"Nem Dilma nem Temer", EDITORIAL de 1a. página da FOLHA (publicado na tarde deste sábado)

Publicado em 02/04/2016 18:40
Folha pede a renúncia da chapa Dilma/Temer

A presidente Dilma Rousseff (PT) perdeu as condições de governar o país.

É com pesar que este jornal chega a essa conclusão. Nunca é desejável interromper, ainda que por meios legais, um mandato presidencial obtido em eleição democrática.

Depois de seu partido protagonizar os maiores escândalos de corrupção de que se tem notícia; depois de se reeleger à custa de clamoroso estelionato eleitoral; depois de seu governo provocar a pior recessão da história, Dilma colhe o que merece.

Formou-se imensa maioria favorável a seu impeachment. As maiores manifestações políticas de que se tem registro no Brasil tomaram as ruas a exigir a remoção da presidente. Sempre oportunistas, as forças dominantes no Congresso ocupam o vazio deixado pelo colapso do governo.

A administração foi posta a serviço de dois propósitos: barrar o impedimento, mediante desbragada compra de apoio parlamentar, e proteger o ex-presidente Lula e companheiros às voltas com problemas na Justiça.

Mesmo que vença a batalha na Câmara, o que parece cada vez mais improvável, não se vislumbra como ela possa voltar a governar. Os fatores que levaram à falência de sua autoridade persistirão.

Enquanto Dilma Rousseff permanecer no cargo, a nação seguirá crispada, paralisada. É forçoso reconhecer que a presidente constitui hoje o obstáculo à recuperação do país.

Esta Folha continuará empenhando-se em publicar um resumo equilibrado dos fatos e um espectro plural de opiniões, mas passa a se incluir entre os que preferem a renúncia à deposição constitucional.

Embora existam motivos para o impedimento, até porque a legislação estabelece farta gama de opções, nenhum deles é irrefutável. Não que faltem indícios de má conduta; falta, até agora, comprovação cabal. Pedaladas fiscais são razão questionável numa cultura orçamentária ainda permissiva.

Mesmo desmoralizado, o PT tem respaldo de uma minoria expressiva; o impeachment tenderá a deixar um rastro de ressentimento. Já a renúncia traduziria, num gesto de desapego e realismo, a consciência da mandatária de que condições alheias à sua vontade a impedem de se desincumbir da missão.

A mesma consciência deveria ter Michel Temer (PMDB), que tampouco dispõe de suficiente apoio na sociedade. Dada a gravidade excepcional desta crise, seria uma bênção que o poder retornasse logo ao povo a fim de que ele investisse alguém da legitimidade requerida para promover reformas estruturais e tirar o país da estagnação.

O Tribunal Superior Eleitoral julgará as contas da chapa eleita em 2014 e poderá cassá-la. Seja por essa saída, seja pela renúncia dupla, a população seria convocada a participar de nova eleição presidencial, num prazo de 90 dias.

Imprescindível, antes, que a Câmara dos Deputados ou o Supremo Tribunal Federal afaste de vez a nefasta figura de Eduardo Cunha –o próximo na linha de sucessão–, réu naquela corte e que jamais poderia dirigir o Brasil nesse intervalo.

Dilma Rousseff deve renunciar já, para poupar o país do trauma do impeachment e superar tanto o impasse que o mantém atolado como a calamidade sem precedentes do atual governo.

 

Folha pede renúncia de Dilma e Temer em editorial. É claro que não concordo. E digo por quê (REINALDO AZEVEDO)

Ainda que pedir eleições agora soe simpático, nem mesmo é algo responsável. Precisamos é do cumprimento da lei

A Folha, jornal de que sou colunista, pede em editorial, na edição deste domingo, a renúncia da presidente Dilma Rousseff e de seu vice, Michel Temer, e a realização de eleições. O texto se chama “Nem Dilma nem Temer”. É evidente que discordo da tese porque a vejo ancorada em erros insanáveis. Leiam o texto. Volto depois.
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A presidente Dilma Rousseff (PT) perdeu as condições de governar o país.

É com pesar que este jornal chega a essa conclusão. Nunca é desejável interromper, ainda que por meios legais, um mandato presidencial obtido em eleição democrática.

Depois de seu partido protagonizar os maiores escândalos de corrupção de que se tem notícia; depois de se reeleger à custa de clamoroso estelionato eleitoral; depois de seu governo provocar a pior recessão da história, Dilma colhe o que merece.

Formou-se imensa maioria favorável a seu impeachment. As maiores manifestações políticas de que se tem registro no Brasil tomaram as ruas a exigir a remoção da presidente. Sempre oportunistas, as forças dominantes no Congresso ocupam o vazio deixado pelo colapso do governo.

A administração foi posta a serviço de dois propósitos: barrar o impedimento, mediante desbragada compra de apoio parlamentar, e proteger o ex-presidente Lula e companheiros às voltas com problemas na Justiça.

