Café: expectativa de safra cheia no Brasil e compradores estocados, regulando a demanda, deixam mercado sem força para reagir
O mercado do café não consegue sair do patamar dos 120 cents/lb. A safra brasileira, aparentemente, já estaria precificada e o mercado não possui força de reação no momento. É o que destaca Gil Carlos Barabach, analista de mercado da Safras & Mercado.
Além da sombra da safra recorde no Brasil, os preços também são influenciados por uma demanda curta que não dá espaço para o avanço dos preços. A Safras & Mercado trabalha com uma estimativa de 60,2 milhões de sacas para a safra de café brasileira, número que cresceu, especialmente, pela recuperação da safra de conilon. As condições climáticas também melhoraram, o que fez com que a produção reagisse - cenário ideal para a recuperação de estoques brasileiros.
A postura da demanda, advinda de anos anteriores nos quais o Brasil exportou volume recorde de café, é decorrente de compradores mundiais com estoques mais altos do que o normal, limitando suas presenças no mercado.
Para Barabach, ainda existe o risco de os preços cairem um pouco mais. Além de tudo, a dinâmica da comercialização também é um fator que se soma a isso. Do lado dos produtores brasileiros, a necessidade de caixa resulta em uma maior oferta de café, o que joga contra os preços.
Nas regiões mais tradicionais do Brasil, 30% a 40% da safra é vendida antes da colheita. Ainda não se possui um número exato da situação atual da comercialização, mas a impressão que o mercado passa é essa, como avalia o analista.
Ele aconselha os produtores a evitarem a venda "na boca da safra", se protegendo desse momento para evitar a vulnerabilidade. Uma mudança de cenário só é provável caso haja uma condição desfavorável para o Brasil.