Com arroba em queda, produtor reduz gastos com recuperação de pastagens e novas tecnologias e compromete futuro da atividade
A paralisação dos abates na unidade da JBS, em Juína (MT), tem preocupado os pecuaristas da região. O município possui rebanho aproximado de 600 mil cabeças, contando apenas com dois frigoríficos nas proximidades.
O diretor da Famato e presidente do sindicado de Juína (MT), José Lino, conta que os pecuaristas estavam fora das vendas por estratégia de promover melhora nas cotações. Porém, a ausência dos compradores acaba pressionando ainda mais os preços e achatando a margem de rentabilidade dos produtores.
Como alternativa, os pecuaristas "estão preferindo vender o boi magro ou bezerro, para confinamentos no médio norte do Estado", diz Lino. Segundo o presidente, o abate médio diário saiu de 1200 cabeças, para 700 nos últimos meses.
Além dos reflexos da operação Carne Fraca, da Polícia Federal, na demanda interna e externa, desde o ano passado o consumo de carnes pela população brasileira vem caindo, motivando ajuste produtivo das indústrias.
Esse cenário também reflete no nível de investimento das propriedades. De acordo com Lino nos últimos seis meses o produtor reduziu os gastos com recuperação de pastagens e novas tecnologias. "A preocupação é com o futuro, onde poderá acarretar em atrasos de produção e melhoramento", pontua.
Além disso, a população do município está apreensiva com a decisão de férias coletivas e, por quanto tempo esse cenário irá se estender. Em Juína 80% da população tem renda ligada a atividade pecuária, direta ou indiretamente.