Mesmo que vença a batalha na Câmara, o que parece cada vez mais improvável, não se vislumbra como ela possa voltar a governar. Os fatores que levaram à falência de sua autoridade persistirão.

Enquanto Dilma Rousseff permanecer no cargo, a nação seguirá crispada, paralisada. É forçoso reconhecer que a presidente constitui hoje o obstáculo à recuperação do país.

Esta Folha continuará empenhando-se em publicar um resumo equilibrado dos fatos e um espectro plural de opiniões, mas passa a se incluir entre os que preferem a renúncia à deposição constitucional.

Embora existam motivos para o impedimento, até porque a legislação estabelece farta gama de opções, nenhum deles é irrefutável. Não que faltem indícios de má conduta; falta, até agora, comprovação cabal. Pedaladas fiscais são razão questionável numa cultura orçamentária ainda permissiva.

Mesmo desmoralizado, o PT tem respaldo de uma minoria expressiva; o impeachment tenderá a deixar um rastro de ressentimento. Já a renúncia traduziria, num gesto de desapego e realismo, a consciência da mandatária de que condições alheias à sua vontade a impedem de se desincumbir da missão.

A mesma consciência deveria ter Michel Temer (PMDB), que tampouco dispõe de suficiente apoio na sociedade. Dada a gravidade excepcional desta crise, seria uma bênção que o poder retornasse logo ao povo a fim de que ele investisse alguém da legitimidade requerida para promover reformas estruturais e tirar o país da estagnação.

O Tribunal Superior Eleitoral julgará as contas da chapa eleita em 2014 e poderá cassá-la. Seja por essa saída, seja pela renúncia dupla, a população seria convocada a participar de nova eleição presidencial, num prazo de 90 dias.

Imprescindível, antes, que a Câmara dos Deputados ou o Supremo Tribunal Federal afaste de vez a nefasta figura de Eduardo Cunha –o próximo na linha de sucessão–, réu naquela corte e que jamais poderia dirigir o Brasil nesse intervalo.

Dilma Rousseff deve renunciar já, para poupar o país do trauma do impeachment e superar tanto o impasse que o mantém atolado como a calamidade sem precedentes do atual governo.

Retomo
Sempre temo, em todo bom texto, o momento das conjunções e das locuções adversativas e concessivas. Costuma ser a hora da virada; costuma ser a hora em que a virtude se ajoelha aos pés do vício.

Assim é com o texto acima, que vai muito bem nos oito primeiros parágrafos. E não só porque resume as razões que justificam a saída de Dilma, mas porque os argumentos estão assentados em fatos.

É no nono parágrafo, introduzido pela conjunção subordinativa concessiva “embora”, que o texto perde o rumo. Seria preciso explicar o que o jornal entende “por comprovação cabal” da dita pedalada, que foi dada, como atesta farto material tornado público pelo TCU.

E a dita-cuja caracteriza crime de responsabilidade (Inciso VI do Artigo 85 da Constituição), com punição disciplinada pela Lei 1.079. Não há ambiguidade nenhuma. Até porque, ora vejam, ambiguidade houvesse, não seria o caso nem de impeachment nem de renúncia.

Erra também a Folha quando, ao cobrar a renúncia, diz que “condições alheias à vontade da presidente” a impedem de desempenhar a sua missão. Só nas tiranias, tais condições não são alheias, não é mesmo? O “alheias” não pode ser entendido como “forças ocultas”. É o estado de direito que tem impedido Dilma de governar.

Não cabe a mim ou à Folha estabelecer novas condições para o impedimento de governantes, além daquelas que estão dadas pela Constituição e pela lei. Ainda que pedir eleições agora soe simpático, nem mesmo é algo responsável. Precisamos é do cumprimento da lei.

Eu não defendo a saída de Dilma porque ela é impopular. Quero que ela saia porque cometeu crime de responsabilidade. Se ficar comprovado que Temer incorreu no mesmo delito, que, então, saia também. Sem isso, pedir a renúncia de ambos implicaria considerar que desempenham papéis equivalentes no coquetel de crises. E isso me parece indemonstrável.

Não, não seria “uma bênção” haver eleições num momento em que a rejeição à política e aos políticos atinge pontos paroxísticos. O Brasil reúne hoje, infelizmente, todas as condições para pessoas que apresentam soluções simples e erradas para problemas difíceis.

Mas notem: não se trata de devolver ou de tirar isso ou aquilo do povo, mas de se fazer cumprir a vontade do povo, consubstanciada na Constituição.

Qualquer solução fora dela é mágica destinada a criar novos problemas em vez de resolver os que aí estão. Pensei em dar essa resposta a Marina Silva e ao PSTU, que defendem a mesma tese. Mas, para esses dois, considerei que não valia a pena.

PS – Claro! Que Dilma renuncie logo! Fui o primeiro na imprensa a cobrar.

