Lagarta do cartucho resistente ao Metomil acende alerta para a necessidade do rodízio de inseticidas
Há uma preocupação generalizada devido às últimas notícias de que a lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda) estaria apresentando resistência a alguns inseticidas disponíveis no mercado. Geraldo Papa, professor doutor da Unesp - Campus Ilha Solteira, destaca que essa praga, originária do milho, se alimenta de várias culturas e vem sendo selecionada pelo uso intenso de inseticidas para seu controle.
Com plantios sucessivos de soja, milho e algodão, essa praga se espalhou para as demais culturas nos últimos anos. Agora, ela vem sendo selecionada por alguns defensivos. Neste momento, a resistência mais preocupante é ao metomil, inseticida que "ajudou muito a agricultura, com custo acessível", como lembra Papa. Entretanto, falhas no controle começaram a ser detectadas. Anteriormente, os piretróides também vinham apresentando essa resistência.
Para o professor, a eficiência da aplicação tem que ser avaliada. Ele lembra que ainda há grupos ativos suficientes no mercado. Os princípios ativos mais novos, de última geração, são os que melhor funcionam para o combate à lagarta.
Ele aponta para a necessidade, portanto, de "retardar" o desenvolvimento da resistência recomendando um rodízio de mecanismo de ações, salientando que o Comitê de Ação à Resistência a Inseticidas (IRAC - https://www.irac-br.org/) mantém uma tabela sempre atualizada dos produtos que podem ser utilizados nessa rotação. Da parte das empresas, ele aconselha uma retirada dos produtos que apresentam resistência por algumas safras nas regiões que contam com este problema. Essa ação, embora de forma tímida, já acontece em alguns casos.
Para quem possui cultivares Bt, também é necessário realizar o manejo de resistência nesses cultivares para impedir que a tecnologia não apresente uma total eficácia.
Um controle mal realizado da lagarta do cartucho traz danos sérios, com consequência direta na produtividade das plantas.