Redução de 1% nos juros do Plano Safra pode resultar em taxas maiores do que as praticadas pelo mercado

Publicado em 29/05/2017 17:45
Segundo o jornal Valor Econômico, no novo pacote de crédito (que deverá ser lançado dia 5 de junho) o governo decidiu garantir juros mais baixos, de até 6,5% ao ano, e um volume total de recursos a juros controlados da ordem de R$ 184 bilhões, mesmo patamar colocado à disposição dos agricultores e pecuaristas do país na atual temporada (R$ 183,9 bilhões), que terminará em 30 de junho.

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Adeniro Vian - Diretor do IBD Agro

 

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Na última semana, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, divulgou algumas informações a respeito do novo Plano Safra. Entre essas informações, havia a de que os juros oficiais poderiam ter um recuo em torno de 1% em relação à safra anterior.

De acordo com Adeniro Vian, diretor da IBD Agro, essas primeiras divulgações por parte de Maggi já sinalizam para o produtor que não vai haver uma redução como era esperada no passado. Este 1% que está sendo sinalizado é o valor máximo que o governo está chegando para equilibrar a redução dos gastos definido em PEC.

Quando o Governo baixa cada ponto percentual, tem que subir um ponto em outra medida. Este fator não tem nenhuma relação com o cenário político atual. Essa taxa de juros vem sendo discutida antes mesmo da divulgação das delações da JBS. Já era dito que o governo haveria problemas nesta safra para se enquadrar dentro da PEC dos Gastos, segundo Vian.

O dólar, na visão de Vian, está dentro de um "patamar suportável" e dentro de uma previsibilidade dado o presente momento. Entretanto, se este cenário de queda dos juros também permanece e continua caindo nos próximos meses, o Brasil corre o risco de ter um juros subsidiado mais caro do que o juros real e, como aponta o diretor, isso está muito próximo de acontecer.

Na prática, isso irá dizer para o mercado que a política agrícola que era, basicamente, alicerçada no crédito, teve uma mudança de patamar, com taxas de juros sendo cobradas acima da Selic.

Hoje, se pratica uma taxa de juros de 9,5% para o grande produtor que pode chegar até 17,5% ao ano com outros recursos obtidos pelo produtor juntamente aos bancos, o que já está acima da Selic. Diminuindo 1% dessa taxa, o cenário não muda - assim, não há vantagens do crédito rural em relação ao crédito comercial.

Com isso, os produtores não devem ter vantagens com essa negociação. O ideal seria que o Governo assumisse um compromisso de essa taxa se equiparar à taxa Selic para, posteriormente, tomar uma nova decisão.

Vian acredita que os produtores devem fazer contas para saber como se posicionar em relação à divulgação do Plano Safra e não "esticar as pernas" além do que estão precisando neste momento.

Por: Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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