Chuvica no Sul de Minas não recupera o déficit hídrico das lavouras de café
Éder Ribeiro, engenheiro agrônomo da Unidade de Geoprocessamento da Cooxupé, destacou ao Notícias Agrícolas que as chuvas que chegaram na região Sudeste ao final de julho e início de agosto amenizaram a situação do ambiente, mas não foram tão efetivas para os cafezais do Sul de Minas.
O armazenamento de água no solo segue baixo desde abril, quando a temperatura alta favoreceu a evaporação. Desta forma, os resultados são bem inferiores aos colhidos em 2016 e 2017.
Em todos os municípios, os volumes não atingiram quantidade necessária para a abertura da florada. As gemas ainda não estão prontas, como ressalta Ribeiro.
Por enquanto, não é possível cravar que as plantas irão sofrer alguns danos, mas novos volumes devem chegar rapidamente para recompor a situação.
Procafé: Boa qualidade do café nessa safra sinaliza perda de produtividade na próxima
As condições climáticas que ocorrem nas regiões cafeeiras podem influir tanto na produtividade como na qualidade dos cafés produzidos.
Na safra agrícola 2017/18 a produtividade e, consequentemente, o volume de café produzido se encontra em ciclo de alta, na maioria das lavouras. A qualidade do café agora colhido, essa safra, também vem muito boa, mesmo em regiões onde o café costuma fermentar no pé e beber riado/rio, neste ano a qualidade melhorou muito, pois o clima, nessa época de colheita, está se mostrando muito seco. Com baixa umidade os frutos maduros quase não fermentam secando rapidamente, favorecendo sua qualidade de bebida,
Por outro lado, a estiagem que começou a causar stress hídrico muito cedo, já em abril-maio, e que se prolonga, nas principais regiões cafeeiras do centro-sul, já sinaliza, pela elevada desfolha das plantas, uma perspectiva de perda de produtividade na safra futura, de 2019. Essas perdas prováveis, por efeito climático vão se somar àquelas previstas pela dominância do ciclo bienal de safra baixa em 2019, tendo em vista o ciclo de alta ocorrido na safra de 2018.
Também o ciclo de baixa em 2019, que já indicava o maior uso de poda no pós-colheita de 2018, com o emprego do esqueletamento/desponte, para zerar a safra seguinte, vai ter o uso ampliado desse tipo de poda, devido à desfolha adicional pelo stress hídrico.
Veja-se o exemplo de balanço hídrico em Varginha, que representa, em boa parte, a região Sul de MG, principal produtora de café arábica no país. De julho de 2017 a junho de 2018 choveu apenas 1100 mm, quando o normal histórico é de uma chuva anual de 1436 mm, portanto 24 % a menos neste último ano (ver tabela 1). Agora, em fins de julho, já se acumula um déficit de água de cerca de 100 mm, restando, ainda, pelo menos, mais 2-3 meses normais de pouca chuva, podendo, nessa condição, acumular déficit de 220- 300 mm até fins de setembro ou outubro/18.
Daí justifica-se o título dessa matéria. O clima que facilita a qualidade do café tende a reduzir a produtividade na safra seguinte.
Ainda é cedo para fazer previsões de prováveis perdas globais na safra cafeeira futura, em 2019, mas, pelo que vem acontecendo, o mínimo de redução provável, em relação à safra atual, seria de cerca de 10 milhões de sacas a menos. Uma maior redução dependerá da retomada das chuvas, se tardiamente ou mais cedo, em outubro/novembro ou em setembro. Por enquanto, as previsões existentes são de chuvas esparsas e fracas, que podem ocorrer na região cafeeira, que não mudam a situação nestes próximos meses.
Finalmente, resta esclarecer o por que destacamos o efeito da desfolha das plantas por stress, seja por carga alta ou por déficit de água. Isto se deve a que a grande parte das reservas dos cafeeiros, aquelas imprescindíveis ao pegamento da florada e à frutificação das plantas está concentrada na sua folhagem remanescente no pós-colheita.
