Subsídio do diesel beneficia mais as grandes transportadoras; caminhoneiros terão menos fretes

Publicado em 07/08/2018 08:44
Evaristo de Miranda - Chefe-Geral da Embrapa Territorial - coordenador do evento Macrologística da Agropecuária Brasileira
Evaristo Eduardo de Miranda - Chefe-Geral da Embrapa Monitoramento por Satélite

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Evaristo de Miranda - Chefe-Geral da Embrapa Territorial - Macrologística da Agropecuária Brasileira

 

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Evaristo Eduardo de Miranda, chefe-geral da Embrapa Territorial, destacou ao Notícias Agrícolas que, nesta terça (07) e quarta-feira (08), será realizado, no âmbito da Fenabrave, um evento sobre macrologística voltada para a agricultura.

Neste evento, a Embrapa Territorial irá demonstrar dados como o tamanho da carga anual do agronegócio, estimada em 1,6 bilhões de toneladas. Serão mais de 120 mapas abertos ao público para demonstrar a situação.

Anualmente, a agropecuária gera mais de 43 milhões de fretes e coloca mais produtos na estrada do que todo o setor de minério, como conta Miranda.

Ele avalia que "em nenhum lugar do mundo podemos abrir mão dos caminhões" e que os problemas de logística possuem diversas naturezas - o investimento em armazéns seria um dos pontos necessários para equilibrar a questão, por exemplo. O chefe-geral salienta que as estradas também são mais eficientes em termos de políticas públicas.

Miranda ainda se demonstra contra qualquer tipo de tabelamento sobre o transporte rodoviário e destaca um outro dado: apenas 15% dos caminhões do Brasil estão nas mãos dos transportadores autônomos.

Iminência de tabela de frete aumenta consultas de empresas para compra de caminhões

SÃO PAULO (Reuters) - A perspectiva da política de tabelamento de frete ser sancionada pelo governo e aprovada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) está levando um número crescente de empresas do país a buscar montadoras de caminhões para traçarem cenários em que seria viável a aquisição de veículos próprios como forma de minimizar o impacto de novos preços mínimos de transporte.

Montadoras como Mercedes-Benz e Volvo afirmam terem identificado nas últimas semanas aumento de sondagens de transportadores e embarcadores sobre aquisição de frotas de caminhões, enquanto empresas menores, como pequenos produtores rurais, já estão encomendando veículos.

A procura é mais concentrada em empresas com cuja produção é distribuída pelo país e em produtores rurais que podem passar a ser responsáveis por levar seus produtos a compradores se a mudança na forma como a logística agrícola é realizada se confirmar a partir da legalização do tabelamento do frete.

Em muitos casos, é difícil até estimar o impacto do preço mínimo de frete sobre as operações das empresas, dadas questões como a falta de uniformidade das condições das estradas. Ao avaliar o custo de uma frota própria, as empresas conseguem ter referência própria sobre o custo real do transporte.

"Está todo mundo se preparando, pedindo cotação, fazendo cenários, vendo outros modelos (de caminhão). Dependendo do resultado, após 27 de agosto, pode ter corrida por produto", afirmou o vice-presidente de vendas de caminhões e ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, Roberto Leoncini.

A data mencionada é dia marcado para que o ministro do STF Luiz Fux realizar uma audiência pública sobre o tabelamento do frete e que servirá de base para proferir uma decisão sobre a legalidade da medida alvo de vários processos judiciais desde que foi anunciada pelo presidente Michel Temer no fim de maio.

"Essas grandes geradoras de carga que não têm frota própria vão preferir ter um modelo híbrido para terem visibilidade do custo de frete", disse Leoncini. "É muito difícil da noite para o dia passar de um modelo totalmente tercerizado em logística para um de frota própria. Não é só comprar caminhão, tem que contratar motorista, planejar paradas de descanso, rastreamento, abastecimento. É simples de falar, mas é bem complexo de fazer."

Segundo ele, a tabela também deve causar mudanças nas transportadoras, que devem ter estímulo adicional de ampliação de frota, uma vez que o tabelamento deve nivelar preços de frete. Com isso, os serviços das transportadoras podem ficar mais atraentes em relação aos prestados por caminhoneiros autônomos, que nem sempre possuem veículos tão novos, mas que antes da tabela tinham preços mais atraentes.

A Volvo comentou em comunicado que percebeu "um aumento nas sondagens por parte de alguns embarcadores. Mas, até o momento, esses contatos são apenas para estudos e avaliações, sem impacto em vendas".

