Apesar de mais competitiva, carne suína no mercado interno registra vendas fracas e preços ao produtor seguem pressionados
O recente levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) apontou a carne suína como à opção mais competitiva na relação com as demais proteínas.
Na pesquisa, o preço médio da carne suína no atacado da Grande São Paulo equivaleu praticamente à metade do preço da carcaça casada de boi (inclui dianteiro, costelas e traseiro, com osso), sendo este é a maior diferença já registrada na série histórica do Centro.
A carcaça casada do boi teve média de R$ 10,01/kg em fevereiro e a suína, de R$ 5,24/kg, o que levou a diferença a 4,77 reais por quilo. Em relação à carne de frango, geralmente mais barata, na média de fevereiro o frango inteiro resfriado foi negociado a R$ 4,05/kg, com a carne suína tendo vantagem de apenas R$ 1,17/kg.
Esse diferencial, no entanto, pode não ser perceptível ao consumidor final. Segundo o analista de mercado do Cepea, Augusto Maia, o varejo trabalha com uma margem diferente de comercialização, optando por produtos em promoção e variando de acordo com a necessidade do consumidor.
"Todavia o consumo dela ainda não deslanchou no mercado. O consumidor brasileiro ainda não tem o costume de comer carne suína in natura, tendo o costume de consumir os embutidos", explica Maia.
O recuo no preço da carne, contudo, não é benéfico os produtores. Ao contrário do que ocorre no mercado do boi gordo, por exemplo, onde a oferta tem se mantido abaixo da demanda, no caso dos granjeiros a disponibilidade de animais terminados tem sido superior a necessidade de consumo.
Embora as exportações estejam aquecidas, puxadas pelo dólar valorizado, o percentual destinado ao mercado externo ainda é baixo. "É claro que o aumento dessa quantidade tem um reflexo muito grande no mercado interno, só que em proporções ele não chega a corresponder a um grande volume que possa causar falta de oferta no mercado interno", acrescenta o pesquisador.
Com a dificuldade no escoamento da produção, e os altos custos de produção, principalmente com a nutrição puxada pelo milho e farelo de soja, muitos produtores já trabalham no vermelho.
Porém, segundo Maia, "no curto prazo, existe uma expectativa de melhora nos preços pagos ao produtor, por conta de uma projeção de aumento na demanda interna a partir de março", explica.
Poder de Compra
A equipe Cepea comparou quantos quilos de cada carne poderiam ser comprados com R$ 50,00 em fevereiro de 2015 e em fevereiro deste ano. Como resultado constatou-se que no ano passado era possível comprar 11,6 kg de peito de frango, 6,2kg de bisteca suína ou 3,7 quilos de patinho bovino no atacado. Já em os mesmos R$ 50 equivalem a 10,3 kg de peito de frango, aos mesmos 6,2kg de lombo ou a 3,26kg de patinho.
Devido à falta de informações, muitos conceitos e idéias sobre o consumo da carne suína ainda estão presentes na cultura do brasileiro, e impedem o avanço no consumo.
"No longo prazo essa situação deve ser revertida e o brasileiro passar a consumir mais carne suína, principalmente agora neste momento de crise, com o apelo de uma carne mais barata"