El Niño pode elevar temperaturas nas regiões produtoras dos EUA a partir de setembro e deve provocar mais chuvas na região Sul do Brasil
A ocorrência do fenômeno El Niño neste ano deve elevar as temperaturas nas principais regiões produtoras dos Estados Unidos, além de trazer um grande volume de chuvas para a região Sul do Brasil.
Desde o dia 26 de fevereiro quando o NOAA (National Oceanic And Atmospheric Administration) confirmou o estado de El Niño, esse fenômeno vem ganhando forças e já registrar temperaturas de até 1,6 graus acima da média.
Segundo Alexandre Nascimento, meteorologista da Climatempo, o aquecimento das águas do Oceano Pacífico deve permanecer até o inicio de 2016. Como consequência para a América do Sul poderemos ver "chuvas mais intensas para o Sul do Brasil e menos chuvas no Nordeste", explica.
Mesmo com o excesso de chuvas já acontecendo nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, Nascimento alerta que a correlação do El Niño e as precipitações ocorrem principalmente na primavera e verão. O volume de chuvas registrado nos últimos dias para o Sul é decorrência de uma série de efeitos combinados, não necessariamente relacionados diretamente ao fenômeno de aquecimento das águas do pacífico, por isso "nas próximas semanas não deve chover muito nessa região".
Para as demais regiões do país o regime de chuvas deve ficar dentro dos padrões de normalidade, contudo as precipitações podem ocorrer de forma irregular, registrando um grande volume em um único dia ou mês, por exemplo. As temperaturas, no entanto, devem ficar acima da média, principalmente no Sudeste e Centro-Oeste.
Diante desse cenário o ano agrícola com ocorrência de El Niño pode ser positivo para as regiões centrais do país, "mas podendo ser um complicador para o sul e nordeste, com excesso ou falta de chuvas", considera Nascimento.
No segundo semestre de 2016 o El Niño deve começar a perder força e gradativamente retomar as condições climáticas normais para cada estação do ano.
Clima EUA
Assim como no Brasil, o El Niño também trará consequências para o clima nos Estados Unidos. Segundo o meteorologista, a principal influencia neste período de verão são as altas temperaturas e o excesso de chuvas em algumas regiões do país, como ocorreu nos meses de maio, junho e julho.
"Essa combinação de chuva e calor deve acaba favorecendo", principalmente a fase de enchimento dos grãos, afirma Nascimento.
Europa e Ásia
O El Niño para a Europa e Ásia deve trazer um aumento significativo das temperaturas no período de verão, e um inverno menos rigoroso para essas regiões. A China, por exemplo, enfrente a pior seca dos últimos 60 anos principalmente na região Nordeste do país.
Esses efeitos podem trazer consequências negativas na produção agrícola dos países da Ásia e Europa. Nesta semana a divisão de meteorologia agrícola da Comissão Europeia de Monitoramento de Recursos Agrícolas (MARS) reduziu em 9% a estimativa de produção de grãos para a Europa.