 

O impeachment ou o caos (por Denis Rosenfield, em O GLOBO)

O governo Dilma, o ex-presidente Lula e o PT devastaram a coisa pública, produzindo um cenário de terra arrasada 

Embora o governo já tenha acabado, a presidente Dilma, Lula e o PT se agarram por todos os meios ao poder. Utilizando uma linguagem popular: não querem largar o osso de forma nenhuma! 

Os meios são os mais diversos possíveis, apesar de terem uma denominação comum: a ausência de escrúpulos, a falta de pudor e a desconsideração de toda moralidade. Tudo vale, contanto que o aparelhamento partidário do Estado seja mantido e os seus “benefícios” conservados. 

Os paparicados de ontem tornam-se os “golpistas” de hoje. A fábrica de destruição de imagens volta a funcionar a todo o vapor, tendo agora como alvos prediletos o vice-presidente Michel Temer e o PMDB. A estratégia é velha conhecida, tendo sido utilizada frequentemente pelo PT. Incapaz de se defender e de dar conta dos seus atos, volta-se para o ataque, atribuindo aos outros os seus próprios feitos. 

Por exemplo, culpa o “neoliberalismo” e o “ajuste fiscal” (não realizado, aliás) por uma crise produzida por ele mesmo, graças a tal da “nova (vetusta) matriz econômica”, da irresponsabilidade fiscal, da destruição da Petrobras, do descontrole dos gastos públicos, da tolerância com a inflação e assim por diante. Em uma curiosa perversão, responsabilizam os outros por sua própria irresponsabilidade. 

O governo Dilma, o ex-presidente Lula e o PT devastaram a coisa pública, produzindo um cenário de terra arrasada. A corrupção tornou-se um meio de governar. Os escândalos mostram milhões e bilhões de reais sendo apropriados partidária e privadamente em conluio com empreiteiras inescrupulosas. O discurso, no entanto, é o de que, se corrupção há, seria igual em todos os partidos. A lama é atirada em todos para justificar a sua própria sujeira. E, embuste maior, a crise atual teria como responsável o “capitalismo” e a “direita”! 

O país ruma para a crise social, com o desemprego aproximando-se de dez milhões de pessoas, em curva ascendente, a inflação próxima de dois dígitos e uma quebra geral de expectativas. A dita classe média ascendente, que acreditou na ficção política petista, está sendo arremessada de volta à sua condição anterior. Saborearam a mudança e, agora, tudo perderam. E qual é o discurso: o PT defende os pobres e o emprego! Haja cinismo! 

Politicamente, o governo continua em seu persistente esforço de dividir o PMDB e de destruir a coesão de qualquer partido que se interponha em seu caminho. A hegemonia petista não permite nenhuma alternativa partidária. 

Com a abandono amplamente majoritário do PMDB, com alguns fisiológicos mais extremados ainda resistindo, o governo Dilma partiu para uma “repactuação”. Nome bonito que significa apenas uma negociação ainda mais imoral com o baixo do baixo clero dos partidos, que ainda pretendem saquear um pouco mais os cofres públicos. Seria a sua última chance! É a fisiologia em estado puro, sem nenhum disfarce. Haja falta de vergonha! 

Ideologicamente, a narrativa petista é a de “resistência ao golpe”, que é nada mais do que uma preparação para a passagem sua à oposição, caso, como tudo indica, o impeachment vingue. O desrespeito à Constituição é manifesto, pois o impeachment é um instituto constitucional. Aliás, o próprio PT saudou o rito deste instituto quando estabelecido pelo Supremo. No passado, defendeu o impeachment do ex-presidente Collor e propôs o impeachment do ex-presidente Fernando Henrique. Para eles, a Constituição é somente um papel descartável, cuja serventia depende unicamente do seu uso partidário. 

Considere-se, contudo, a possibilidade de que o governo, em seu afã de sobrevivência e falta de escrúpulo com a coisa pública, consiga um quórum que lhe permita se salvar do impeachment. Imaginem a seguinte situação: graças às suas manobras fisiológicas e outras, o governo teria conseguido impedir que as oposições reúnam os 342 votos necessários, tendo chegado a 340. 

Qual seria a legitimidade de um governo deste tipo? Como poderia governar? Como seria capaz de tirar o país do buraco em que ele mesmo o colocou? 

O amanhã seria de mais crise econômica, mais fisiologismo e corrupção, mais desemprego, mais indignação moral e, talvez, convulsão social. A crise, em suas mais diferentes facetas, só se acentuaria. 

O governo Dilma, para além de sua incompetência, foi incapaz de reconhecer os seus próprios erros. O PT, aliás, tem como único mote a sua repetição. Até o ex-presidente Lula, que teve um primeiro mandato sensato do ponto de vista econômico, adotou a mesma bandeira do descalabro fiscal e de destruição das instituições. Hoje teme a prisão, assim como vários de seus companheiros. 

