Preços do milho batem recorde e indicador se aproxima dos R$ 50,00/sc em Campinas. Sem a segunda safra preços devem continuar subindo
O indicador ESALQ/BM&FBovespa medido pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) vem em uma escalada de preços desde o inicio deste ano, chegando a acumular alta de 30% no ano.
Nesta semana o indicador se aproximou dos R$ 50,00 a saca, posto Campinas (SP) - sendo cotado nesta segunda-feira (21) a R$ 49,10 a saca. De acordo com o analista da Safras & Mercado, Paulo Molinari, a valorização é conseqüência da redução na área do cultivo de verão, bem como o escoamento da produção por meio das exportações e, as chuvas no sul e sudeste do país no início de março que prejudicam a colheita do milho e limitaram a oferta do cereal.
Somente nos dois primeiros meses deste ano, as exportações brasileiras do grão alcançaram 7.140 milhões de toneladas, em um período que sazonalmente os embarques começam a perder ritmo.
"A transição de estoques baixos com uma safra de verão muito pequena, consolidou esse movimento de recorde de preço no primeiro semestre, em toda a região centro-sul", explica Molinari.
Segundo ele, os 22 milhões de toneladas da safra de verão não são capazes, sequer, de abastecer a necessidade interna da região no primeiro semestre, gerando competição pelo produto e proporcionando a valorização do grão até o ingresso da safrinha.
Neste sentido - de acordo com o analista - é importação se torna a única alternativa para amenizar o abastecimento de algumas regiões até a entrada da safrinha.
"O grande problema neste momento é que estão colocando informações sobre importações no mercado em uma tentativa de queda, mas não há nada confirmado ainda", pondera Molinari afirmando que até o próximo dia 15 há registro de apenas um navio com 30 mil toneladas saindo da Argentina com destino ao nordeste brasileiro.
O abastecimento deverá se normalizar somente com o ingresso da safrinha, que se tornou nos últimos anos o período de maior cultivo do cereal no país. Projeções da Safras & Mercado dão conta de um volume de 61,4 milhões de toneladas.
"A safrinha, inclusive, é outra realidade de preço. Temos hoje preço de postos bastante ruins, em torno de R$ 34,00 a saca em Santos - embarque agosto e setembro -, apontando que teremos uma safrinha recorde", lembra o analista.