Negociações para exportação de carne bovina aos EUA avançam com vinda de missão ao Brasil. Mas aprovação ainda esbarra em questões políticas
O Brasil e os Estados Unidos retomaram as negociações para o comércio de carne bovina in natura. Segundo embaixadora norte-americana, Liliana Ayalde, uma missão virá ao país em novembro para iniciar as inspeções que são consideradas um passo importante para a abertura efetiva do mercado ao produto brasileiro.
Apesar dos elogios da embaixadora quando a proposta brasileira de criação de um grupo de trabalho para melhorar a avaliação de riscos sanitários e fitossanitários nas Américas, o diretor técnico da Informa Economics FNP, José Vicente Ferraz, afirma que a liberação do comércio de carne deve embarrar em questões políticas internas dos EUA.
"Os produtores norte-americanos tem consciência de que a carne bovina brasileira é muito competitiva e tem condições de penetrar no mercado americano, o que certamente traria algum prejuízo para eles", explica Ferraz.
A exemplo do que aconteceu com a liberação do suco de laranja brasileiro, a carne bovina 'in natura' enfrentará grandes dificuldades para conquistar o mercado norte-americano, mas Ferraz considera que a liberação, mesmo que demorada, deve acontecer.
Em se consolidando esse mercado, a tendência é que as exportações brasileiras tenham uma elevação significativa. Além disso, os Estados Unidos tem uma peculiaridade que "por habito alimentar eles consomem muito mais carne de dianteiro - que é usada em industrializados - do que de traseiro, ao contrário de praticamente todo o resto do mundo", destaca o diretor.
Diante desse cenário, a abertura do comércio com os EUA deve escoar o sobra de produto dianteiro que tem mais dificuldade para ser exportado. Outro fator positivo é que os Estados Unidos, por terem padrões rigorosos fitossanitários, servem de referência para os outros países realizarem suas relações comerciais. Por isso, "abrir o mercado americano, também possibilitará a abertura de outros mercados interessantes para o Brasil", considera Ferraz.
Exportações
Desde o inicio deste ano, as exportações de carne bovina 'in natura' estavam bem abaixo dos volumes embarcados no mesmo período do ano passado. No entanto, com a subida do dólar as vendas externas começaram a mostrar uma recuperação a partir de setembro.
Em outubro, até a terceira semana, o volume de carne bovina in natura embarcado foi de 5,29 mil toneladas por dia, que equivale a 15,8% mais que o volume vendido diariamente em setembro, e 7,3% mais que em outubro do ano passado.
"A tendência é que tenhamos volumes crescentes das exportações até o inicio do próximo ano", considera o diretor.