Cooperados depositam volume histórico na Cooxupé: 8,1 milhões de sacas em 2020

SÃO PAULO (Reuters) - A Cooxupé registrou um recebimento recorde de 8,1 milhões de sacas de 60 kg de café arábica em 2020, volume que supera com alguma folga conforme as expectativas da maior cooperativa de cafeicultores do Brasil para a temporada.

Mesmo em um ano de alta no ciclo de produção bienal do arábica, a Cooxupé esperava receber até 7,81 milhões de sacas, segundo projeções de setembro. No início do ano, a previsão era ainda menor, de 7,1 milhões de sacas.

O volume anunciado indica um aumento de quase 60% ante o total registrado em 2019, ano de baixa da safra do arábica, quando uma cooperativa completa 5,1 milhões de sacas.

Em comunicado publicado nesta quinta-feira, a cooperativa disse que o recebimento de café proveniente dos cooperados próprios ficou 1,1 milhão de sacas acima das expectativas iniciais, que eram de 5,6 milhões de sacas, diante de uma produção de 10,3 milhões.

"Se a Cooxupé fosse um país produtor de café, 8,1 milhões de sacas nos colocariam em quinto lugar no mundo todo", afirmou o presidente da cooperativa, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, informando que o resultado reflete uma "relação de confiança "entre a entidade e os cooperados.

Ele destacou ainda que a comercialização ocorrida em linha com a entrada da commodity, o que faz com que 80% do volume reportado já esteja vendido e que, apesar do recebimento recorde, os estoques da cooperativa não utilizados elevados.

"Os estoques da Cooxupé não estão altos nem mesmo com esta quantidade aproximadamente recebimento. Recebemos muito, mas comercializamos muito também", disse Melo, ressaltando o atendimento à demanda dos clientes internacionais.

Até o momento deste ano, a Cooxupé embarcou 5.097 milhões de sacas para os mercados brasileiro e internacional, segundo a cooperativa, que atua no Sul e Cerrado de Minas Geral e na média mogiana paulista.

O volume cobrado pela Cooxupé em 2020 representa mais de 17% de toda a safra de café arábica do Brasil no ano, estimada de setembro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 47,4 milhões de sacas.

 Participação maior é resultado da "relação de confiança" entre a entidade e cooperados 

Em entrevista ao Notícias Agrícolas, nesta quinta-feira (3), o presidente da Cooperativa Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, divulgou os números finais da safra 2020. Ressaltou ainda que a participação efetiva dos cooperados permitiu que, apesar de um ano desafiador, 2020 tenha sido histórico para o café. 

"O fortalecimento da relação entre Cooxupé e cooperados é um trabalho que a Cooxupé vem desenvolvendo ao longo dos anos e estamos colhendo com muita alegria os resultados deste trabalho. A confiança é a base de tudo. Nosso produtor está mais próximo, confia e acredita na Cooxupé. Esta minha afirmação tem como base o aumento da participação dos cooperados junto à Cooxupé nos últimos anos e o reflexo disto vem nos resultados que estamos conquistando. Este ano, por exemplo, dentre as nossas conquistas, batemos recorde de recebimento de café. 

Foi um ano que, por conta da pandemia, chegou cheio de desafios e incertezas, mas nosso balanço é que para a Cooxupé foi um ano de importantes resultados e conquistas. Tudo isto porque os cooperados se mantiveram confiantes na Cooxupé; colaboradores comprometidos e dedicados; e parceiros e prestadores de serviços empenhados em continuar seus atendimentos ao produtor mesmo de maneira adaptada ao longo do ano", destacou. 

Entrega de 8 milhões

Em 2020, batemos recorde de recebimento de café e estamos muito felizes por isso. A cooperativa recebeu 8.1 milhões de sacas de café arábica, o maior recebimento de toda história. Deste total, 6,7 milhões de sacas vieram dos cooperados, ultrapassando em 1,1 milhão as expectativas iniciais da Cooxupé, que era receber somente dos associados 5,6 mi. Este cenário nos mostra o quanto nosso cooperado está próximo e aumentando a sua participação na Cooxupé. O que significa dizer que o nosso trabalho diretamente com o produtor está gerando resultados. 

Outra boa notícia é que 80% dos cafés recebidos já foram comercializados por bons preços do mercado. O produtor está atento: aproveitando os bons momentos do mercado e está dormindo mais tranquilo depositando o seu café na Cooxupé. Recebemos muito e comercializamos muito café em 2020, o que podemos ainda afirmar que os estoques dos cooperados não estão altos.   

Metas alcançadas

Em 2020 a Cooxupé também compõe em seu balanço outras metas alcançadas mesmo durante o ano pandêmico. Precisamos, claro, nos adaptar a muitas situações, adiar eventos, mas o que quero destacar aqui é a colheita. 
A pandemia chegou bem neste momento, que sem dúvidas é o mais importante para o produtor. Todos nós nos adaptamos, principalmente em relação à mão-de-obra na lavoura e a Cooxupé chega até este momento de 2020 sem registros de casos de Covid-19 nas propriedades. Isto sem dúvidas é reflexo de uma intensa comunicação e aproximação com o cooperado, que seguiu nossas recomendações e as orientações passadas pelas entidades do setor e pelas autoridades em saúde. 

A safra em si também nos surpreendeu com a qualidade. Tivemos uma colheita de altíssima qualidade, com bom rendimento do fruto. Isto é uma combinação do comportamento do produtor em praticar manejos adequados e também do clima, que até o mês de setembro favoreceu as lavouras cafeeiras com chuvas nos momentos oportunos e tempo mais seco durante a colheita. Ao todo, tivemos 80,9%do café classificado como fino em 2020. 
Aproveito aqui, já que estamos falando de qualidade, para falar do nosso Programa Especialíssimo. Selecionamos os melhores 50 lotes e fizemos uma premiação em outubro no total de R$ 229 mil. 

Exportações

Os embarques foram uma preocupação para nós da cooperativa com a chegada da pandemia, mas com o funcionamento do Porto de Santos conseguimos executar nossas atividades sem transtornos. Vale lembrar que 80% das atividades da Cooxupé correspondem às exportações. Até o momento embarcamos para os mercados brasileiro e internacional 5.097 milhões de sacas, já batendo a nossa meta de exportação que era de 5 milhões de sacas.  

Cenário do clima

De outubro para cá, o clima infelizmente não tem feito o seu papel sobre as lavouras cafeeiras e estamos muito preocupados com o comportamento climático que resume em: falta de água no solo (déficit hídrico) e exposição da planta a altas temperaturas. Esta condição já nos mostra uma realidade mais delicada que enfrentaremos em 2021: a primeira é a safra ser de ciclo baixo. A segunda é a perda de produção devido ao clima. Não temos condições de quantificar esta perda em nossa área de atuação, pois isso será possível a partir dos meses de janeiro e fevereiro. 
Os desafios são muitos e precisamos estar preparados.  

2021

O que quero ponderar aqui é que 2021 será um ano de grandes responsabilidades para a Cooxupé, principalmente pela realidade que está se desenhando devido ao clima. fMas ao nosso cooperado quero reforçar que a cooperativa sempre estudará as melhores possibilidades e alternativas para a Cooxupé e o produtor enfrentarem os desafios JUNTOS e sermos impactados da menor forma possível. É preciso estar unidos e confiantes, assim os bons resultados virão.