Se o impeachment não vingar, o país ruma para o caos. 

Abre-se, porém, uma oportunidade, a de que o impeachment seja uma operação bem-sucedida, com deputados e senadores voltados para um bem maior que é o país. O desafio diante de nós seria enorme: tirar o Brasil do precipício no qual se encontra. 

Trata-se de uma saída constitucional, que preservaria nossas instituições e oferecia aos cidadãos uma real alternativa, não apenas de poder, mas, sobretudo, de futuro. Urge que o país entre em um processo de pacificação e de unificação nacional. O governo atual já se mostrou claramente incapaz de um empreendimento deste tipo. Se ainda procura resgatar esse discurso, é apenas para encenar um fiapo de credibilidade. 

Em caso de impeachment, assumiria o vice-presidente, que tem afirmado reiteradamente o seu compromisso com as instituições, com o prosseguimento da Lava-Jato e com um projeto de transformação do país, baseado, precisamente, em um grande pacto nacional. 

Isto significa que todos os partidos deveriam ser chamados para colaborar com esse projeto de reunificação nacional. Todos os que ainda estiverem presos aos “cargos” e às suas "benesses" deveriam ser deixados pelo caminho, pois escolheram o passado — que está passando rapidamente! 

A oportunidade é única. Não podemos perdê-la! 

Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul

O golpe do 'golpe'

Por DEMÉTRIO MAGNOLI

O kirchnerismo caiu numa disputa eleitoral. Derrotas nas urnas são contingências normais do jogo político. O lulopetismo encara a perspectiva de uma catástrofe: a humilhação histórica de um impeachment sustentado pela maioria esmagadora da população. É diante desse abismo que seus dirigentes formularam a narrativa do golpe. Ela não se destina a salvar o mandato agonizante de Dilma Rousseff, mas a resgatar os responsáveis pelo desastre. "Golpe" é a palavra escolhida para hipnotizar a base militante petista no pós-Dilma, congelando o debate interno e salvando a liderança política de Lula.

Os dirigentes petistas não são néscios. Eles não acalentam a pretensão exorbitante de persuadir a sociedade com o conto de um "golpe" que segue a Constituição e as leis, num processo definido milimetricamente pelo STF. Da mesma forma, sabiam que a ofensiva na imprensa internacional, por meio de entrevistas de Dilma e Lula de denúncia do "golpe", provocaria irônica perplexidade entre os correspondentes estrangeiros. Foi pior que o 7 a 1: o governo brasileiro e, por extensão, o próprio país, converteram-se em objeto de piada e escárnio. Mas isso estava na conta. É uma prestação a pagar pelo objetivo maior.

Um quarto de século atrás, combativos parlamentares do PT clamavam pelo impeachment de Collor argumentando que a legitimidade das urnas não colocava o presidente acima da ordem legal. Se houvesse hoje um golpe em curso, Dilma recorreria à Constituição para abortá-lo, invocando perante o Congresso a necessidade de decretação do estado de sítio. Mas, como o "golpe" não é golpe, a presidente nada solicitou aos parlamentares que se preparam para apeá-la legalmente. O público-alvo da lenda do "golpe" é a área de influência do PT. Os militantes não precisam acreditar na cantiga de ninar. Basta que a assumam como benevolente autoilusão: um truque capaz de aplacar as angústias de quem acompanhou uma trajetória de degradação política e ética.

O governo foi escorraçado pela nação, experimentando o desprezo do povo, o abandono dos empresários, a traição de uma elite política que compartilhava o poder. Essa narrativa sobre o encerramento melancólico do longo ciclo de poder do PT solicitaria uma implacável revisão crítica interna. Seria preciso identificar erros de natureza política, ideológica e metodológica, para começar outra vez, sobre um mármore limpo. Como aconteceu com veneráveis partidos europeus, a refundação implicaria uma renovação na cúpula dirigente. O "golpe" nasceu para cortar essa hipótese pela raiz. É uma narrativa que serve aos interesses de Lula, mas sabota o futuro do PT.

Desde a redemocratização, quase todas as correntes de esquerda no Brasil assumiram posições à sombra do guarda-chuva de Lula. O controle lulista sobre a esquerda acentuou-se nos mandatos do ex-presidente, que lançou mão de financiamentos oficiais indiretos para subordinar os chamados "movimentos sociais" ao Palácio. Contudo, nos últimos anos, sob os impactos dos escândalos de corrupção e do esgotamento das políticas de estímulo ao consumo, fragmentos da esquerda (como o Psol e o MTST) adquiriram autonomia, esboçando desafios à hegemonia lulista. A segunda finalidade da farsa do "golpe", que complementa a primeira, é restabelecer uma ordem abalada.

