Produção de tangerinas no RS deve alcançar 107 mil toneladas nesta safra e cerca de 30% é para atender mercados fora do estado
A produção no Rio Grande do Sul das chamadas bergamotas, ou tangerinas, como são conhecidas em outras partes do país, inicia-se no final de fevereiro e segue até novembro. São diversas variedades produzidas, como conta Paulo Lipp João, coordenador da Câmara Setorial da Citricultura do estado.
O perfil é composto por pequenos produtores, com uma média em torno de 6 hectares por produtor. O principal diferencial é o clima, já que o frio colabora para a coloração da casca e da fruta e também para um equilíbrio de sabor em relação à acidez.
Na região próxima a Porto Alegre, há uma colonização alemã que produz cítricos tradicionalmente. Nos últimos 15 anos, esses produtores começaram a se capacitar, trocando muitas informações com o Uruguai, um importante produtor cítrico. Assim, principalmente no segundo semestre, essa produção começa a ser enviada para outras regiões do Brasil.
Nesta região, em torno de 107 mil toneladas de bergamotas são produzidas, das quais cerca de 30% devem ser exportadas para o centro e para o oeste do país, além de outros estados do sul, como o Paraná. Este mercado tem um preço compensador para os produtores. Não houve nenhum evento de granizo ou seca e a produtividade estimada é satisfatória. Em termos de área plantada, os produtores já ocupam uma área maior de produção do que São Paulo, com 13.500 hectares cultivados. O foco é a fruta de mesa, ao contrário de São Paulo, que é focado na indústria. Entretanto, em questão de produção, o Rio Grande do Sul ainda está abaixo.
Esta, segundo o coordenador, é uma atividade rentável e, hoje, os produtores devem realizar uma série de técnicas para atender o mercado. Atendendo ao que o mercado quer, os produtores estão em condições de ter uma rentabilidade boa.
A partir de maio, começa a safra da bergamota ponkan e da caí, conhecida em outras regiões como mexerica rio. A expectativa em termos de preço para esta safra é que ele fique igual ou melhor do que no ano passado, ao redor de R$1 o quilo para uma fruta de boa apresentação, até o mês de agosto, com custo de produção de cerca de R$0,60 a R$0,70. Depois de agosto, os produtores podem receber mais com a variedade montenegrina. As frutas de segunda, com menos qualidade, são vendidas até a R$0,70. Com isso, os produtores devem conseguir vender frutas de primeira para terem preços compensadores.
Do lado da demanda, a crise foi mais sentida no final de 2015 e em 2016. Neste ano, ele destaca que ainda não deu para ter uma ideia, mas João lembra que a fruta é muito popular e não para de ser consumida, principalmente no estado.
Além da bergamota, há também a produção de laranjas tradicionais, com a variedade valencia, que pode ser consumida tanto in natura quanto para sucos, a laranja de umbigo e a laranja lima, chamada de laranja do céu no Rio Grande do Sul.