IMEA revela o perfil digital dos produtores rurais de Mato Grosso
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Entrevista com Daniel Latorraca Ferreira - Superintendente do Imea - Cuiabá/MT sobre a Internet no Campo
Entre os desafios para que os produtores rurais de Mato Grosso utilizem mais tecnologia nas lavouras estão o acesso facilitado e a conexão de qualidade da internet. O estudo divulgado nesta terça-feira (29/06) pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) revela que 86% dos agricultores do estado possuem internet na propriedade, mas a maior parte da abrangência desta conexão está concentrada apenas na sede da fazenda – demonstrando que ainda existe uma lacuna na conectividade e oportunidade de melhorias neste setor.
O estudo “O perfil do agricultor mato-grossense na era digital” elaborado para comemorar os 23 anos do Instituto, celebrados nesta terça, traz três importantes focos de análises: o cenário da conectividade no campo, o uso de tecnologias e o perfil tecnológico dos produtores de Mato Grosso.
A pesquisa tem o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) e do Instituto AgriHub, ambos ligados ao Sistema Famato. Foi feita com 470 agricultores do estado, abrangendo uma área total de 901 mil hectares de soja que correspondem a 9% da área estadual de plantio desta cultura. O trabalho foi desenvolvido entre os meses de setembro e outubro de 2020 e incluiu as sete macrorregiões, totalizando 80 dos 141 municípios mato-grossenses.
Segundo o superintendente do Imea, Daniel Latorraca, o estudo contribuiu para avaliar o momento atual do produtor no que tange a utilização de tecnologia, além de fomentar ainda mais o desenvolvimento das soluções para o agro. “A pesquisa revela desafios como a conectividade, os canais de comunicação e oportunidades de melhorias, dados de clima, monitoramento da produtividade, entre outros fatores importantes que ainda precisamos avançar”, afirmou.
Um dado curioso é que entre os inúmeros benefícios da internet nas propriedades, o principal deles, segundo a amostra de produtores entrevistados, é a retenção dos funcionários (22%). Em seguida estão fatores como o controle dos estoques (18%), monitoramento das operações agrícolas (17%), compras on-line (16%), monitoramento do clima (14%), segurança na fazenda (13%) e outros fatores (0,7%).
Para o presidente do Sistema Famato, Normando Corral, os resultados da pesquisa demonstram as oportunidades de atuação integrada das entidades federadas ao sistema: “O estudo ratificou um dos nossos principais gargalos: a conectividade. O Sistema Famato como um todo vem verificando, por meio dos trabalhos diários e pesquisas, que na medida em que a tecnologia avança, nós também temos que fortalecer cada vez mais a capacitação e atualização dos trabalhadores e produtores rurais. O Senar-MT tem papel fundamental neste processo, assim como o Instituto AgriHub que trabalha para orientar e apoiar o produtor nas tomadas de decisões das melhores tecnologias a serem utilizadas”, enfatizou Normando Corral, que também preside a Comissão de Inovação e Conectividade no Campo do Instituto Pensar Agro (IPA).
Conforme a pesquisa, a utilização de smartphone pelos produtores supera o uso dos computadores. Para 92% dos agricultores, o smartphone é um importante aliado na gestão da propriedade e acesso à informação. É por meio deste aparelho que o produtor acompanha o mercado, as vendas e faz a comunicação com os clientes e fornecedores. As regiões que mais usam smartphone são o sudeste e o nordeste do estado. O centro-sul é o que menos utiliza a ferramenta.
Quando o assunto é o uso de aplicativos (APPs) ou software, 61% dos respondentes adotam alguma dessas tecnologias especialmente com o objetivo de buscar eficiência e auxílio na gestão da propriedade (36%). Em seguida estão interesses como verificar a previsão do tempo (34%), auxiliar no manejo de pragas, doenças e daninhas (15%) e outros fatores (15%).
“Diante desse ambiente de volatilidade de preços dos insumos, do dólar e o próprio manejo na fazenda fazem com que o produtor busque melhorias na gestão. As ferramentas digitais auxiliam nesse processo. A pesquisa identificou que eles usam e se interessam cada vez mais por essas ferramentas para auxiliar nas tomadas de decisões e na própria rotina das propriedades”, acrescentou Latorraca.
Pademia – Levando em consideração o período da pesquisa, a amostra trouxe algumas percepções dos produtores sobre os canais de comunicação mais usados durante a pandemia.
No cenário pré-pandemia, os produtores se informavam mais via whatsapp (27%) e feiras agropecuárias (25%). Com o advento da pandemia, a preferência pelo uso do whatsapp aumentou (38%) e as feiras foram a principal atividade com grande impacto, reduzindo em 97% sua representatividade no acesso às informações, passando dos 25% de presença como canal de comunicação para 0,25% de participação. Redes sociais como o facebook e o instagram ganharam destaque no período, 12% e 11% respectivamente.
Como acessar a pesquisa – Para conhecer o estudo completo, basta acessar o site www.imea.com.br e fazer o seu login no canto superior direito da página onde haverá o acesso à plataforma Imea Digital. Na parte “lançamentos” está o e-book “O perfil do agricultor mato-grossense na era digital”.