A narrativa de um governo que fracassou politicamente depois de se associar ao alto empresariado numa vasta trama de corrupção serve como bandeira para reaglutinações da esquerda longe da sombra de Lula. Já a narrativa do "golpe das elites" contra o "governo popular" congela os movimentos de ruptura, reinserindo-os na órbita lulista. O golpe do "golpe" tem a função de estender o regime de servidão voluntária da esquerda para além da queda de Dilma. Nesse sentido, funciona, como se viu nos atos "contra o golpe" do 31 de março.

 

Um elenco de golpistas

Por RUY CASTRO, do RIO DE JANEIRO - 

Já vivi vários golpes de Estado e todos me pegaram de surpresa. Nada demais nisto, nunca participei de qualquer governo, nem podia saber que havia um golpe em curso. O incrível é que esses golpes pegaram de surpresa também os governos que derrubaram. Claro -ou não seriam golpes.

O golpe que vem sendo denunciado pelo governo Dilma é diferente. Dá-se à luz do dia, tramado por 73% da população, que desaprova o dito governo, sob as barbas do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, de membros do STF, da Procuradoria Geral, do Ministério Público, da Polícia Federal, da OAB e de outras instituições da República, que nada fazem para impedi-lo, e obedece a um complexo ritual de trâmites, todos com data marcada com meses de antecedência. E, contrariando a natureza dos golpes, em que os golpistas atuam embuçados e na sombra, neste eles vêm à boca de cena e se identificam publicamente.

Na terça última (29), inúmeras categorias profissionais ocuparam as páginas dos jornais dizendo que gostariam de ver a presidente pelas costas. E se assinaram: fabricantes de sorvete, chocolate, biscoitos, balas, doces e derivados; plantadores de milho, cana e amendoim e produtores de óleos e azeites, leite, soja e macarrão. Sindicatos das indústrias de tintas e vernizes, cerâmicas e olarias, parafusos, porcas, rebites e similares, de artefatos de metais ferrosos e não ferrosos, de curtimento de couros e peles e de extração de mármores, calcários e pedreiras.

Industriais da cerâmica de louça e porcelana, da recauchutagem de pneus e retífica de motores e do beneficiamento de fibras vegetais e descaroçamento de algodão. Alfaiates, gráficos, farmacêuticos, misturadores de adubos, criadores de suínos e controladores de pragas urbanas. Etc. etc. etc.

Nunca se viu um elenco tão variado de golpistas.

 

"Temer sabe que o que estão fazendo é golpe", diz Lula em ato em Fortaleza

Em discurso realizado durante manifestação em Fortaleza neste sábado (2), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas ao atual vice-presidente Michel Temer (PMDB) e disse que voltará a ser ministro da Casa Civil do governo Dilma "se tudo der certo".

"O Temer é um constitucionalista, ele é professor de direito, ele sabe que o que estão fazendo é golpe. E isso, ele sabe, que vão cobrar é pra o filho dele, para o neto dele amanhã, porque a forma mais vergonhosa de chegar ao poder é tentar imputar o mandato, dar o golpe numa mulher da qualidade e seriedade da presidenta Dilma Rousseff", afirmou.

Ele pediu que os deputados da Comissão Especial de Impeachment que não votem contra a presidente Dilma. "Eu tava pensando que eu ia descansar minha vida. Mas não vou permitir que haja golpe e queria fazer, nesta praça, um apelo aos deputados federais, que estão na comissão: esta não é a melhora maneira de chegar ao poder."

  Ricardo Stuckert/Instituto Lula/Divulgação  
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de ato contra o impeachment, em Fortaleza

A posse de Lula no ministério foi suspensa pelo ministro Gilmar Mendes no último dia 18.
"Na próxima quinta-feira, se tudo der certo, se a Corte Suprema aceitar, eu estarei assumindo o ministério. "Eu volto para ajudar a companheira Dilma, ajudar de verdade, andar de mão dada com ela e com vocês", disse.

Lula afirmou que o país vive um "clima de ódio" e lembrou do caso da pediatro do Rio Grande do Sul que parou de atender uma criança porque a mãe é petista.

No pronunciamento, o ex-presidente voltou a se defender das acusações de que é dono de um tríplex no Guarujá e de um sítio em Atibaia."Faz dois anos que eu estou sendo vítima dos maiores ataques. Eles já criaram um apartamento para mim que não é meu. Eu quero convidar vocês, no dia que for meu, pra ir lá. Eles já inventaram uma chácara que não é minha e quando for minha vocês vão visitar minha chácara." Lula disse ainda esperar que a Polícia Federal e o Ministério Público tenham a "grandeza" de lhe pedir desculpas.

Lula também criticou o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, que tem feito campanha, inclusive com anúncios em jornais e revistas, a favor do impeachment. "Ele vai ter de explicar de onde vem o dinheiro para fazer essa campanha", disse.

Em um discurso rápido, sob chuva intensa, ele não mencionou a Operação Lava Jato ou as novas investigações que ligam o petrolão ao mensalão e ao caso do prefeito Celso Daniel, assassinado em 2002.

