Surge o poder moderador para reforçar o objetivo do governo; flexibilização até dia 13

Publicado em 07/04/2020 17:43 e atualizado em 08/04/2020 12:01
Ministro Mandetta foi "orientado" a revisar protocolos do isolamento social
Fernando Pinheiro Pedro - Analista do NA e Jornalista

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Surge o poder moderador para reforçar o governo

 

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"Quem está governando o país é o governo", afirma o jornalista e advogado Antônio Fernando Pinheiro Pedro sobre a atual cúpula militar, que tem orientado o presidente Jair Bolsonaro durante a crise causada pelo Covid-19 (o novo coronavírus). Ao contrário do imaginário popular, o conselho militar tem trabalhado de acordo com a democracia do país, disse o analista do Notícias Agrícolas na tarde de hoje.

A cúpula militar, formada pelos Generais Braga Netto, Luiz Ramos, Fernando Azevedo e Silva, além do Almirante Flávio Rocha. O principal objetivo dos militares é apaziguar os ânimos políticos e dar um norte estratégico para o combate à pandemia do vírus.

Uma das orientações foi dada ao Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para revisar os protocolos do isolamento social até o dia 13. A principal meta é fazer com que a pandemia não se torne um pandemônio, já que a economia brasileira está em grande risco.

"É necessário um protocolo para permitir a flexibilização do isolamento, porém esse é um protocolo complexo. Nos próximos dias, na próxima semana, deve haver uma convergência dos poderes para que o fim da quarentena aconteça", disse Pinheiro Pedro.

General Braga Netto

General Fernando Azevedo e Silva

Almirante Rocha

General Luiz Ramos.

Reunião de 2ª não tratou de demissão de Mandetta, garante Braga Netto

(Reuters) - O ministro-chefe da Casa Civil e coordenador das ações do governo federal no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus no país, general Walter Braga Netto, afirmou nesta terça-feira que a reunião na véspera convocada pelo presidente Jair Bolsonaro com os titulares do primeiro escalão não tratou da demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

"Bem objetivamente para você, a reunião de ontem é uma reunião rotineira de ministros. O presidente tem o direito de convocar reunião de ministros e o assunto que foi tratado lá é um assunto que vai ficar somente na reunião interna de ministros. Eu garanto para você, não foi a demissão do ministro Mandetta", disse Braga Netto.

"A resposta para a sua pergunta, do ministro Mandetta, está aqui o ministro Mandetta numa relação cordial com todos os ministros e a palavra de união que foi dita antes pelo próprio presidente do Banco Central. Está aqui a posição do governo", emendou o chefe da Casa Civil, após apontar para o titular da Saúde, que participava da entrevista coletiva no Palácio do Planalto sobre ações do governo no enfrentamento à Covid-19.

Na véspera, o ministro da Saúde anunciou em entrevista coletiva à noite que vai permanecer no cargo, após um dia cheio de sinais de que o presidente Jair Bolsonaro iria demiti-lo do cargo. Mas na ocasião manteve um tom de atuação independente ao Palácio do Planalto.

Os dois têm divergido abertamente sobre as ações do governo federal no combate ao coronavírus. Bolsonaro defende o relaxamento de medidas de isolamento social, ao contrário de Mandetta, que tem preconizado essas medidas para evitar um salto na propagação do vírus.

Na entrevista da terça, Mandetta, em fala logo em seguida a Braga Netto, adotou uma linha de conciliação e disse que tudo que está se precisando agora é de "união". Na coletiva, ele preferiu não explorar o episódio da véspera e defendeu se "olhar para a frente".

"Acho que a gente tem que andar para a frente, olhar para a frente, isso é uma experiência que a gente tem que olhar assim pelo para-brisa mesmo, para frente, usar pouco o retrovisor, vamos olhar para a frente e tocar esse barco nosso chamado Brasil aí juntos e acho que a imprensa pode ajudar muito", disse ele.

  • Mandetta e Braga Netto conversam durante entrevista coletiva 07/04/2020 REUTERS/Adriano Machado

Mandetta diz que instruções são para trocar isolamento amplo por seletivo (Estadão Conteúdo)

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, negou nesta terça-feira, 7, que tenha relativizado a importância do isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus ao definir critérios para que estados e municípios relaxem regras de distanciamento.

Mandetta explicou que as orientações foram formalizadas a pedido de gestores locais. Segundo ele, a ideia foi definir parâmetros, uma vez que as cidades não são afetadas da mesma maneira.

"A última quarentena foi em 1917. Não existia uma porção de coisas que existem hoje. Então, são dadas algumas coordenadas. Temos cidades com nenhum caso e que fez uma paralisação total de suas atividades", disse, na entrevista diária.

