Avicultores integrados ainda não sentiram efeitos do mercado nos preços pagos ao produtor
Podcast
Entrevista com Fernando Cézar Ribeiro - Presidente da Associação Brasileira dos Avicultores Integrados sobre o Mercado do Frango
O atual momento de redução dos preços no mercado de frango ainda não abateu aqueles que trabalham em sistema de integração, em torno de 90% dos avicultores, segundo o presidente da Presidente da Associação Brasileira dos Avicultores Integrados, Fernando César Ribeiro. De acordo com ele, o setor está, inclusive, concedendo reajuste positivo de 5% nos preços pagos ao produtor.
Ele explica que além da queda da demanda no mercado interno, devido ao fechamento de escolas, cadeias de foodservice e rede hoteleira, as exportações de frango na terceira semana de abril "deram uma caída", o que contribui para que haja mais estoque de produto no Brasil.
"Atualmente, cerca de 67% das vendas do frango é absorvida no mercado interno e 33% vão para as exportações, e quando há baixa nas exportações, há sobreoferta de frango no interno, o que faz cair preços, situação agravada pela demanda que no momento está um pouco reprimida".
Apesar da queda da demanda interna e dos resultados no vermelho nas exportações de frango na terceira semana de abril, ele explica que a reabertura gradual do comércio em vários estados pode representar uma retomada na demanda.
"Em relação às exportações desta semana, acredito que tenha sido algo momentâneo, porque no mês de março, as exportações de frango foram boas, e acredito ainda que essa manutenção da produção do frango brasileiro deva abrir mais portas no mercado internacional", disse.
Ribeiro sinaliza também que, em caso de descapitalização da população, tanto no mercado interno quanto externo, há uma migração para a carne mais barata, neste caso, a de frango.
O presidente da Associação afirma que há um esforço junto às integradoras de manter uma oferta adequada de proteína, e nesse momento, não vê nenhum reflexo em matéria de queda de produção.
"Mas se a demanda efetivamente cair de forma abrupta, vai ter que haver adequação nos alojamentos de pintos de corte", disse.
Por enquanto, Rabelo diz que a situação segue dentro de uma possível normalidade diante do atual cenário, e que os avicultores integrados revem ter um reajuste positivo de 5% nos preços pagos pelas integradoras.
"Na integração você recebe o percentual em cima do que você entrega. Hoje está entre 8 a 8,5%. Com o aumento, o preço da ave que era de R$ 3,05/kg passou a ser de R$ 3,17/kg, o que faz com que o avicultor receba em torno de R$ 0,75/kg de ave alojada".
Esse reajuste é anual, segundo ele, e consta na planilha que justifica o aumento os custos de produção do avicultor integrado, como mão-de-obra, energia elétrica, lenha e outros insumos que não são fornecidos pela integradora.