Bolsa de Nova York tem queda de mais de 100 pts nesta 5ª feira e setembro/18 fica abaixo de US$ 1,07/lb
As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerraram a sessão desta quinta-feira (02) com queda de mais de 100 pontos. As chuvas e o otimismo com a safra 2018/19 do Brasil, maior produtor e exportador do grão, voltaram a dar pressão ao mercado externo. O câmbio também contribuiu para as perdas.
O contrato setembro/18 encerrou o dia com queda de 115 pontos, a 106,90 cents/lb e dezembro/18 anotou 110,25 cents/lb com recuo de 105 pontos. Já o vencimento março/19 registrou 113,80 cents/lb com 105 de desvalorização, enquanto o maio/18 fechou a sessão com 100 pontos de recuo, a 116,25 cents/lb.
"Os futuros em Nova York ainda estão testando a baixa, e parece que ela pode se estabelecer desta vez já que a colheita do Brasil deve ser encerrada logo mais e a pressão dos produtores sobre o mercado deve ser menor", disse em relatório o analista e vice-presidente da Price Futures, Jack Scoville.
A colheita do café nesta temporada continua no país. Segundo levantamento da Cooxupé (Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé), os trabalhos dos cooperados alcançaram 65,12% do total até 27 de julho, ante 55,73% na semana anterior. Apesar do avanço por conta do tempo seco, a colheita segue atrasada no país.
Essa já é a terceira queda consecutiva no mercado externo com operadores em atenção ao Brasil. E, nesta quinta-feira, no entanto, o câmbio também contribuiu para as perdas. Apesar de fechar o dia com recuo de 0,06%, a R$ 3,7566 na venda, a moeda chegou a testar máxima de R$ 3,7828. A divisa mais alta tende a encorajar as exportações.
"Havia expectativa de diálogo mais acelerado (entre EUA e China) e tudo indica que isso não vem acontecendo. Está sendo muito lento e de forma não equilibrada", disse para a Reuters o analista da corretora Guide Rafael Passos.
Mercado interno
Os negócios com café seguem isolados no mercado brasileiro. "As cotações internas da variedade têm sido pressionadas pelo recuo no mercado externo, cenário que afasta principalmente vendedores do mercado, reduzindo a liquidez interna", disse o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP).
O café tipo cereja descascado registrou maior valor de negociação em Franca (SP) com saca a R$ 480,00 – estável. A maior variação no dia dentre as praças ocorreu em Guaxupé (MG) com recuo de 2,13% e saca a R$ 460,00.
O tipo 4/5 registrou maior valor de negociação em Franca (SP) com saca cotada a R$ 455,00 e alta de 1,11%. a maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Poços de Caldas (MG) com queda de 2,24% e saca a R$ 436,00.
O tipo 6 duro anotou maior valor de negociação em Araguari (MG) com saca a R$ 445,00 – estável. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Poços de Caldas (MG) com queda de 2,27% e saca a R$ 430,00.
Na quarta-feira (1º), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 430,02 e queda de 0,74%.
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Cotações do arábica reagem em ajustes nesta manhã de 6ª feira na Bolsa de Nova York
Os contratos futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) operam com leve alta nesta manhã de sexta-feira (03). O mercado externo passa por ajustes técnicos e se recupera de parte das perdas recentes em meio ao otimismo com a safra 2018/19 do Brasil, maior produtor e exportador do grão no mundo.
Por volta das 09h26 (horário de Brasília), o contrato setembro/18 registrava alta de 70 pontos, a 107,40 cents/lb, enquanto o dezembro/18 anotava 110,70 cents/lb com avanço de 60 pontos. Já o vencimento março/19 subia 65 pontos, a 114,30 cents/lb e o maio/19 tinha valorização 55 pontos, a 116,65 cents/lb.
No Brasil, no último fechamento, o tipo 6 duro era negociado a R$ 430,00 a saca de 60 kg em Espírito Santo do Pinhal (SP), em Guaxupé (MG) os preços estavam cotados a R$ 425,00 a saca e em Poços de Caldas (MG) estavam valendo R$ 430,00 a saca.