução.
Ainda segundo o analista, o cenário da Argentina é diferente. A nação segue vendendo bastante farelo de soja e grão e caminham com cerca de 50% da safra comercializada. “Se os nossos prêmios para exportar grão e farelo estão reduzidos, é porque a demanda chinesa está acontecendo na Argentina e não está acontecendo nos EUA. Isso se deve ao período entre safra naquele país”, explica.
Milho
Contrariamente, o milho não seguiu este mesmo cenário da soja e do farelo, trabalhou no vermelho com queda de 7% nos principais vencimentos. Segundo Mariano, o que ocasionou essa queda foi o clima.
“O mercado esperava de 2 a 3 pontos percentuais melhor do que há uma semana e de fato aconteceu. Então, não se vê uma preocupação ou um temor de uma produção menor nos EUA para o milho e, portanto, haverá um conforto de estoques globais, por isso não havia razão de colocar um prêmio sobre os preços na Bolsa de Chicago, por uma perspectiva de condições de safra que havia até então há vinte dias”, esclarece Mariano.
Mercado futuro
O clima nos EUA, ainda segundo ele, persistirá e haverá uma secura nas lavouras dentro de uma semana na região norte no “cinturão do milho”. “Esse período de agosto é interessante, porque a secura que estamos vivendo agora pode se transformar em um período mais seco do que no ano passado. Este período é importante para saber o desenvolvimento das lavouras, uma vez que esse momento é de enchimento dos grãos e, isso indicará o rendimento nos EUA”.
Diante desse cenário, os EUA perderam 7 milhões de toneladas de safra, devido à ascensão na América do Sul e com isso o fôlego foi curto para manter os patamares de U$ 10,70, em um pico de alta. “Entendemos com tudo isso a oferta global. Qual é o estoque dessas nações de maior produção? Se sabemos, fica mais fácil entender se haverá um comportamento de U$ 9,60 – que vemos no dia de hoje (29), com vencimento tanto para a safra americana – com base novembro e janeiro, bem como para a safra brasileira – com os vencimentos março e maio”, conta.
Por outro lado, para Mariano, houve uma melhora nos prêmios pagos em Paranaguá no mês de março, abril que avançou 23 centavos, isso pode significar melhora nos prêmios para exportação.
Comportamento do produtor rural
Devido à desvalorização do real, que nesta semana foi ao redor de 22% e nos últimos doze meses, cerca de 50%, o produtor segue tomando algumas decisões.
“Alguns continuaram no risco em dolarizar suas lavouras e, outros transformaram em reais. Com os preços atuais é provável que o produtor esteja bem satisfeito, pois houve vendas significativas da safra nova nos últimos 30 dias - em função dessa mudança cambial no país e, trouxe à tona um preço bastante significativo, portanto no momento entendemos que a desvalorização dos fatores externos, inclusive da política econômica brasileira, tenha ocorrido de maneira bastante rápida e veloz, porque daqui para frente, se houver uma redução do dólar vai valorizar o real e, o agricultor tende a ganhar vendendo em dólar e se persistir essa desvalorização em patamares de R$ 3,35 o produtor vai ter uma renda maior em reais e vai poder decidir se quer trabalhar em real ou em dólar”, orienta o analista.
Mariano explica que isso não é uma indicação do que fazer e sim um cenário atual que estamos vivendo. “O produtor rural já está fazendo conta e está adquirindo materiais de insumo com o maior rendimento possível, porque o aumento de custo na produção será significativo. Vai ter que trabalhar mais para ter um rendimento maior em sua lavoura”, finaliza.
Por: Aleksander Horta//Nandra Bites
Fonte:
Notícias Agrícolas