O ex-presidente reagiu ainda a outdoors que foram espalhados pela cidade de Fortaleza contra sua presença, como o do Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará (Simec). "Eu soube que ontem, nessa cidade, encheram de outdoor contra o Lula. Eu não fico com ódio. Aos 70 anos, estou pensando que o homem (Deus) quer me chamar. Então não quero brigar. O dinheiro que essas pessoas gastaram com outdoor para falar mal de mim, deviam ter vergonha e fazer outdoor pelo que fiz pelo Nordeste e pelo Ceará", disse.

Lula encerrou seu discurso criticando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Temer, Cunha, não vai ter golpe."

De acordo com a Secretaria de Segurança e Desenvolvimento Social do Ceará, entre 10 mil e 12 mil pessoas estiveram no "Ato por mais democracia", na praça do Ferreira. Já para a organização do evento, coordenado pela Frente Brasil Popular, foram 50 mil pessoas.

 

Em resposta a Lula, Temer diz que "por ser especialista, sabe que não há golpe"

Numa resposta a discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Michel Temer divulgou nota neste sábado (2) na qual afirma que, exatamente por ser "constitucionalista" pode afirmar que não há um golpe em curso no Brasil.

O posicionamento do vice, divulgado em nota por sua assessoria, rebate provocação feita por Lula em um ato em Fortaleza. No palanque, o petista afirmou que "Temer é um constitucionalista, um professor de direito", e que, por isso, saberia que o que está havendo é um "golpe" contra a presidente Dilma Rousseff.

A fala foi uma referência de Lula ao processo de impeachment do qual a presidente é alvo. O antecessor de Dilma chegou a mencionar os filhos e netos de Temer em seu discurso, ao dizer que o peemedebista seria cobrado no futuro por suas convicções hoje.

Na nota, a assessoria de Temer rebate: "Justamente por ser professor de direito constitucional, Michel Temer tem ciência de que não há golpe em curso no Brasil". 

 

O submundo do crime

POR MERVAL PEREIRA, EM O GLOBO 02/04/2016 10:31

Mensalão, petrolão, escândalos de corrupção que deixaram marcas indeléveis na história do Brasil, e do partido que se propunha a mudar a maneira de fazer política no país, são consequências quase que obrigatórias da atuação no submundo do crime que sustentou a chegada do PT ao comando do governo federal.
Não é à toa que figuras como o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário-geral do PT Silvinho Pereira, condenados no mensalão, aparecem novamente na fase atual da Lava-Jato, que, batizada de Carbono 14, exuma fatos da pré-história petista rumo ao poder.
À linguagem chula do chefão, soma-se agora uma série de suspeitas de ações criminosas: assassinatos em série, chantagens, ameaças de todo o tipo, incêndio possivelmente criminoso, propina da máfia dos transportes públicos e do recolhimento de lixo em cidades dirigidas pelo PT. 
O estereótipo do sindicalismo criminoso, tornado famoso pelos relatos cinematográficos de Hollywood, está na raiz da ascensão política do PT e, tal qual um novo rico que quer esconder seu passado, ou comprar título de nobreza, também os petistas gostariam de sepultar o passado para assumir postura de grandes líderes políticos.
A maioria conseguiu mudar a aparência às custas de bem cortados ternos Armani, ou do nacional Ricardo Almeida, e manteve a pose até quando conseguiu, mas o espírito continua o mesmo. Espectros do passado teimam em persegui-los, o cadáver insepulto do ex-prefeito de Santo André cisma de confrontá-los, os companheiros que, pelos relatos da família e que agora passam a ser investigados pela Operação Lava Jato, desviaram-se do caminho vislumbrado por Daniel e acabaram por se livrarem dele da maneira mais brutal.
A Operação Carbono 14, desdobramento 27 da Lava Jato, deflagrada ontem, aprofunda a investigação sobre lavagem do dinheiro de empréstimo do Banco Schahin para o PT que teria sido pago com contratos da Petrobrás, tendo como internediário o amigo de Lula José Carlos Bumlai. 
Quem ligou as pontas entre o empréstimo fraudulento e o crime de Santo André foi a ex-contadora do doleiro Alberto Yousseff. Meire Poza entregou à Polícia Federal documentos que provam que pelo menos metade do empréstimo, cerca de R$ 6 milhões, tiveram como destinatário final o empresário Ronan Maria Pinto, preso ontem pela Lava Jato.
(Coincidentemente, o escritório de Meire foi incendiado ontem, em mais um toque mafioso nessa trama escabrosa). 
Segundo relato do empresário Marcos Valério, foi o pagamento de uma chantagem do empresário do ABC contra os ex-ministros Gilberto Carvalho, José Dirceu e também contra Lula, para não contar a verdadeira história do assassinato de Celso Daniel. 
O blogueiro chapa-branca Breno Altman, que escreve no blog 247 e dirige o Opera Mundi, foi levado coercitivamente para depor, pois aparece novamente em esquemas criminosos, como a ligação de José Dirceu com doleiros e assemelhados.
O documento que Meire apresentou à Polícia Federal foi lhe dado pelo doleiro Enivaldo Quadrado, braço direito de Youssef, condenado no mensalão. Cuja multa na ocasião foi paga pelo PT, através de Altman. 
O ex-secretário-geral do PT Silvinho Pereira (ou Silvinho Land Rover, devido a um carro que recebeu de presente no mensalão) recebia uma mesada para ficar calado, pois é dado a remorsos que precisam ser muito bem remunerados para não se tornarem delações premiadas.
Na época do mensalão, ele se dispôs a depor para O Globo, mas acabou arrependendo-se, num surto psicótico em que quebrou todo o seu apartamento e se disse ameaçado de morte. Diante do fato de que nada menos que nove mortos já surgiram no rastro do assassinato do ex-prefeito Celso Daniel, seu temor não deve ser sem motivo.
Também o delator Paulo Roberto Costa declarou-se com medo de ser morto, alegando justamente o caso Celso Daniel. A Operação Lava Jato chega, portanto, às profundezas da lama petista. 
Os fantasmas do mensalão unem-se à atualidade do petrolão para mostrar a continuidade delitiva dessa organização criminosa - já oficialmente assim identificada - que tomou conta do governo brasileiro, de acordo com a visão da Operação Lava Jato. 

