Ceagesp: Setor de Hortifruti conhece novo comprador em ano de pandemia e expectativas são positivas para 2021
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Ceagesp: Setor de Hortifruti conhece novo comprador em ano de pandemia e expectativas são positivas para 2021
Desde o início de 2020 o setor de hortifruti vem enfrentando grandes desafios. No início de fevereiro foi registrada a maior enchente da história no Ceagesp, que resultou em uma perda de 7 mil toneadas de alimentos, representando assim um prejuízo de R$ 25 milhões.
"Os produtos que ficam em locais mais baixos como melancia, batata e abacaxi foram os mais afetados. Os atacadistas que comercializam esse produto tiveram um prejuízo já no início de fevereiro", afirma Flávio Godas - economista do Ceagesp.
O especialista destaca ainda que o valor perdido não foi recuperado. "Esse prejuízo ficou em parte com o produtor, parte com o atacadista e também com a empresa que teve equipamentos perdidos. A recuperação é com o faturamente em comercialização posterior, mas esse prejuízo pontual acaba não sendo recuperado", afirma.
Logo em seguida, o aumento de casos do Coronavírus gerou incerteza quanto ao consumo de modo geral. Flávio explica que no começo da quarentena, em março, foi registrado um aumento na demanda, devido às preocupações com o possível fechamento da Ceagesp. Passado esse período, com a certeza de que a Ceagesp se trata de um serviço essencial, o setor observou uma mudança de consumo.
Com escolas e hotelaria fechados, Flávio destaca que o público consumidor passou a ser outro. "Grandes restaurantes, por exemplo, deixaram de comprar na Ceagesp, mas foram substituídos por restaurantes mais localizados. O consumidor optou por segmentos que concentrassem mix maior de produtos. A gente viu entre abril e maio um novo consumidor, um novo tipo de comprador e um maior número de compradores", explica.
Destaca ainda que a troca no perfil de consumidor acabou compensando a demanda. "Num primeiro momento houve uma queda acentuada do volume ofertado, principalmente entre abril e maio, e depois uma ligeira recuperação. Em junho, por exemplo, os valores de comercialização ficaram acima do registrado em 2019", comenta.
Além da pandemia, o produtor enfrentou ainda problemas climáticos - que vêm impactando diversas culturas desde o início de 2020. Segundo Flávio, foram registradas estiagens em várias áreas de produção do Sul e Sudeste, temperaturas elevadas que prejudicou muito a produção e também registros de geadas. "Além dos problemas em relação à demanda, houve do lado da oferta diversos fatores climáticos que prejudicaram principalmente dos mais representativos", comenta.
Flávio destaca que o impactou foi justamente nos principais produtos vendidos na Ceagesp, sendo eles: banana, tomate, batata, mamão, citrus de modo geral, cebolha, ovos, melão e melancia. "Afetou praticamente todos os setores de comercialização", comenta.
O especialista destaca ainda que o produtor ainda enfrentou a alta do dólar, gerando um aumento de custo de produção, levando em consideração que a maioria dos insumos são vendidos em dólar. "Os produtores que conseguiram passar imune a esses problemas climáticas, tiveram uma lucratividade maior porque os preços estão acima dos patamares habituais para boa parte dos produtos comercializados", comenta.
Em contrapartida, os produtores que foram afetados pelas condições climáticas, enfrentou problemas com impactos para o volumes de produção e rentabilidade.
Em novembro, o setor de frutas subiu 5,46%. As principais altas foram nos preços do maracujá azedo (52,6%), do caju (50,1%), do abacate margarida (39,1%), da atemoia (33,0%) e da banana maçã (25,5%). As principais quedas ocorreram com o limão taiti (-45,4%), com o figo (-30,9%), com o maracujá doce (-19,2%) e com as mangas tommy atkins (-19,1%) e palmer (-17,1%).
O setor de legumes registrou forte baixa de 7,84%. As principais quedas ocorreram nos preços da vagem macarrão curta (-39,2%), da berinjela (-39,0%), dos pepinos japonês (-37,1%), caipira (-30,9%) e comum (-23,9%), do pimentão verde (-26,7%) e da berinjela japonesa (-23,8%). As principais altas foram registradas nos preços do inhame (28,1%), da cenoura (22,2%), da abóbora moranga (21,7%), do pimentão vermelho (20,0%) e da beterraba (16,8%).
O setor de verduras apresentou queda significativa de 7,14%. As principais baixas registradas foram nos preços dos brócolos ramoso (-28,6%) e ninja (-22,3%), da couve-flor (-24,9%), da rúcula (-24,0%), da salsa (-20,2%) e do rabanete (-15,4%). As maiores altas ocorreram nos preços da erva-doce (32,6%), do repolho (30,4%) e da escarola (6,2%).
O setor de diversos registrou forte alta de 7,92%. Os principais aumentos ficaram por conta da batata asterix (30,6%), da batata lavada (25,5%), da cebola (13,4%) e dos ovos vermelhos (6,9%) e brancos (6,6%). As principais baixas ocorreram com o alho (-5,5%) e a canjica (-1,1%).
O setor de pescados apresentou leve alta de 0,59%. As principais altas foram registradas nos preços da pescada (23,5%), da pescada tortinha (15,4%), do polvo (13,6%), da anchova (11,9%) e do cascote (11,2%). As principais baixas ocorreram com o salmão (-16,9%), com o namorado (-9,8%), com a betara (-3,9%) e com a cavalinha (-3,5%).
Tendência do Índice
O índice de preços da CEAGESP encerra o mês de novembro com elevação de 2,14%, totalizando alta de 17,5% em 12 meses. No acumulado do ano sobe 15,9%. Aumento foi inferior ao índice do mês anterior. Dois setores se destacaram pela elevação: frutas e diversos, sendo que este último registrou o maior aumento: 7,92%. Já os setores de legumes e verduras apresentaram forte queda, sendo que este último acumula baixa de 2,9% no ano. As hortaliças de ciclo curto como o rabanete, agrião, alfaces, rúcula, cebolinha entre outros, favorecem a recuperação de perdas de produção e contribuíram para a estabilização dos preços.
Para os próximos meses, com a chegada do verão, existe a possibilidade de elevações dos preços praticados nos setores e perda de qualidade por conta do excesso de chuvas e altas temperaturas. Mesmo assim, a tendência para o mês de dezembro é de aumento da quantidade ofertada por conta das festas de final de ano, que esse ano serão em menor número e menos grandiosas por conta da pandemia. Para este mês espera-se pequena queda nos preços praticados das frutas em razão da sequência de seis altas consecutivas, mesmo com a provável demanda aquecida.