A montadora sueca produz no Brasil caminhões pesados e semipesados e afirmou que "coincidentemente, o mercado brasileiro de caminhões pesados vem registrando uma forte elevação nos primeiros seis meses do ano".

As vendas de caminhões no Brasil no primeiro semestre subiram quase 50 por cento sobre mesma etapa do ano passado, para 32 mil unidades, das quais 14 mil corresponderam a veículos pesados, uma expansão de 87 por cento, segundo dados da associação de montadoras Anfavea.

Até agora são raros os casos de empresas que admitiram a possibilidade de verticalizar operações logísticas como consequência da tabela de frete. A Cargill, uma das maiores exportadoras do Brasil, afirmou em julho que avaliava ter frota própria de caminhões e contratar motoristas.

Leoncini disse que a Cargill, uma das maiores exportadoras de grãos do país, manifestou interesse em mil caminhões. "Soja você compra no futuro, e nisso você embute uma expectativa de valor de frete. E é isso que gera o desconforto no setor", disse o vice-presidente comercial da Mercedes-Benz. "A trading no ano passado provavelmente fez uma conta de quanto gastaria de frete agora e essa conta virou pó. Por isso, algumas empresas estão começando a avaliar frotas que garantam uma previsão de percentual de frete médio", disse Leoncini.

Já a Ambev afirmou no mês passado acompanhar de perto as discussões jurídica e legislativa sobre o tabelamento do frete rodoviário antes de decidir sobre os caminhos a adotar. "É muito cedo e tem muita discussão...É muito difícil chegar a uma conclusão, especialmente num momento em que as informações mudam a cada dia, a cada semana", disse o vice-presidente financeiro da Ambev, Fernando Tennenbaum.

Falando à Reuters em 20 de julho, o presidente em exercício da Fiesp, José Roriz Coelho, disse ser contra uma tabela de frete rodoviário mínimo obrigatório, mas via com bons olhos a criação de uma lista de referência para balizar negociações de custos de transporte com caminhoneiros.

Segundo Leoncini, com base em conversas com transportadoras, a expectativa do setor é que algum tabelamento obrigatório vai acabar entrando em vigor no país após o posicionamento do STF. "Em alguns trechos, sem a tabela, o preço do frete era surreal. Às vezes não cobria o custo da viagem", disse o executivo.

Frete mínimo impõe US$ 2 bi a mais para exportadores de grãos, diz Anec

A política de preços mínimos de frete rodoviário pode gerar um custo logístico adicional de pelo menos US$ 2,36 bilhões para as exportadoras de grãos que atuam no país. O cálculo é do diretor geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, com base nas expectativas de exportação para este ano e na diferença de competitividade entre Brasil e Estados Unidos.

Mendes explica que, considerando apenas as condições atuais de logística, a desvantagem de custo logístico para os exportadores brasileiros em relação aos americanos é de US$ 60 por tonelada. Com o tabelamento do frete, essa diferença aumentaria em mais US$ 20. Aplicando essa diferença aos 118 milhões de toneladas esperadas pela entidade em embarques de soja, milho e farelo de soja, o resultado é um custo adicional bilionário.

“O frete continua sendo a maior procupação do setor. As negociações para o ano que vem estão paradas”, disse Mendes, durante o Congresso Brasileiro do Agronegócio promovido pela Abag e B3 nesta segunda-feira (6/8) em São Paulo (SP).

Leia a notícia na íntegra no site Globo Rural.

Inflação fica "confortável" sem choque adicional, diz BC, mas prefere não dar sinal explícito sobre juros

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central reforçou nesta terça-feira que o cenário de inflação continuará favorável se não houver choques adicionais, mas apontou que o quadro é de incerteza e que, portanto, o melhor é não dar sinalizações explícitas sobre seus próximos passos sobre a trajetória dos juros básicos.

"Todos (os membros) avaliaram que, na ausência de choques adicionais, o cenário inflacionário deve revelar-se confortável", trouxe a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. "Entretanto, o maior nível de incerteza da atual conjuntura gera necessidade de maior flexibilidade para condução da política monetária, o que recomenda abster-se de fornecer indicações sobre os próximos passos", acrescentou.

Na semana passada, o BC manteve a Selic em 6,50 por cento ao ano, ressaltando que a retomada da atividade econômica será ainda mais gradual do que a esperada antes da greve dos caminhoneiros, e que o aumento da inflação decorrente da paralisação vinha se mostrando temporário.

