Com 1 kg de suíno é possível comprar apenas 4,5 de milho, quando o normal seriam 8 kg do cereal. Relação de troca elevada inviabiliza renda

Publicado em 23/03/2016 13:01
Para absorver um aumento de 2% a 3% na produção, exportações teriam que crescer 100 mil toneladas e atingir níveis acima de 650 mil toneladas no ano

A cadeira suinícola nacional vem atravessando um momento delicado de elevação nos custos. Enquanto que no período de um ano os preços pagos ao produtor sofreram queda de 10%, o milho - principal componente da ração animal - apresentou valorização de 60%.

O último levantamento de custos de produção acompanhado pela Embrapa apontou que o ICPSuíno/Embrapa acumula alta de 24,07% em 12 meses, sendo que em fevereiro custos com nutrição (1,44%) e sanidade dos animais (0,27%) registraram os maiores aumentos.

De acordo com o diretor executivo da ABCS (Associação Brasileira dos Criadores de Suínos), Nilo de Sá, "para sabermos se a cadeia está com lucratividade ou não, quando um produtor vendo um quilo de suíno ele deveria ser capaz de comprar oito quilos de milho, entretanto essa relação hoje está próxima de 4,5 quilos", explica.

Atualmente o Brasil produz 3.600 mil de toneladas de carne suína por ano, sendo que aproximadamente 85% correspondem ao consumo no mercado interno, mostrando que o setor ainda é bastante dependente da economia nacional para impulsionar as vendas.

Além disso, a ABCS projeta um crescimento de 70 a 100 mil toneladas neste ano (2% a 3% respectivamente), o que obrigaria elevar as exportações em 100 mil toneladas para que a oferta não seja maior que a demanda interna

Em 2015 os embarques totalizaram 558 mil toneladas. Sá lembra que "o Brasil nunca exportou 600 mil toneladas, então muito possivelmente teremos um ano de maior oferta no mercado interno que tende a pressionar os preços", alerta.

Um fator positivo tem sido a competitividade de carne suína com as demais proteínas. Em momentos de baixo poder de compra os consumidores acabam optando por uma carne mais barata, que seria o caso da suína em relação bovina. A preocupação neste ano, porém, é de que os brasileiros ao invés de trocar a proteína optem por reduzir a compra de carnes em geral.

Para tentar minimizar os prejuízos, o diretor afirma que as entidades tem se movimentado nos últimos meses buscando alternativas para melhorar a cadeia produtiva.

"As instituições representativas tem buscado opções para que o suinocultor consiga superar a crise, entre elas preitear linhas de crédito para retenção de matrizes e aumentar o limite de compra de milho balcão de 6 para 27 mil toneladas por mês e vamos tentar agora uma isenção de PIS/COFINS para milho importado", destaca Sá.

Diante das adversidades, muitos produtores já relatam menor investimento nas granjas e redução na produção, que devem ter reflexos diretos somente no próximo ano.

Por: Aleksander Horta e Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas

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