Os pontos-chave:
1- Não é à toa que figuras como o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário-geral do PT Silvinho Pereira, condenados no mensalão, aparecem novamente na fase atual da Lava-Jato, que, batizada de Carbono 14, exuma fatos da pré-história petista rumo ao poder.
2 - Espectros do passado teimam em persegui-los, o cadáver insepulto do ex-prefeito de Santo André cisma de confrontá-los, os companheiros que, pelos relatos da família e que agora passam a ser investigados pela Operação Lava Jato, desviaram-se do caminho vislumbrado por Daniel e acabaram por se livrarem dele da maneira mais brutal.
3 - Os fantasmas do mensalão unem-se à atualidade do petrolão para mostrar a continuidade delitiva dessa organização criminosa que tomou conta do governo brasileiro.

 

E o sonho acabou

Por FERREIRA GULLAR

Acredito que a maneira que temos para sair da situação crítica em que nos encontramos é tentarmos entender o que ocorreu no país e o conduziu ao impasse.

Certamente, cada analista político tem sua própria compreensão do problema em que haverá, sem dúvida, alguma verdade, mas que, a meu ver, nem sempre pode explicar certos aspectos dos governos petistas que estão no poder há mais de 12 anos.

Em meus comentários, tenho buscado caracterizar esse governos como populistas, a exemplo do que ocorreu na Argentina, na Venezuela, na Bolívia e no Equador.

Se é certo que, em cada um desses países, o populismo se manifestou de maneira particular, em todos eles pôs em prática um tipo de governo que se apresenta como defensor dos pobres contra os ricos, embora, na prática, não seja bem isso, como constatamos no Brasil.

Esse novo populismo –ao contrário do que se impôs nos anos 1930, 40, 50 (por aí)– é um arremedo do regime marxista, mesmo porque surgiu como consequência do fim daqueles regimes no mundo inteiro.

Como o populismo latino-americano não nasceu de uma revolução e, sim, da disputa eleitoral, não pode impor a ditadura de um só partido mas, mesmo assim, pretende manter-se para sempre no poder.

Hugo Chávez, com seu socialismo bolivariano, mudou a Constituição da Venezuela para reeleger-se indefinidamente; o mesmo fez Evo Morales. Lula tentou um terceiro mandato mas não o conseguiu. O jeito foi eleger a Dilma, pensando em voltar quatro anos depois.

A intenção de permanecer indefinidamente no poder explica por que, em seu primeiro mandato, Lula evitou aliar-se ao PMDB, ao qual teria que ceder ministérios e altos cargos da máquina estatal. Em vez disso, aliou-se aos pequenos partidos, os quais, em vez de ministérios, comprou com dinheiro público –o mensalão.

Desgastado com esse escândalo –do qual escapou entregando a cabeça de seus principais militantes– Lula teve de aliar-se, no segundo mandato, ao PMDB, e lhe fazer as concessões conhecidas, algumas das quais reveladas pela Operação Lava Jato. Mas o projeto de poder de Lula não se limitou à compra de deputados e à barganha de cargos públicos.

Conforme têm mostrado as investigações realizadas, criou-se dentro da Petrobras uma aliança do governo com altos funcionários da empresa e dirigentes de empreiteiras para saqueá-la através de concorrências manipuladas e contratações fajutas, que geravam alta somas em propinas. Parte desse dinheiro era passada ao partido do governo e seus aliados.