Especialistas leram a mensagem como um sinal de que o BC não deve mexer nos juros tão cedo, em meio à alta ociosidade da economia e expectativas de inflação ancoradas. Na pesquisa Focus mais recente feita pelo BC junto a uma centena de economistas, foram mantidas as previsões de que a Selic permanecerá em seu menor nível histórico neste ano, subindo a 8 por cento em 2019.

"A perspectiva de que não haverá deterioração das expectativas de inflação para 2019 nos próximos meses e que, dissipados os efeitos da paralisação no setor de transportes, a atividade econômica continuará se recuperando de forma bastante gradual", trouxe o banco Bradesco em relatório, para quem a Selic seguirá em 6,50 por cento até o final de 2018.

Na ata, o BC destacou novamente que a atuação da política monetária se dará exclusivamente com foco na evolução das projeções e expectativas de inflação, do seu balanço de riscos e da atividade econômica.

"Choques que produzam ajustes de preços relativos devem ser combatidos apenas no impacto secundário que poderão ter na inflação prospectiva. É por meio desses efeitos secundários que esses choques podem afetar as projeções e expectativas de inflação e alterar o balanço de riscos", informou o BC.

"Esses efeitos podem ser mitigados pelo grau de ociosidade na economia e pelas expectativas de inflação ancoradas nas metas. Portanto, não há relação mecânica entre choques recentes e a política monetária", acrescentou.

Sobre a inflação, o BC afirmou que as projeções para julho e agosto corroboram a visão de que os efeitos dos choques advindos da greve dos caminhoneiros devem ser passageiros.

Por outro lado, ressaltou que o risco de continuidade do processo de ajustes e reformas na economia brasileira e o risco associado a deterioração do cenário para economias emergentes "permanecem em níveis mais elevados".

A próxima reunião do Copom acontece em 18 e 19 de setembro, antes do primeiro turno das eleições presidenciais, em 7 de outubro. O pleito, que promete ser o mais acirrado em décadas, ganha cada vez mais espaço no radar dos investidores diante sobretudo do desequilíbrio fiscal do país.

Na ata, o BC voltou a dizer que a aprovação de reformas na economia é fundamental "para a sustentabilidade do ambiente com inflação baixa e estável, para o funcionamento pleno da política monetária e para a redução da taxa de juros estrutural da economia". E que a percepção de continuidade ou não dessa agenda afeta as expectativas e projeções macroeconômicas.

"O que é muito binário aqui é o resultado da eleição (de outubro). A gente pode ir para um cenário tranquilo ou muito complicado, que exigiria alta de juros até o final do ano. Esse é o grande evento determinador no futuro dos juros", avaliou a sócia responsável pela área de Macroeconomia da Tendências Consultoria, Alessandra Ribeiro, acrescentando que, mesmo assim, o quadro inflacionário é confortável e segue prevendo a Selic em 6,5 por cento até o segundo semestre de 2019.

Sobre o cenário externo, o BC apontou que "houve certa acomodação das condições financeiras nos mercados internacionais, mas o cenário se mantém mais desafiador".

Após o câmbio mostrar trégua em julho, depois de forte alta do dólar sobre o real nos meses anteriores, o BC também ponderou que o grau de repasse cambial depende de vários fatores, como o nível de ociosidade na economia e a ancoragem das expectativas de inflação. E que seguirá acompanhando essas medidas.

Editorial do Estadão: Nova tabela de fretes, "um cartel contra os pobres"

Os pobres, as maiores vítimas da alta de preços causada pela crise do transporte, ainda serão, muito provavelmente, os mais afetados pelo cartel do frete, uma aberração proposta pelo Executivo e aceita pelo Congresso. Esse atentado à concorrência é agora assunto da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), empenhada em produzir uma tabela de valores mínimos para o frete rodoviário. O objetivo é atender ao mesmo tempo aos interesses de transportadores e de seus clientes. Enquanto isso, ações contra o tabelamento ficam paralisadas na Justiça, por decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal. Tudo se passa como se a criação de um cartel e sua regulação fossem atos normais do poder público, embora a Constituição consagre a livre concorrência, no inciso 4.º do artigo 170, como um dos princípios da ordem econômica.

Enquanto uma agência do governo tenta produzir a conciliação em torno de uma tabela de fretes, empresários continuam protestando contra a nova distorção, retardando operações de transporte e buscando alternativas para escapar do novo problema.

