Setor da avicultura debate relação sobre integrados e integradoras e aponta questões que inviabilizam atividade

Publicado em 18/09/2020 15:34 e atualizado em 18/09/2020 16:12
Um dos pontos elencados em reunião com lideranças de todo o país é a falta de metodologia que remunere o avicultor para que ele consiga ter lucro e também reinvestir na propriedade
Adriana Mascarenhas - Diretora Técnica das CADECs de Mato Grosso do Sul

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Entrevista com Adriana Mascarenhas sobre os Avicultores Buscam Negociação com Indústrias

 

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Divergências entre integrados e integradoras na área da avicultura foi pauta de debate entre cerca de 20 associações e lideranças da área. De acordo com Adriana Mascarenhas, diretora técnica da Comissão para o Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadec) do Mato Grosso do Sul, foram levantados 9 tópicos principais que serão discutidos com entidades superiores, como governos estaduais, confederações e, se necessário, com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Segundo Adriana, apesar de existir a lei da integração desde 2016, um dos pontos principais que está previsto nesta legislação é uma metodologia adequada de cálculo para remuneração do avicultor, elaborada pelo Fórum Nacional de Integração (Foniagro), mas que ainda não existe.

"As integradoras não aceitam quando o integrado pleiteia uma alteração, apresentando uma metodologia de cálculo elaborada por uma instituição idônea (como Embrapa ou Cepea). O integrador alega que não há uma fórmula esta belecida pelo Foniagro, e acaba que vence a metodologia da própria indústria", explica. 

Outro ponto que está ligado à questão da metodologia é a inclusão por parte das integradoras da venda dos dejetos das aves como fonte de renda para o integrado. "Isso é inadimissível, porque o avicultor produz proteína animal, então a cama das aves não deve ser contada como fonte de renda". 

A diretora da Cadec afirma que essas dissonâncias entre as partes acabam afetando a competitividade do avicultor. Segundo ela, os produtores precisam sustentar as famílias, e com o pagamento curto, acabam sem ter margem para reinvestir na propriedade. 

"Nós vemos as indústrias vivendo esse bom bomento, com a carne de frango sendo exportada, tendo essa rentabilidade. Não queremos prejudicar a indústria, mas desejamos que o avicultor também colha estes bons frutos", afirmou.

Confira os principais itens debatidos em reunião:

1) Reconhecimento por parte das integradoras da taxa de manutenção em 1,5% sobre o valor do investimento em equipamentos, benfeitorias, máquinas, implementos e utilitários, por lote, sempre corrigindo de acordo com o valor de mercado.

2) Reconhecimento por parte das integradoras do valor de depreciação desde o início da produção.

3) Proposta uniforme por parte das integradoras para melhorias e adequações dos produtores atuais, para que ambos tenham as mesmas tratativas e valores de incentivos.

4) Integradoras elaborarem estudo de viabilidade para produtores com capacidade inferior a 80.000 aves;

5) Integrados não reconhecem a venda de dejetos das aves como renda da atividade.

6) Valorização de mão de obra legal de acordo com a CLT para a operação local (entregas de ração, alojamento e retirada de aves, coleta de ovos, etc. que hoje acontecem  fora de horário comercial). Realizar uma cronoanálise para o levantamento da realidade no campo.

7) Comprovação por parte das integradoras do cenário apresentado (número de alojamentos anual, média de dias de vazio sanitário, densidade, mortalidade e peso de abate) para estudo de viabilidade financeira, com garantia de performance.

8) Apresentação por parte das integradoras do impacto da meritocracia ao longo do tempo na remuneração do produtor.

9) Reconhecimento por parte das integradoras sobre o valor do seguro de acordo com indicadores reais para cobertura de 100% do investimento (orçamentos por região).

Leia Mais:

+ Custos de produção de frango de corte saltam em agosto, conforme dados da Embrapa

Por: Letícia Guimarães
Fonte: Notícias Agrícolas

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