Boi a pasto no norte de GO já reduziu, mas quem tem animais está encontrando dificuldades para vender. Apenas JBS compra a prazo
Romildo Machadinho, pecuarista de São Miguel do Araguaia (GO), conta que, assim como em todo o país, a situação da pecuária no estado é crítica. Até hoje, o governador tem apenas uma promessa em haver uma redução do ICMS, enquanto outros estados já reduziram essa alíquota.
Há poucos animais no pasto, mas aqueles que existem vão ter que sair por conta do preço. Neste ano, houve uma baixa da temperatura e os ventos começaram muito cedo, secando a pastagem.
Ele acredita que, por conta da crise do setor, o ânimo do produtor para confinar gado neste ano vai estar menor.
Após o dia 17 de maio, com a delação da JBS, o frigorífico vive uma crise de confiabilidade perante ao setor. Os produtores gostariam de vender somente a vista, mas o JBS só compra a prazo - porém, como eles detêm uma grande parte do mercado, os outros frigoríficos formam uma escala muito grande, não conseguindo absorver aquilo que seria vendido pelo frigorífico.
A região é bastante dependente do JBS, por conta da distância dos outros frigoríficos, como conta Machadinho. Há uma promessa do Marfrig de voltar a operar a planta de Pirenópolis (GO), o que "seria um alento para todo o Vale do Araguaia". Estima-se que esse frigorífico começará a operar apenas na segunda semana de junho.
Os pecuaristas resistem até onde podem, mas alguns entregam seu gado para o JBS. Até o momento, não há problemas relacionados ao pagamento, já que os compromissos são honrados pelo frigorífico, mas a crise de confiança assusta os produtores.
Machadinho, dentro de 90 a 110 dias, terá boi gordo saindo do confinamento, enquanto o pasto já está encerrado. Ele destaca que a operação Carne Fraca trouxe preços mais baixos, "acabando com a confiabilidade do nosso produto". As últimas fêmeas comercializadas por ele sairam a R$114/@ a vista, descontando o Funrural. O boi está sendo comercializado a R$120/@, enquanto a arroba deveria estar entre R$130/@ a R$135/@ para os produtores sairem da crise.