Produtos do campo estão represados em armazéns, assim como insumos necessários ao plantio da safra de verão, e produtores já discutem a formação de frotas próprias. Será possível criar essas frotas sem aumentar custos e sem tornar as atividades principais – a produção e a comercialização – menos eficientes? Em qualquer caso, com tabela de fretes ou frotas próprias, eficiência, custos e preços podem ser afetados, embora em proporções diferentes. O governo parece ter esquecido ou menosprezado esses detalhes, quando prometeu ao pessoal dos transportes criar a tabela de preços.

Custos maiores serão rateados entre milhões de pessoas. As mais pobres, como ocorre com frequência, pagarão uma parcela desproporcional dessa conta. Isso ocorreu, de novo, quando o bloqueio de rodovias, em maio, prejudicou o abastecimento e afetou os preços em mercados e feiras.

Esse efeito imediato começou a desaparecer, mas também os novos dados, mais favoráveis, servem para mostrar os danos impostos aos consumidores de baixa renda. Em julho, o custo de alimentos e de vários outros bens e serviços foi menor que no mês anterior. Outros itens do orçamento familiar ainda encareceram, mas em ritmo bem menor.

No mês passado, os preços pagos pelas famílias com ganho mensal de 1 a 2,5 salários mínimos aumentaram 0,25%, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). No mês anterior haviam subido 1,52%. O Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1) mostra a evolução mensal dos custos enfrentados por essas famílias. Passado o primeiro impacto da crise, o custo da alimentação, item de maior peso para os mais pobres, diminuiu 0,45% em julho, depois de ter aumentado no mês anterior 2,31%. A batata inglesa, um dos produtos com maior oscilação de preço nesse período, ficou 23,99% mais barata, depois de ter encarecido 6,63%. O preço do frango inteiro ainda subiu, mas o ritmo de alta passou de 15,67% para 3,18% em um mês.

Outros fatores, além da retomada do transporte, contribuíram para reconduzir o IPC-C1 à trajetória anterior à crise. Seis das oito classes de despesas consideradas no índice aumentaram menos que em junho. Com essa acomodação, o índice acumulou alta de 3,29% no ano e de 3,53% em 12 meses. Nos 12 meses até junho, a alta havia chegado a 3,59%, com o estouro dos preços provocado pelo corte de abastecimento.

O IBGE também havia mostrado o desvio da curva de preços. De maio para junho, a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), relativo às famílias com renda de até 40 salários mínimos, havia passado de 0,40% para 1,26%. No caso do INPC, das famílias na faixa de até quatro mínimos, a taxa pulou de 0,43% para 1,43%, superando 1% pela primeira vez desde janeiro de 2016.

Se a tabela de fretes elevar custos, principalmente da comida, as famílias seguirão pagando a conta, com participação especial das mais pobres.

 

Veja os eventos programados para o Auditório Embrapa:

LANÇAMENTO do Sistema de Inteligência Territorial Estratégica da 
MACROLOGÍSTICA AGROPECUÁRIA BRASILEIRA

07/08 – 14h30 às 16h15

  • Blairo Maggi – ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil
  • Eumar Novacki – secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil
  • Celso Moretti – diretor-executivo de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa
  • Alarico Assumpção Jr – presidente da Fenabrave
  • Evaristo de Miranda – chefe-geral da Embrapa Territorial

Mesa-redonda 
APRESENTAÇÃO OPERACIONAL do Sistema de Inteligência Territorial 
da Macrologística Agropecuária: situação e evolução

08/08 – 8h30 às 9h45

  • Moderador: Eumar Novacki – secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil

Debatedores:

  • Gustavo Spadotti – analista da Embrapa Territorial
  • Renato Pavan – presidente da Macrologística e da Embrasilos

Palestra 
RESILIÊNCIA DA AGROPECUÁRIA Brasileira 
Face à Logística de Transporte

08/08 – 10h45 às 12h

  • Evaristo de Miranda – chefe-geral da Embrapa Territorial

Mesa-redonda
LOGÍSTICA, TRANSPORTE E AGROPECUÁRIA: 
o papel do Estado e do Setor Privado

08/08 – 14h às 15h15

  • Moderador: Celso Moretti – diretor-executivo de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa

Debatedores:

  • Edeon Vaz – presidente do Movimento Pró-Logística e da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Agronegócio
  • João Carlos de Souza Meirelles – secretário de Energia e Mineração do Estado de São Paulo
  • Adalberto Santos de Vasconcelos - secretário especial do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República
Fonte: NA/Reuters/Globo Rural

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