Queda de braços entre oferta e demanda continua e arroba do boi tem pouco espaço para novos preços
O mercado do boi gordo enfrenta um momento de "queda de braço" entre a oferta e a demanda, como aponta Mariane Crespolini, pesquisadora do Cepea. O momento é de oferta reduzida por conta da entressafra, mas a indústria, para segurar as altas, tem mantido escala pelos contratos a termo e buscando os animais restantes fora de São Paulo.
Este movimento faz com que a arroba no estado de São Paulo gire em torno de R$151 a R$152, enquanto outras regiões, como Rio Verde (GO) e Três Lagoas (MS), tenham altas acima de 4% nos preços.
Na segunda quinzena, entretanto, houve um interesse menor da indústria em procurar animais. De acordo com Mariane, isso tem a ver com uma demanda fraca, com o preço da carne em alta. "A carcaça estava superando o preço da arroba e muita gente interpretou como volta do consumo, mas isso era resultado de um baixo estoque de carne no mercado. Nas últimas semanas, esse diferencial tem voltado a ficar mais estreito e as demandas não têm sustentado os preços da carne", destaca.
Uma ligeira melhora da demanda é esperada para o final do ano, mas em virtude da maior crise econômica dos últimos 70 anos, este movimento "não é nada que possa mudar muito o cenário atual de preços", como lembra a pesquisadora.
O importante para este momento é que os produtores alinhem as suas expectativas de ganho. "Não tem que olhar apenas para o preço final, mas olhar para a margem e trabalhar nesse risco", aconselha Mariane. Ela lembra que a arroba teve uma corrosão muito expressiva do preços desde abril e que, para quem fez uma boa comercialização dos insumos para o confinamento, a conta ainda fecha.