Analista aponta que preços menores do frango no exterior em abril pode ser por pressão da China
Publicado em 08/05/2020 18:15
Além disso, alguns países parceiros do Brasil e que compram o produto reduziram os volumes; dólar alto ajudou o bolso do exportador brasileiro
Juliana Ferraz - Pesquisadora Cepea
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Analista aponta que preços menores do frango no exterior em abril pode ser por pressão da China
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), divulgados nesta segunda-feira (4) sobre os resultados da exportação de frango em abril, os números mostram redução nas médias de faturamento diário e no preço pago por tonelada. De acordo com Juliana Ferraz, pesquisadora do Cepea/Esalq, alguns dos principais parceiros comerciais do Brasil reduziram as compras, e a China pode estar pressionando o mercado internacional de carnes para os preços baixarem.
Juliana conta que no mês de abril, Arábia Saudita, que é o segundo maior comprador, Japão e África do Sul diminuíram as compras. Segundo análise do órgão, um dos fatores que pode ter limitado as vendas externas é a dificuldade logística, tanto em território nacional quanto nos países compradores, devido a medidas de restrições de circulação, dada a pandemia de coronavírus.
"O que a gente percebe também é que a China está comprando muita carne neste momento, e este país sabe que tem potencial para movimentar grandes volumes de carne. Então não só no Brasil, mas nos fornecedores dela na Europa, ela tem tentado derrubar os preços para todas as carnes", disse.
Apesar da queda no volume embarcado, Juliana conta que a receita gerada segue sendo favorecida pela altacotação do dólar, que atingiu recorde nominal
em abril, ficando em uma média de US$ 5,33. Dessa forma, o setor exportador recebeu aproximadamente R$ 2,53 bilhões no último mês, aumento de 3,2% frente a março e 21,3% acima do montante gerado em abril do ano passado.
Para o próximo mês, a pesquisadora afirma que é difícil fazer previsões a respeito de como deve ser o desempenho das exportações, mas provavelmente a China continuará pressionando para os preços baixarem, e há sinalização de que o setor avícola, do campo à indústria, reduza a produção, já que 70% fica em solo brasileiro e a demanda está mais fraca.