Como se vê, a figura do líder operário Luiz Inácio Lula da Silva, que ganhou a confiança de certa intelectualidade de esquerda, na verdade juntou-se aos capitalistas que dizia combater, formando uma aliança criminosa que sonhava saquear o patrimônio público por décadas e décadas.

Como parte desse projeto, Lula e Dilma usaram recursos do Estado para os programas assistencialistas que lhes garantissem a reeleição permanente.

Com esse propósito, estimularam o consumismo, emprestando dinheiro do tesouro nacional a empresas produtoras de veículos, de geladeira, televisão, máquinas de lavar, enfim, de bens de consumo, para que os vendessem a preços acessíveis e a longo prazo aos consumidor de poucos recursos.

Ou seja, nós, contribuintes, financiávamos a política populista para que Lula se mantivesse no poder, como o pai dos pobres.

O que pretendo demonstrar com esses fatos é que o desempenho de Lula não foi apenas resultado de sua personalidade carismática. Na verdade, se atentamos para os fatos citados, é inevitável concluir que seu desempenho obedece a um projeto político que visava manter-se no poder indefinidamente. Ele só se esqueceu de que a economia tem leis que, desobedecidas, levam ao desastre. E o desastre chegou.

Agora, com o desembarque do PMDB do governo e a previsível aprovação do impeachment, a aventura lulopetista parece estar com os dias contados. 

 

Lula 3, a revanche

Por VINICIUS TORRES FREIRE

É possível que Dilma Rousseff não venha a ser deposta em maio. Assim, o Planalto voltou a pensar em um plano de governo conduzido por Lula. A frase é ambígua de propósito. Plano ou governo conduzido por Lula? Qual plano?

Depende, claro, de Dilma. O comportamento da presidente é previsivelmente errático. Ela se retrai e se abre a conselhos nas agonias; reincorpora Dilma ela mesma nos enganos das calmarias. A depender da opinião de ministros do palácio, todos agora lulistas por boniteza ou precisão, convicção ou necessidade, Lula deveria assumir o plano de governo pelo menos até que a situação "se estabilize", meses depois de uma derrota do impeachment.

Segundo lulistas do Planalto, Lula viria a propor um "pacto de governabilidade e reconciliação", um plano que tivesse o mesmo efeito de uma "Carta ao Povo Brasileiro", mas desta vez capaz de apelar tanto às "bases de esquerda" quanto a empresários e "parte da direita".

A "Carta", como se recorda, foi o documento que o candidato Lula lançou em junho de 2002 a fim de tranquilizar os donos do dinheiro grosso, manifesto com o qual subscreveu a política econômica implementada desde o governo FHC 2, aliás abandonada por Dilma 1.

Qual a substância dessa "repactuação", como a coisa vem sendo chamada por lulistas do Planalto? Névoa, por ora. Seria algo na linha de reiterar o compromisso com a estabilidade econômica (controle de gastos, dívida e inflação) com um programa de emergência para que o país volte a "gerar emprego e renda". Bidu.

Não importa muito o cargo que Lula assumiria. Mais relevante seria recompor a coalizão no Congresso e a afinação de Lula com a presidente.

O primeiro passo da formação da "nova base aliada" já está sendo dado, dizem os planaltinos.

Para começar, Lula está "virando" votos contra o impeachment, fato que, aliás, era confirmado na sexta-feira até pelo quartel-general de Michel Temer. Além do mais, os planaltinos parecem animados com as declarações de Renan Calheiros a respeito do teatro do desembarque peemedebista do governo. Acham que "um pedaço bom" do PMDB volta para Dilma-Lula mesmo antes da eleição municipal. Acham que só mesmo o PTB está perdido. "O resto está vindo."

Calheiros chamou o desembarque de "pouco inteligente", além de afirmar que, "seja qual for o cenário", não acredita que o PMDB "vá liderar uma corrente de oposição no Parlamento". Calheiros, recorde-se, está cada vez mais sitiado pela Lava Jato.

A conversa dos lulistas planaltinos recomeça, pois, no ponto em que foi afogada pela pororoca da divulgação dos grampos, no dia 16 de março. Sob Lula 3 não haveria nem "virada à esquerda" nem "saída pela direita", mas "reconciliação". Henrique Meirelles volta? Nessa confusão, não é possível pensar em nomes. Primeiro, é preciso "repactuar" e "estabilizar o país".

Essa "repactuação" envolve colocar algum cabresto no Ministério Público e na Polícia Federal? "Claro que não", óbvio, respondem. Mas é preciso haver "disciplina" e "novos normativos" para preservar o Estado de Direito, dizem os planaltinos, ressaltando que essa é uma preocupação geral, inclusive "do pessoal de Michel Temer". 

 

Fonte: Folha de S. Paulo + O GLOBO

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