Produtores no Paraná são notificados e podem perder sua áreas para Quilombolas

Publicado em 15/12/2016 12:58
Produtores no Paraná são notificados e podem perder sua áreas para Quilombolas
Confira a entrevista de Silvanir Rosset - Pres. Sind. Rural Guaíra - PR

Podcast

Produtores no Paraná são notificados e podem perder sua áreas para Quilombolas

 

Download

Produtores rurais de Guaíra, no Paraná, vivem momentos de apreensão com a tentativa do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em decretar área Quilombola no município.

Após a realização de dois laudos antropológicos, o Instituto quer delimitar a Comunidade quilombola Manoel Ciríaco dos Santos, que faz fronteira com a cidade de Terra Roxa.

Guaíra foi colonizada por famílias gaúchas, na década de 50. Posteriormente, em meados de 1960, Manoel Ciriaco dos Santos - supostamente remanescente de quilombolas - e sua família, adquiriram no município uma área de aproximadamente 24 hectares, tornando-se agricultores.

Segundo relatos históricos, Ciriaco teria trabalhado para fazendeiros em Minas Gerais, migrando depois para São Paulo e mais tarde, para o Estado do Paraná, onde comprou suas terras.

Conforme explica o presidente do sindicato rural de Guaíra (PR), Silvanir Rosset, o Incra contratou estudo antropológico pela Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) a fim de decretar  região como quilombola, devido a presença de Manoel nessas áreas.

O objetivo do Instituto era abranger "as áreas onde os familiares de Ciríaco trabalharam como comunidade quilombola, compreendendo aproximadamente 3,1 mil hectares, onde atualmente vivem 140 famílias", explica Rosset.

O resultado da análise, porém, afirmou não haver presença de quilombolas no município. Então, "o Incra contestou na justiça o próprio laudo e, pediu a devolução do dinheiro gasto na realização do estudo, alegando que a Universidade não seguiu os protocolos antropológicos no levantamento", diz o presidente.

A decisão judicial foi favorável aos antropólogos, afirmando que o estudo seguiu todos os requisitos solicitados pelo Instituto Nacional.

Não satisfeito com o resultado do laudo, o Incra, contratou um segundo grupo de antropólogos do Rio Grande do Sul, que atestaram a existência de quilombolas no município de Guaíra. "A decisão saiu no dia 24 de novembro e, nesta semana alguns produtores receberam a notificação da área quilombola", acrescenta Rosset.

Segundo o presidente, até o momento dois agricultores foram notificados e, tem 90 dias para recorrer à decisão. A preocupação, além dos produtores que já foram comunicados - totalizando área de aproximadamente 35 hectares -, é de que novos laudos ampliem a região considerada quilombola.

Segundo Rosset, dos últimos anos o Incra incentivou praticas culturais às famílias daquela região para fortalecer ao ideal de comunidade quilombola. E, agora os produtores convivem com "a grande insegurança jurídica", afirma Rosset.

Por: Aleksander Horta e Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Marco Temporal: "Essa não é uma guerra social, mas uma guerra ideológica", afirma Nilson Leitão
Com decisão recente de suspender sentenças que questionam processos de demarcação de terras indígenas no PR, STF avaliza invasões
Com aprovação da lei que institui Marco Temporal , decisão do STF perde valor e nova batalha jurídica teria que acontecer
Advogada alerta para tese final do STF sobre o Marco Temporal na próxima semana; ainda há esperança
Decisão do STF sobre desapropriação de terras produtivas mais preocupa pelo ativismo judicial que pode se intensificar, afirma especialista
Marco Temporal, tese do indigenato ou a indenização de propriedades no processo de demarcação de terras indígenas; saiba qual a melhor alternativa para o Agro
undefined