USDA de dezembro pode mexer na safra de soja da AMS e nas exportações de milho dos EUA, apontam especialistas

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) chega com seu novo - e último do ano - boletim mensal de oferta e demanda nesta sexta-feira, dia 9 de dezembro, e poucas mudanças são esperadas. O reporte deste mês costuma ser mais brando, porém, diante das surpresas reveladas ao longo de 2022, mais uma nova não é descartada para o derradeiro.

Para o analista líder de grãos do portal DTN The Progressive Farmer, Todd Hultman, os principais destaques deverão se dar sobre as estimativas das safras de grãos da América do Sul; de demanda nos Estados Unidos e de trigo no Hemisfério Norte. "E uma surpresa é sempre possível", diz. 

As condições de clima adverso trouxeram diversos problemas para as safras de trigo do Hemisfério Norte e, agora, o foco está sobre os quais podem ser sentidos na soja e no milho sul-americanos, em especial na Argentina e no sul do Brasil, onde uma intensa onda de calor leva as temperaturas a superarem os 40ºC, além da seca. 

"O USDA, provavelmente, irá manter a safra do Brasil em 152 milhões de toneladas, uma vez que as condições vinham favoráveis. No entanto, a seca na Argentina é um problema e ma preocupação, já que o plantio está mais lento do que o normal. E embora o departamento possa 'ignorar' o problema neste reporte de dezembro, há espaço para uma modesta correção para 49,5 milhões de toneladas", acredita Hultman. 

Sobre o milho, o analista destaca a possibilidade de uma revisão para baixo nas exportações norte-americanas frente ao bom momento do grão brasileiro. "Atualmente, o Brasil carrega uma vantagem de 8% nos preços para exportação". 

Recentemente, o Brasil deu início, finalmente, às suas exportações para a China e, com a guerra entre Rússia e Ucrânia ainda em curso, o mercado brasileiro se tornou uma alternativa bastante atrativa para os compradores internacionais. 

Abaixo, algumas expectativas detalhadas. 

ESTOQUES FINAIS EUA

Os estoques finais de soja dos Estados Unidos deverão ficar entre 5,85 e 8,06 milhões de toneladas, com média esperada de 6,42 milhões. Em novembro, os estoques americanos foram estimados em 5,99 milhões. 

Já os estoques de milho têm média esperada de 31,52 milhões de toneladas, em um intervalo de 29,59 a 34,29 milhões de toneladas. O reporte do mês passado apontou os estoques em 30,02 milhões de toneladas. 

O mercado espera ainda os estoques finais de trigo variando entre 15 e 16,38 milhões de toneladas, com média de 15,73 milhões. Há um mês, o número foi de 15,54 milhões. 

ESTOQUES FINAIS GLOBAIS 2022/23

Os estoques finais globais de soja 2022/23 são esperados em um intervalo de 98,5 a 106,3 milhões de toneladas, com média de 102,2 milhões. A média está alinhada com o número de novembro. 

As projeções para os estoques mundiais de milho são de 297 a 304 milhões de toneladas, com média de 300,9 milhões de toneladas e frente ao número de novembro de 300,8 milhões. 

O mercado espera algo entre 262,5 e 269,5 milhões de toneladas para os estoques finais de trigo, contra 267,8 milhões de novembro. A média esperada é de 267 milhões.