Soja: Retorno financeiro da safra 2015/16 vai depender de dólar mais alto, prêmios fortes e fôlego das cotações na CBOT. Veja gráficos
Um levantamento da Agrinvest mostrou a variação cambial deve ser o principal influenciador nas cotações nos próximos meses. Marco Araújo, analista da Agrinvest afirmou que os agricultores devem considerar fixar os três principais itens de formação dos preços da soja (dólar, prêmio e Chicago), avaliando se o preço irão cobrir os custos de produção.
"Em um cenário de dólar futuro a R$ 3,32 faz com que o ponto de equilíbrio para o sojicultor no norte do Paraná fique em US$ 8,60 por bushel. Caso esse cenário não se confirme e o dólar permaneça a R$ 3,04 fará com que o ponto de equilíbrio do sojicultor do Paraná salte para US$ 9,06/bushel um aumento de US$ 46 cents por bushel com o efeito do dólar", explica Araújo.
Já no estado do Mato Grosso, o maior custo logístico pesa sobre a margem dos produtores, por isso o ponto de equilíbrio neste mesmo cenário seria de US$ 11,03 por bushel no estado. "É preciso encarar eventuais rally de alta do dólar em Chicago como oportunidade de venda para garantir rentabilidade na safra que vem", considera Araújo.
Em seu último levantamento o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), trouxe um aumento na produção mundial de 34 milhões de toneladas de soja, e uma elevação de 17 milhões na demanda mundial pelo grão, deve gerar um acréscimo de 17 a 20 milhões de toneladas nos estoques mundial. Esses dados foram absorvidos pelo mercado e também colaboraram para consecutivas quedas na Bolsa de Chicago.
Na sessão desta terça-feira (19), os futuros da soja registraram nova queda, fechando os principais contratos com perdas de 8,25 a 11,75 pontos. O vencimento novembro/15, que é referência da safra norte-americana encerrou o dia com US$ 9,23 por bushel, perdendo o patamar dos US$ 9,30/bushel.
Além dos dados de vendas divulgados pelo USDA, a demanda doméstica da soja de acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) deve ser de 44,2 milhões de toneladas, e um esmagamento de 41 milhões de toneladas do grão. "Nos últimos três anos, a média de esmagamento do Brasil é de 36,5 milhões de toneladas, então o número de esmagamento da Conab pode estar muito otimista. O estoque final de soja nesta temporada 2014/15 a Conab prevê 6,58 milhões de toneladas, então se considerarmos que esse esmagamento esteja 4 milhões de toneladas acima da realidade, equivale a dizer que os estoques finais brasileiros podem ficar acima dos 10 milhões, fazendo com que ocorra uma pressão no segundo semestre", afirma Araújo.
De acordo com ele, para que esse cenário de estoques elevados não se confirme é preciso um forte aumento no ritmo de embarques brasileiros, o que não tem acontecido até o momento.
Abaixo, veja gráficos desenvolvidos pela equipe da Agrinvest sobre o retorno financeiro da safra 2015/16 de soja nos principais estados produtores:
Quadro 1 – Estimativas do Custo Total de Produção da Soja e Logística até o Navio
Cenário atual negociado para a Safra 2015/2016:
Soja Março/2016 cotada a 946.50 centavos por bushel
Soja Maio/2016 cotada a 951.25 centavos por bushel
Basis Março Paranaguá +50 / Março Santos +70 e Maio Rio Grande +70
Dólar Futuro Março/16 a 3,324 e Maio/16 a 3,379
Preço Sobre Rodas – R$ por saca:
Paranaguá R$ 70,79 / Santos R$ 71,74 / Rio Grande R$ 73,97
Preço Sobre Rodas – US$ por saca:
Paranaguá $ 21,30 / Santos $ 21,58 / Rio Grande $ 21,89
Gráfico 1 – Retorno Financeiro em Reais e Dólar por Hectare
Gráfico 2 – Retorno em Reais por Hectare e o Ponto de Equilíbrio FOB em Centavos por Bushel