Possibilidades do setor sucroenergético brasileiro e a importância do etanol no futuro do planeta

Publicado em 20/12/2021 19:15 e atualizado em 21/12/2021 15:30
O Conexão Campo Cidade da última segunda-feira (20) recebeu Ricardo Mussa, CEO da Raízen, que falou sobre a produção de açúcar e etanol no Brasil e a relevância do biocombustível no cumprimento das metas mundiais de sustentabilidade
Conexão Campo Cidade

O agronegócio e os setores urbanos estão intrinsecamente conectados, já que as cadeias produtivas de alimentos influenciam diretamente no cotidiano das cidades. Porém, muitos ruídos de comunicação entre as duas pontas geram discussões e desentendimentos que merecem atenção. Nesse contexto, o site Notícias Agrícolas e a consultoria MPrado desenvolveram o projeto Conexão Campo e Cidade, que visa debater diversas questões relacionadas aos negócios que envolvem os ambientes urbanos e rurais.

Confira aqui todas as edições do Conexão Campo Cidade

No programa da última segunda-feira (20) esteve em foco a discussão sobre o setor sucroenergético brasileiro e a importância do etanol para cumprimento das medidas de sustentabilidade. Para falar sobre esse assunto, o Conexão Campo Cidade recebeu Ricardo Mussa, CEO da Raízen, a 4ª maior empresa em faturamento e a 2ª maior distribuidora de combustíveis do Brasil.

 

Importância do etanol para as medidas descarbonização

A primeira questão do programa foi levanta por José Luiz Tejon, acerca do programa nacional RenovaBio, cujo objetivo é o estabelecimento de metas nacionais anuais de descarbonização para o setor de combustíveis, de forma a incentivar o aumento da produção e da participação de biocombustíveis na matriz energética de transportes do país.

Mussa afirmou que o programa ainda tem dimensão pequena, mas está funcionando ele. Segundo ele, os impactos mais relevantes serão percebidos a partir de 2023 e 2024. “A logística por trás dele é muito interessante. O modelo funciona, funcionou bem desde o ano passado”. Ele afirmou ainda que haverá impacto positivo até mesmo para o açúcar.

 

Açúcar brasileiro: a discrepância da relação entre qualidade e preço

Em relação ao açúcar, Mussa declarou que sempre quando o mundo precisa consumir mais do adoçante, o Brasil reduz a produção de etanol e passa a exportar mais açúcar. Isso é uma das causas que provocam a depreciação do preço da commoditie para os produtores nacionais.

Conforme observou o CEO, o Brasil tem o açúcar de melhor qualidade de todo o mundo, porém que possui o menor preço. Segundo ele, o principal fator para que isso ocorra é a falta de organização no país.

À frente da Raízen, uma das estratégias adotadas por ele foi a ampliação da capacidade de armazenagem, a fim de conseguir segurar o açúcar para vender com preços mais altos. Grande parte dos produtores do Brasil precisam vender rapidamente a produção, pois não têm capacidade para armazenar, como afirmou o CEO.

 

Brasil à frente do mundo na sustentabilidade

Um dos pontos destacados por Ricardo Mussa é que o Brasil está muito à frente de outras nações em relação à emissão de gases poluentes. O etanol produzido a partir da cana-de-açúcar emite pouquíssimo carbono na produção e é um substituto importante para o combustível fóssil, mais eficiente até mesmo que as baterias elétricas para veículos, por exemplo.

Porém, como ressaltou o CEO, o Brasil tem uma dificuldade muito grande para demonstrar esse potencial ao mundo. Para ele, ocorre um problema relacionado com a imagem que o país passa para o restante do mundo e até mesmo a ideia que a própria população brasileira tem da produção nacional. Como afirmou, falta orgulho dos brasileiros em relação às iniciativas sustentáveis desenvolvidas no país.

 

Políticas sustentáveis como agregação de valor

Ainda em relação à sustentabilidade, Mussa citou que a Raízen conseguiu multiplicar por dezena de vezes o valor de seus produtos ao garantir certificados de sustentabilidade. Dessa maneira, a redução de emissões de poluentes é uma forma de dar valor agregado à produção agrícola, pois mais consumidores e países têm se preocupado em adquirir produtos que sigam as políticas de preservação do meio ambiente.

Um exemplo disso, a qual o CEO se referiu como o maior ganho da conferência climática COP 26, realizada neste ano na Escócia, é o mercado de carbono. E o fator mais importante que ele destacou é a possibilidade de realmente mensurar o quanto de CO2 pode ser sequestrado pelo solo, podendo reembolsar o produtor de forma exata pelas técnicas sustentáveis que ele conseguiu colocar em prática.

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