Apesar de ter atingido recorde de preço, mercado dos ovos em 2020 foi corroído por menor demanda e elevados custos de produção

Publicado em 23/12/2020 09:38 e atualizado em 23/12/2020 13:11
Preços dos ovos registraram avanço no acumulado de 2020 em comparação a 2019, mas valores do milho e do farelo de soja subiram em proporções muito maiores, diz especialista
Juliana Ferraz - Pesquisadora Cepea

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Apesar de ter atingido recorde de preço, mercado dos ovos em 2020 foi corroído por menor demanda e elevados custos de produção

 

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O ano de 2020 foi de "reviravolta" no mercado dos ovos. Conforme explica a pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Juliana Ferraz, mesmo tendo batido recorde real de preço (em abril) e registrado aumento no acumulado do ano, a menor demanda, motivada pelo Auxílio Emergencial, cedido pelo Governo Federal, e os altos custos de produção, pressionaram as margens para o avicultor de postura. 

A especialista relembra que em março/abril deste ano, a demanda e o preço dos ovos já estavam mais aquecidos devido ao período de Quaresma, algo esperado. Entretanto, com o agravamento da pandemia pelo coronavírus, houve uma corrida aos supermercados para o abastecimento doméstico.

"Em abril, o preço da caixa com 30 dúzias de ovos registrou recorde real desde 2013, quando começou a série histórica do Cepea, chegando a R$ 114,00 a caixa de ovos brancos e R$ 130,00 a de ovos vermelhos", conta.

No decorrer dos meses, o mercado sofreu a flutuação entre oferta e demanda de primeira e segunda quinzena de cada mês, mas com o início do pagamento do Auxílio Emergencial, a população passou a consumir mais carne de frango - a mais barata no comparativo com a bovina e a suína. Sendo assim, a demanda pelo produto esfriou, enquanto a produção seguia em alta. 

O avanço nos preços de milho e farelo de soja também foi citado por Juliana Ferraz, que aponta que, no acumulado de 2020, o preço dos ovos subiu 20%, enquanto do milho saltou 40% e do farelo, 54%, em comparação aos valores de 2019. 

"Isso mostra a diferença na proporção do aumento nos preços, o que fez com que em novembro deste ano, o avicultor de postura tivesse a pior relação de troca", disse. 

A expectativa para 2021 é de um primeiro semestre com mercado mais devagar, principalmente no princípio do ano, "algo que é sazonal", segundo Juliana. Entretanto, se houver ajuste de produção por parte dos avicultores, somado ao alto preço das carnes e possível suspensão do pagamento do Auxílio Emergencial, o mercado dos ovos poderá ser beneficiado com melhores preços. Um ponto de atenção é o custo de produção, que não deve ceder de forma drástica.

 

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