As instruções são para que as regiões troquem o isolamento amplo pelo isolamento seletivo (restrito a pessoas dos grupos de risco) se menos da metade da capacidade de atendimento tiver sido comprometida.

A avaliação e a transição ficarão a critério dos prefeitos e dos governadores. O secretário de vigilância do ministério, Wanderson de Oliveira, disse que mesmo cidades sem pacientes com síndrome respiratória aguda grave (SRAG) estão adotando medidas restritivas.

Para abrir mão delas, porém, os gestores precisam estar seguros de que as redes de saúde à disposição estão providas de leitos, equipamentos e profissionais para atender a demanda de infectados em momento crítico da epidemia.

"Estados e municípios têm toda a capacidade de avaliar seu contexto e iniciar gradualmente, com segurança, desde que tenham cumprido o critério que é: que condicionantes necessárias para responder ao período mais crítico da epidemia estejam presentes. Isso vale para o Brasil inteiro e a gente vem falando constantemente", disse o secretário.

RJ anuncia renovação de quarentena, mas já flexibiliza em cidades sem casos

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), confirmou nesta terça-feira que vai renovar o decreto da quarentena no Estado até o fim do mês devido ao avanço do coronavírus, mas decidiu flexibilizar as medidas de isolamento social em cidades onde não há incidência de Covid-19.

Os municípios liberados das medidas restritivas estão localizados em diferentes regiões do Estado, a maioria no norte e noroeste. As cidades terão, no entanto, que criar barreiras de isolamento para impedir a entrada de pessoas de outras cidades, de forma a evitar a proliferação da doença.

“As pessoas não vão poder circular de uma cidade para a outra, e se surgir um caso vamos retomar as medidas de restrição”, disse Witzel em entrevista coletiva no Palácio Guanabara, sede do governo fluminense.

“Nós estamos preocupados com as pessoas e com a economia, mas preservar vidas em primeiro lugar. Naquelas cidades onde prefeitos se sentem confortáveis, o decreto permite que as cidades tenham uma circulação interna”, acrescentou Witzel, destacando que as escolas vão permanecer fechadas nesses municípios, e que aglomerações em bares, restaurantes e praças seguem proibidas.

A decisão foi tomada um dia após o Ministério da Saúde informar, em boletim epidemiológico, que localidades onde o número de casos confirmados de coronavírus não tenha impactado mais da metade da capacidade de atendimento poderão fazer transição para um modelo de isolamento que inclui apenas pessoas do grupo de risco, na próxima semana.

O ministério, no entanto, ressaltou que uma eventual transição direta seria temerária. [nL1N2BU2NI]

Ao mesmo tempo que o governo do RJ se sente confortável para afrouxar as regras em determinadas cidades, Witzel destacou que há uma preocupação com o número de casos na capital, Região Metropolitana, Baixada Fluminense e na cidade de Volta Redonda, no sul do Estado.

Por esse motivo, o governador antecipou que vai renovar o decreto de calamidade pública fluminense até 30 de abril.

Segundo ele, embora a curva de crescimento da doença no Estado esteja dentro das expectativas mais otimistas e semelhante com o padrão da Coreia do Sul, o coronavírus tem se espalhado por áreas e comunidades carentes.

O secretário de Saúde, Edmar Santos, alertou que houve um aumento no número de internações de casos de Covid-19 nos últimos dias na rede pública de saúde do Estado.

Além disso, há uma preocupação com o aumento no número de pessoas circulando no Grande Rio no últimos dias.

"No fim de semana houve um pressão na rede pública. Começa a chegar aos mais pobres e comunidades carentes, ou seja, não é momento para flexibilizar. Caminhar no calçadão não é um ato de saúde, é um ato de expor a todos. Saúde hoje é ficar em casa”, disse Santos.

Incomodado com o maior fluxo de pessoas nas ruas, Witzel disse que já entrou em contato com a Assembleia Legislativa para propor um projeto de lei que estabeleça uma multa para quem insistir em circular nas vias públicas sem necessidade.

O Rio de Janeiro é o segundo Estado com mais casos no país, com 1.461, e 71 mortes, atrás apenas de São Paulo, de acordo com dados do Ministério da Saúde atualizado até segunda-feira.

Saúde acompanha estudos sobre eficácia de cloroquina; resultados no dia 20

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou nesta terça-feira, 7, que o órgão acompanha estudos clínicos sobre a eficácia de medicamentos contra o novo coronavírus, entre eles, a cloroquina e a hidroxicloroquina. Os primeiros resultados devem ser conhecidos a partir do próximo dia 20.

Ao todo, 5 mil pacientes com quadros clínicos variados farão parte dos protocolos de pesquisa. Enquanto isso, o ministro recomenda cautela na prescrição do medicamento.

Mandetta esclareceu que o droga já está disponível nos hospitais para pacientes com quadros moderados e graves. Fora desse grupo, o ministério não recomenda a utilização.

