Arroz é alternativa mais barata e com qualidade nutricional em substituição ao milho na ração de suínos e aves
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Entrevista com Jorge Ludke - pesquisador da Embrapa Suínos e Aves sobre o Arroz na alimentação de suínos e aves
Conforme informações da Embrapa Suínos e Aves, os custos de produção na área de suínos e frangos de corte terminaram 2021 acumulando altas de 6,76% e de 19,79%, respectivamente. Os avanços foram puxados, principalmente, pelo custo da nutrição dos animais, com o aumento dos preços do milho e do farelo de soja.
Segundo o pesquisador da instituição, Jorge Ludke, ainda no ano passado surgiu a demanda por alternativas em substituição principalmente ao milho, que sofreu perdas severas devido a intempéries climáticas. "Nós utilizamos o arroz marrom, que é o arroz apenas descascado, e não polido, na substituição ao milho. Na região Sul do país que concentra a massiva produção do arroz no Brasil, em matéria de preços é viável apostar nesta medida devido ao frete", explica.
Ele pontua que as qualidades nutricionais desta qualidade de arroz são semelhantes às do milho, e até superiores quando se fala em concentraqção de energia, resultando em conversão alimentar e resultados zootécnicos praticamente iguais. A diferença fica mesmo pelo preço.
O pesquisador compara que, de acordo com a última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de que a produção total de milho na safra 2020/2021 chegará a 85 milhões, bem abaixo das 106 milhões de toneladas projetadas inicialmente. Assim, há a expectativa de que ocorra no curto prazo um déficit entre 15 e 20 milhões de toneladas de milho no mercado nacional. Já o arroz vive situação oposta. Os arrozeiros gaúchos e catarinenses, responsáveis por 91% da produção brasileira, atingiram produtividade recorde e entregaram 8,5 milhões de toneladas na safra 2020/2021, a quarta maior da história. Porém, com a estabilização do consumo no mercado interno e menores vendas para o exterior (especialmente para a África) na comparação com 2020, sobrou arroz no País.
Ludke esclarece que, somente na região Sul do Brasil, há um excedente de 400 mil toneladas de arroz marrom, o que supriria em torno de 5% a indústria de ração animal na área. "Apesar de ser possível substituir integralmente o milho pelo arroz na composição das rações, não há quantidade suficiente, mas é possível aliviar a pressão pelos custos", pontua.