Vitória de Trump nos EUA ainda é uma incógnita para economia mundial. Impactos para o câmbio devem ser pontuais
Na madrugada desta quarta-feira (9), o candidato republicano Donald Trump foi eleito para assumir a presidência dos Estados Unidos, fato que surpreendeu o mercado, que já contava com uma possível vitória da candidata democrata Hillary Clinton, o que, por sua vez, indicaria uma estabilidade em relação ao governo atual.
De acordo com o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, o cenário inesperado ainda precisa ser precificado. "É preciso tentar entender ao que vem o Trump. Essa é a grande dúvida", aponta.
O economista diz que a incerteza em relação às ações do candidato eleito ainda gera dúvida a curto prazo. Para o Brasil, que se encontra em recuperação econômica, o momento composto por uma volatilidade global também deve afetar a economia local, embora ainda não seja possível mensurar esses impactos.
Neste momento, a moeda americana também fica em dúvida. Vieira explica que o atual cenário seria de uma desvalorização do dólar, mas como o dólar no Brasil também é um ativo de segurança, "é difícil mensurar qual vai ser o equilíbrio tanto do dólar local quanto internacional", diz.
Não se sabe ainda, portanto, quais serão os impactos deste fato no agronegócio, se irá ajudar ou atrapalhar as negociações. Ele lembra que as dúvidas poderão seguir até a posse de Donald Trump.
"O Trump poderá começar a citar [antes da posse] algumas coisas sobre o que irá realmente fazer e muito disso poderá trazer mais clareza. Para alguns, o discurso de vitória foi considerado até moderado e conciliador. Se seguir essa linha, não é uma coisa negativa", diz.
As relações com alguns países-chave, como México e China, ainda também são incertas. "Ninguém sabe se o que ele falou era pura retórica - o que as massas queriam ouvir - ou se ele realmente tem intenção de levar isso a cabo, logo, esse fator coloca o mercado em muita dúvida até ele ter uma coisa concreta", destaca.
Tudo, até o momento, "está operando no boato", como afirma o economista, com volatilidade tendendo a aumentar. Ele lembra ainda que o "Brexit", a saída do Reino Unido da União Europeia, também teve um efeito parecido, mas logo foi dissipado.