"Já liberamos cloroquina e hidroxicloroquina tanto para os pacientes críticos, aqueles que ficam em CTIs, quanto para qualquer paciente em hospital, o moderado. O medicamento já é entregue, já tem protocolo. Nós estamos analisando para casos anteriores aos leves, que é onde pode haver algum tipo de senão. Isso ainda existe um pouco de dúvida, por conta de efeitos colaterais", disse.

Mandetta afirmou também que pediu ao Conselho Federal de Medicina para que colha observações clínicas dos profissionais sobre administração das substâncias. O ministro frisou que cabe à entidade recomendar ou não os medicamentos.

O ministro frisou que, enquanto isso, o médico pode explicar os riscos da prescrição dos medicamentos e assumir a responsabilidade.

"A prescrição médica no Brasil... a caneta e o CRM (número de registro do profissional) estão na mão dele. Se ele quiser comunicar o paciente que não tem evidência, que poderia usar o medicamento, com tais riscos, e se responsabilizar individualmente, não tem óbice", frisou.

Na segunda-feira, Mandetta afirmou ter sido pressionado por dois médicos a editar um protocolo para administração dos medicamentos, após reunião com o presidente Jair Bolsonaro. Ele se recusou alegando ausência de embasamento científico. 

SP tem 17 mil exames pendentes para Covid-19; secretário diz que número de mortes suspeitas é pequeno

SÃO PAULO (Reuters) - O Estado de São Paulo tem cerca de 17 mil exames de detecção de Covid-19 ainda aguardando resultado, disse nesta terça-feira o secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann, que garantiu que, embora o atraso deva implicar em um número maior de casos da doença no Estado, ele não significa uma diferença significativa no número de mortes confirmadas até aqui.

"Nós temos de fato um estoque de exames para serem realizados em pacientes que foram notificados como suspeitos. Existe uma dificuldade na aquisição de insumos para realização desses exames. Uma das remessas que nós estávamos comprando e esperando não conseguiu chegar até agora", disse Germann em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes.

"Isso interfere de certa maneira. Nós vamos ter um degrau no número de pacientes confirmados e a mesma coisa, em bem menor número, com relação ao número de óbitos. O número de óbitos com exames a confirmar é muito pequeno. Então não vai interferir significativamente na questão relacionada a óbitos", assegurou, sem revelar o número de mortes suspeitas aguardando exame.

O número de testes de Covid-19 aguardando resultado no Estado aumentou em relação à semana passada, quando estava na casa de 16 mil e foi anunciada a criação de uma força-tarefa pelo governo estadual para reduzir este estoque.

Diante da falta de insumos para que os exames sejam feitos sob cuidados da secretaria, o secretário disse que o governo paulista comprou exames prontos e que alguma entidades --cujos nomes não quis revelar-- farão esses exames.

São Paulo é o epicentro da epidemia de coronavírus no Brasil e tem, de longe, o maior número de casos confirmados e de mortes causadas pelo coronavírus. De acordo com números do Ministério da Saúde, o Estado tem 4.866 casos confirmados e 304 mortes. No país todo, o número de casos confirmado é de 12.056 e o de mortos de 553.

Brasil tem 13.717 casos confirmados e 667 mortes por coronavírus, diz ministério

SÃO PAULO (Reuters) - O número de mortes em decorrência do novo coronavírus no Brasil atingiu 667 nesta terça-feira, um aumento de 114 em relação à véspera, enquanto os casos confirmados no país tiveram alta de 1.661 na comparação diária, chegando a 13.717, informou o Ministério da Saúde.

Assim, a letalidade da doença no país é de 4,9% dos casos confirmados, ainda de acordo com números da pasta.

São Paulo continua sendo o Estado com maior número tanto de infecções confirmadas quanto de mortes pelo coronavírus no Brasil, com 5.682 casos, alta de 816 em relação à véspera, e 371 óbitos, ante 304 registrados na segunda-feira.

Na sequência da contagem do ministério vem o Rio de Janeiro, com 1.688 casos e 89 mortes.

Na segunda-feira, o governador paulista, João Doria (PSDB), prorrogou a quarentena no Estado até 22 de abril, medida que foi seguida nesta terça-feira pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), que estendeu o isolamento até o final do mês, mas flexibilizou as medidas em cidades onde não há incidência de Covid-19.

O Tocantins é o único Estado do país a não ter registrado óbitos pela Covid-19.

A maior parte dos casos confirmados está concentrada no Sudeste, que possui 59,3% das infecções, enquanto o Nordeste tem 17,6%, o Sul, 10,4%, o Norte, 6,9% e o Centro-Oeste, 5,7%.

Por: João Batista Olivi e Ericson Cunha
Fonte: Notícias Agrícolas

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