Semana começa com registro de negócios a R$ 200,00/@ em SP; valor ainda não é referência mas sinaliza mudança nos frigoríficos
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Mercado do boi gordo - Entrevista com Douglas Coelho - Sócio da Radar Investimentos
Após uma mês de janeiro frio para os negócios, o mercado do boi gordo começa a demonstrar reação para o mês de fevereiro, com alguns contratos em São Paulo ocorrendo no patamar de R$ 200. Ainda que o valor não seja referência para o mercado, essas negociações demonstram as necessidades da indústria, que vinham com menor número de abates nos últimos dias.
O início do ano letivo nas escolas e universidades também é um fator que deve elevar a demanda interna. No atacado, por exemplo, no início de janeiro os preços caíram e se mantiveram estáveis após o dia 20, com retomada de alta nos últimos dias.
É esperada também uma retomada nas exportações, com China voltando ao mercado após a paralisação de um longo feriado e do avanço do coronavírus. O país está implementando uma política de diminuir o consumo de animais exóticos, o que irá demandar proteínas de qualidade, especialmente de suínos e aves.
Exportações de carne bovina em janeiro fecham acima das expectativas + Gripe aviária em Israel (Radar Investimentos)
O volume das exportações de carne bovina in natura em janeiro superou as estimativas.
Mesmo com a ligeira queda mensal de preços do produto, seja em dólares (-2,5%) ou reais por tonelada (-1,5%), a comparação anual das cotações mostra firmeza dos preços em patamares elevados (última coluna da tabela abaixo).
Após um mês com fluxo de notícias intenso, que vai de tensões geopolíticas entre Irã x EUA, incêndios na Austrália e o surto da coronavírus, o real teve desvalorização em relação ao dólar. Isto deixa o produto brasileiro mais competitivo no mercado externo.
Pelo lado dos fundamentos, historicamente, a relação comercial entre o Brasil e a China para proteínas de origem animal (bovina, suína e de aves) nunca esteve tão sólida.
Exportações de carne bovina in natura do Brasil em jan/20. |
|||||||
jan/20 |
consolidado |
estimativa |
var. (%) |
dez/19 |
MoM% |
jan/19 |
YoY % |
Volume (mil t) |
117,0 |
110,2 |
6,1% |
148,8 |
-21,4% |
102,4 |
14,2% |
Preço médio (USD/t) |
4.923 |
- |
- |
5.050 |
-2,52% |
3.749 |
31,31% |
Preço médio (R$/t) |
20.433 |
- |
- |
20.754 |
-1,55% |
14.567 |
40,27% |
Fonte: MDIC / Radar Investimentos |
Exportações brasileiras de carne bovina in natura, em mil toneladas.
Fonte: MDIC / Radar Investimentos
Frigoríficos sobem com possível aumento de exportação para a China
São Paulo – As ações dos frigoríficos subiam, nesta segunda-feira (3), após o ministro do Comércio da afirmar à que pretende aumentar as importações de carne bovina e suína. O objetivo seria estabilizar a oferta doméstica, que vem inflando o preço do produto desde o ano passado, quando a peste suína exterminou rebanhos chineses.
Na primeira metade de janeiro, o país asiático importou 310 mil toneladas de carne – quantia 275% acima da registrada no mesmo período de 2019.
No radar dos investidores, também está o surto de gripe aviária (H5N1) na província de Hunan, que, neste fim de semana, matou 4,5 mil das 7.850 aves de uma propriedade rural. Para tentar conter o vírus, o governo abateu cerca de 10 mil aves. No início do ano, casos da doença já haviam sido reportados no estado de Chhattisgarh, na Índia.
Na máxima desta segunda, as ações da , e chegaram a subir 5,99%, 3,70% e 3,01%, respectivamente. Às 16h, BRF, JBS e Marfrig tinham respectivas altas de 3,83%, 2,94% e 1,91%. Em 2019, os papéis do setor tiveram forte apreciação puxada, principalmente, pela maior exportação para a China.
Com a escassez de oferta, a carne foi o item que mais pressionou a inflação chinesa, que no ano passado foi de 4,5% – a maior em 8 anos. “Apesar deles [chineses] estarem tentando reduzir preços de commodities, com a carne vai ser mais complicado”, comentou Pedro Galdi, analista da Mirae Asset.
Na semana passada, executivos da BRF e JBS afirmaram que o coronavírus pode impulsionar ainda mais as exportações de carne para a China, com os consumidores mais preocupados sobre a segurança alimentar.